Feliz451 12/01/2024
Quem Diabos São Tamtul e Magano?
A série o Espadachim de Carvão é uma que ouço falar a muito tempo na área de fantasia nacional. Junto com outros nomes como Raphael Draccon e Eduardo Spohr, Affonso Solano era um nome que sempre chegava aos meus ouvidos e admito que de início, desdenhei um pouco do mundo de Kurgala. Nessa edição em específico, os dois primeiros livros da série estão apresentados juntos, então nessa tenha irei falar de cada um deles separadamente.
O Espadachim de Carvão:
A leitura desse primeiro volume começou de forma muito confusa para mim. A narrativa já se início com o protagonista, Adapak, fugindo de algumas criaturas que por algum motivo querem matar ele e não é explicado o motivo disso. Ainda nessa introdução o protagonista fala de "círculos" que parecem guiar ele através da batalha, mas novamente, não é explicado o que eles são. E o livro vai seguindo esse ritmo, mostrando os acontecimentos do presente enquanto aos poucos, vai pincelando com o passado do protagonista unindo as duas partes da narrativa.
Devo dizer que até mais ou menos a parte em que Adapak foge da prisão reencontrando um amigo de infância, eu não estava entendendo muito bem as coisas que aconteciam. O mundo de Kurgala se tornou para mim difícil de se imaginar, pois ele está povoado por diversas criaturas diferentes que, com exceção das principais, tive muita dificuldade para imaginar. São tantos nomes diferentes sendo citados, tanta coisa sendo introduzida e de uma forma tão linear que por um bom tempo questionei a qualidade da construção de mundo. Ela é boa, não me entendam mal, mas creio que o livro iria conseguir alguns benefícios ao seu favor se tivesse mais alguma dezenas, ou até mesmo centena de páginas a mais.
Alguns capítulos no passado foram de certa forma desnecessários na minha opinião, como o que mostra o primeiro encontro de Adapak com um interesse amoroso. Não faz sentido para mim perder tempo com isso, sendo que mais a frente seríamos apresentados a outro interesse muito melhor desenvolvido. No geral, é um livro bem rápido e direto ao ponto depois que você se acostuma, com uma história simples mas contada de uma forma interessante e com ótimos conceitos originais por trás.
O final em si foi meio anti-climático na minha opinião, e é tudo muito apressado para se desenvolver dentro de um único capítulo. Por mais que, tanto o desfecho quanto as motivações do antagonista sejam boas, fica tudo tão apertado nesse fim que dá a impressão de que foi tudo fácil demais.
As Pontes de Puzur:
Esse aqui foi uma surpresa, tanto positivamente quanto negativamente. Para começar, somos apresentados a Puzur, um personagem que viveu centenas de anos antes de Adapak, tanto que até virou lenda, mas que tem uma ligação com o protagonista sendo inclusive citado no fim do volume anterior. E aqui, o foco é ele na maior parte do tempo.
No presente, a história de Adapak continua, mas sinto que poderíamos ter tido esses capítulos dele em um livro extra ou no começo de um terceiro livro do que aqui, já que eles não tem tanta conexão com os capítulos no passado. Sem grandes spoilers, mas os capítulos de Adapak são basicamente ele lendo em uma biblioteca, e nada de muito interessante acontece na maior parte deles. Claro que, sem eles o gancho para o próximo livro seria prejudicado, mas a história de Puzur e Lau seria ainda mais memorável.
Senti que o grande defeito do segundo volume, além da divisão entre os protagonistas (apesar de amarrar bem os dois) é a apresentação dos antagonistas. Fica tudo meio jogado e confuso, e se não fossem pelas páginas finais teriam feito com que eu fosse um pouco mais crítico em relação a história.
Elementos como o "suco" não são explicados com clareza conosco sabendo apenas que é algum tipo de droga. A justificativa para a mudança do Puzur que Adapak conhece e o verdadeiro e para a pergunta que fiz no título da resenha são muito bem explicadas pelo autor e foi algo que me agradou muito, e a conclusão das duas narrativas foram no ápice, com a do passado sendo a minha favorita, já que afinal: "Ninguém viaja tão rápido quanto Puzur".
Por fim, digo que Kurgala é um mundo único e fascinante para amantes da fantasia, com características próprias e bem estabelecidas e é muito bom ver uma história que me agradou tanto assim dentro do cenário nacional. No começo pode parecer confuso, como muitas fantasias, mas digo que vale sim a pena de se ler a série. O primeiro volume pode ser lido como uma coisa única, mas digo que é impossível ler o segundo e não ficar morrendo de vontade para saber como essa história acaba.