Jéssica 05/08/2020
Machismo, racismo e gordofobia.
" Por favor, faça com que ela tenha transado com alguém para alcançar essa posição. Ninguém merece ser tão bonita e também inteligente " Esse trecho foi copiado tal como está no livro.
Temos aqui um machismo, que senhoras e senhores, me embrulhou o estômago. Para começar, nossa protagonista, antes de perder a memória, era a única mulher no grande posto de líder ali. Ela era descrita como muito tímida, que gritava e tremia se simplesmente algum homem falasse mais alto com ela. Fora isso, seu próprio tom de voz era sempre muito baixo, vomitava em todas as cenas onde houvesse qualquer violência e se contentava em ser boa com livros e número, recusando-se a usar de sua habilidade de controlar o corpo dos outros ( habilidade que teria muito impacto. Poderia causar até mesmo dor nos demais). Sobe de posto dentro da organização por se utilizar de uma eficácia em organização perfeita de tudo que é entregue a ela. Diversas vezes nas memórias dela e até mesmo outros personagens tratando a nova hospedeira, a vemos ser tratada mal e humilhada, inclusive por um adolescente arrogante. Essa é a única mulher em alto posto dentro da organização, tirando a rainha, que praticamente não aparece.
A segunda mulher importante a aparecer vem de uma organização americana, uma mulher negra, dona de si mesma, imponente, belíssima e com um currículo de dar inveja ( conforme descrito pelo autor). Quando nossa personagem principal, a nova personalidade, olha para ela pela primeira vez ela fica chocada com todo o potencial daquela mulher, ela diz para si mesma " Por favor, faça com que ela tenha transado com alguém para alcançar essa posição. Ninguém merece ser tão bonita e também inteligente". Eu é que não mereço ter que ler isso. Nenhum outro homem desse livro é descrito dessa maneira e muitos deles são bem bonitos pela visão da personagem, curioso neh?
Fora isso, temos alguns outros pontos como quando ela vai a uma festa e sua empregada diz que ela está linda no vestido, pena que não tem um homem para acompanha-la... Ou mesmo no final do livro quando ela diz que agora tem tudo que deseja, porém sabe aquela mulher linda que mencionei ali acima que nossa personagem tem inveja? Essa mesma diz: agora tudo que você precisa é arranjar um namorado.
Ainda, percebemos que a única mulher negra é descrita daquela forma e é necessário que tenha transado com alguém de posto superior, sexualizando e inferiorizando-a tanto por ser mulher em alto posto quanto por ser negra, afinal a nossa personagem principal (branca) não tem nenhuma suposição de ter que ter transado com alguém para ter o posto que tem, já que ela fez por merecer por seu cérebro, como é dito no livro, mas a mulher negra precisa ter transado com alguém neh, me poupe! O outro personagem negro que aparece é um homem descrito como anoréxico e em posição de servente do grande homem branco da organização.
Para finalizar, percebemos que o autor tem uma necessidade em descrever o corpo das pessoas, principalmente quando essas pessoas são acima do peso e tem dificuldade até mesmo em passar pela porta, como ele mesmo faz questão de descrever. Ou então, por ter sobrepeso, são bem destrambelhados e não eficientes, mas sim ansiosos e inseguros, em alguns casos até mesmo fúteis se além de gordos forem mulheres.
Foi um PARTO terminar esse livro que me deu nojo, não vou continuar a leitura do segundo e me livrarei desse exemplar assim que possível! Em pleno 2012, quando foi escrito, encontrarmos esses pensamentos deploráveis em um livro só me diz que Daniel O´Malley precisa crescer e não apenas reavaliar seus conceitos sobre os demais, como principalmente reavaliar a si próprio.