A Maldição do Olhar

A Maldição do Olhar Jorge Miguel Marinho




Resenhas - A Maldição do Olhar


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Antonio Luiz 08/04/2010

Espelho de vampiros oprimidos
"A Maldição do Olhar" conta a história de um adolescente que é também um vampiro e, por isso, não consegue se ver no espelho. Mesmo assim, há um espelho no guarda-roupa do quarto e ali ele encontra Alice, a do Lewis Carrol, também transformada em adolescente e ansiosa por escapar do País das Maravilhas que existe atrás do espelho e conhecer outras realidades.

É uma metáfora sobre amadurecimento, narcisismo e a descoberta do outro e do amor. Ao mesmo tempo, é uma história fantástica consistente nos termos do mundo que criou, no qual os vampiros morrem de medo dos humanos mortais, dos quais tentam se proteger com alho e crucifixos. Longe de serem os senhores das trevas, são uma minoria perseguida. Sua condição, genética e hereditária, enquanto proporciona uma relativa imortalidade, também os transforma em alvos de inveja e cobiça de humanos inescrupulosos, ansiosos por relíquias de vampiros assassinados que podem proporcionar rejuvenescimento e longevidade.

Não pertence propriamente ao gênero do terror, mas provavelmente é de assustar o professor tradicional, preocupado com selecionar o assunto apropriado e a maneira mais correta de apresentá-lo aos jovens e, mais ainda, com ensinar a interpretação certa da obra. É uma obra simples, mas aceita o risco, a dúvida e incerteza para propor questões estranhas e desafiantes para o leitor adolescente. Principalmente o que se enfastiou de livros didáticos travestidos em literatura infanto-juvenil e que parecem escritos por autores temerosos de que pais e mestres venham responsabilizá-lo pelo perigo de o jovem leitor vir a pensar por conta própria entre as páginas de seu livro.
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Marcela Pires 10/09/2013

Resenha A Maldição do Olhar
"A única falta que sentia era o encanto de fazer uma guirlanda de margaridas ou rosas azuis. Não pelo adereço que lhe dava uma aparência meio débil, mas pela alegria de escolher as flores e arrancar a beleza pela raiz. Lamentava que o coelho com olhos cor de rosa não se multiplicasse na esterilidade do sonho e só restasse dele um colete branco, um relógio quebrado, uma pata em forma de chaveiro que ela usava como fetiche nos últimos anos de vazio. Alice não suportava lembrar do passado e estava decidida a abandonar o fundo do espelho por mais que a vida fosse a maravilha das maravilhas naquele estranho país." p. 42

"A maldição do Olhar" conta a estória de Alê, um adolescente que não sabe ao certo se é vampiro ou se é um humano. Ele vive com o pai José Régio que é um vampiro decadente, que já perdeu todos os caninos por falta de dinheiro, trabalha num cartório e sonha em se aposentar em ir para a Aústria.
Alexandre também convive com a madrasta Elza por quem tem alguns sonhos levemente sensuais. Ela trabalha em um motel. Nem ela e nem Alê sabem se realmente são imortais. Porem uma onda de assassinatos contra vampiros os deixa em alerta, eles começam a andar com alho, água benta, estaca de prata...para se defenderem de qualquer potencial assassino.
Qualquer humano é suspeito já que eles correm enlouquecidamente atrás de uma fórmula que os deixem sempre jovens.

Dentro do quarto de Alê, mais precisamente dentro do guarda roupa, há um espelho... um espelho até então sem utilidade já que vampiros não conseguem ver sua imagem refletidas neles, porem dentro desse mágico objeto esta presa a Alice do País das Maravilhas.
Ela quer se ver livre daquele lugar maravilhoso, quer ver o que há do outro lado. Alê só consegue se ver através dos olhos de Alice, e aí surge uma bruma de Narcíso.
O livro em si é pequeno, são 120 páginas, mas ele é denso, forte e faz o leitor pensar.

Não tem apenas um mote, são vários, e cada leitor tem a possibilidade de se agarrar ao que mais se identificar. Existe o suspense em desvendar quem é o verdadeiro assassino, tem a dualidade do ser (meio Milan Kundera), tem a questão da descoberta do sexo, a descoberta do amor, a dúvida em ser feminino ou masculino.

É um livro juvenil, mas que pela linguagem, pelos simbolismos e pela série de interpretações que são possíveis através dele, acredito que vá atrair muito mais os adultos.

site: www.mulhericesecialtda.com
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Raquel 16/06/2012minha estante
A Alice era uma vampira? Tem certeza?

E vc gostou da história? Cadê sua opinião?




@APassional 17/10/2012

A Maldição do Olhar * Resenha por: Rosem Ferr * Arquivo Passional
Logo nas primeiras páginas já somos alertados sobre o percurso da viagem:

“ Olho minha face no espelho para saber quem sou”
Jorge Luís Borges

DE UM LADO, Alê, um vampiro adolescente em transição que não sabe se quer ser um imortal. O exemplo que tem em casa não é nada animador, lua após lua é estimulado por seus pais a dar a primeira mordida, no entanto teme os humanos, seu único amigo é o diário em que desabafa suas dúvidas e inquietações.

DO OUTRO LADO DO ESPELHO, Alice, farta do País das Maravilhas, quer voltar ao mundo real e através do espelho o observa, conhece seus segredos, espera que ele possa salvá-la.

Na trama criada pelo autor, os vampiros são vítimas, minoria e excluídos; os humanos são caçadores de imortalidade, juventude ou os agridem por puro tédio. No entanto, no decorrer da leitura percebemos o quanto esse mundo imaginário equipara-se com a atual violência urbana, e lógico que logo nos identificamos com as personagens.

Então touchée, temos que nos render, Jorge Miguel é expert em ganhar nossa confiança, neste caso, nos seduz com um misterioso assassino exterminador de vampiros, pega nossa mão e nos guia através de espelhos, somos Alice e Alê em sua jornada, sentimos suas dúvidas e angustias, porque também são as nossas, vibramos e torcemos por eles, nos apaixonamos, tememos, sonhamos.

As ilustrações, intercaladas ao texto, vinculam-se ao simbolismo da sexualidade, da dualidade, da integração dos opostos na individuação e contribuem na interação com o inconsciente do leitor.

“ELE OU ELA”

Durante a leitura somos surpreendidos pela alegoria da descoberta do eu, da sexualidade, do encontro do si mesmo através do reflexo do espelho.

“Mas eu não posso me ver daqui de fora.”
“E nem eu daqui de dentro.”
“Os espelhos parecem muito desumanos.”
“E são.”
“O que você esta fazendo aí dentro?”
“Esperando você me tirar daqui.”
“Eu?”

E como nosso protagonista é Alê, é no universo masculino da autodescoberta que iremos mergulhar, e aqui a presença do arquétipo de Narciso é brilhantemente desenvolvida, não significando que é o único presente na obra, Orpheu também será explorado bem como Eros na plenitude do amor realizado.

Apesar de tratar-se de um livro de literatura juvenil, creio que são os adultos que podem beneficiar-se do maravilhoso conteúdo, como uma espécie de check-up na redescoberta do “quem eu sou”, porque às vezes é em um pequeno livro que encontramos mais respostas do que em anos de psicanálise, esse é um desses pequenos “grandes” livros.

Belo, sensível, suavemente erótico, delicado, inesquecível.

Recomendadíssimo!
Rosem Ferr.

Resenha publicada no blog Arquivo Passional em 17/10/2012:

http://www.arquivopassional.com/2012/10/resenha-maldicao-do-olhar-de-jorge.html
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Rosem Ferr 09/12/2012

Um vampiro no país dos espelhos
Logo nas primeiras páginas já somos alertados sobre o percurso da viagem:

“ Olho minha face no espelho para saber quem sou”
Jorge Luís Borges

DE UM LADO, Alê, um vampiro adolescente em transição que não sabe se quer ser um imortal, o exemplo que tem em casa não é nada animador, lua após lua é estimulado por seus pais a dar a primeira mordida, no entanto teme os humanos, seu único amigo é o diário em que desabafa suas dúvidas e inquietações.
DO OUTRO LADO DO ESPELHO, Alice, farta do País das Maravilhas, quer voltar ao mundo real e através do espelho o observa, conhece seus segredos, espera que ele possa salva-la.
Na trama criada pelo autor, os vampiros são vítimas, minoria e excluídos; Os humanos são caçadores de imortalidade, juventude ou os agridem por puro tédio. No entanto, no decorrer da leitura percebemos o quanto esse mundo imaginário equipara-se com a atual violência urbana e, lógico que logo nos identificamos com as personagens.

Então touchee, temos que nos render, Jorge Miguel é expert em ganhar nossa confiança, neste caso, nos seduz com um misterioso assassino exterminador de vampiros, pega nossa mão e nos guia através de espelhos, somos Alice e Alê em sua jornada, sentimos suas dúvidas e angustias, porque também são as nossas, vibramos e torcemos por eles, nos apaixonamos, tememos, sonhamos.

As ilustrações, intercaladas ao texto, vinculam-se do ao simbolismo da sexualidade, da dualidade, da integração dos oposto na individuação e contribuem na interação com o inconsciente do leitor.

“ELE OU ELA”

Durante a leitura somos surpreendidos pela alegoria da descoberta do eu, da sexualidade, do encontro do si mesmo através do reflexo do espelho.

“Mas eu não posso me ver daqui de fora.”
“E nem eu daqui de dentro.”
“Os espelhos parecem muito desumanos.”
“E são.”
“O que você esta fazendo aí dentro?”
“Esperando você me tirar daqui.”
“Eu?”

E como nosso protagonista é Alê, é no universo masculino da autodescoberta que iremos mergulhar, e aqui a presença do arquétipo de Narciso é brilhantemente desenvolvida, não significando que é o único presente na obra, Orpheu também será explorado bem como Eros na plenitude do amor realizado.

Apesar de tratar-se de um livro de literatura juvenil, creio que são os adultos que podem beneficiar-se do maravilhoso conteúdo, como uma espécie de check-up na redescoberta do “ quem eu sou”, porque as vezes é em um pequeno livro que encontramos mais respostas do que em anos de psicanalise, esse é um desses pequenos “grandes” livros.

Belo, sensível, suavemente erótico, delicado, inesquecível.

Recomendadíssimo!

By Rosem Ferr.:.
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Ericka 06/06/2020

Impossível não se envolver com a história criada por Jorge Miguel Marinho, apegar-se ao casal protagonista e acompanhar incansavelmente a tentativa de resolver o mistério central do livro.
Não é uma história com respostas claras, mas sim que nos abre portas para diversas interpretações, alternando entre fantasia e realidade.
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