Rapudo 26/12/2014
Dificuldade de botar título em resenha
Tinha curiosidade a respeito do SVDM, justamente pela rápida transição do anonimato à beatificação de sua figura na mídia brasileira.
a princípio fiquei grilado com a isenção da autora, afinal, sua formação Yale & Harvard faz com que ela seja, aos meus olhos, uma voz da classe dominante mundial. Uma dica que eu daria a quem for pegar este livro, é ler os agradecimentos antes do livro. Faz uma boa figura, parece buscar a honestidade intelectual e seriedade na pesquisa. Curioso é que ela é atualmente embaixadora dos EUA na ONU. Hehehe, mas seu nome está envolvido com pautas de direitos humanos, gênero, LGBT além da identificação com os temas caros da biografia do SVDM tipo refugiados e genocídio. Obamista de primeira hora a autora.
Mas grilei quando ela descreve rapidamente o golpe militar, pintando com cores pastéis demais. Pensei eu: se eu discordo tanto da análise superficial que ela faz sobre um tema do qual conheço, como posso confiar naquilo que ela fala e que não conheço?
By the way, o SVDM era juventude lacerdista, que pela-saco!" Ele é um pelinha mesmo, mas com boas intenções. Filho de diplomata, elite desde o berço, apoiou a Revolução Gloriosa até os direitos políticos do Lacerda serem cassados. Foi pra Europa e nunca mais morou aqui.
O livro remexeu em mim temas que estavam adormecidos no meu estômago desde as aulas de direito internacional que tinha na faculdade: o choque da realidade política da ONU é frustrante para os idealistas. A gente sabe que manda quem pode e obedece quem é mais fraco, a gente sabe que a ONU é manipulada para legitimar as arbitrariedades da política externa de EUA/ Inglaterra/França e que o colonialismo ainda não acabou, mas não estou absolutamente convencido pela extinção do órgão. Mas como diz o homem moderno ao neaderthal: volta que deu merda. A humanidade deu errado e a extinção da espécie são favas contadas.
Mas salva-se o Brasil em um aspecto: pelas descrições da Autora, tanto a burocracia interna nas missões e dentro dos organismos da ONU quanto a própria logística das missões militares americanas são marcadas por uma desorganização e ineficiência que geralmente se atribui às estatais brasileiras. Desperdícios e falta de racionalização na aplicação dos recursos não é privilégio da burocracia nacional!
O combate à corrupção e a abertura democrática dentro das organizações realmente é um desfio à sua eficiência. Há exemplos de sistemas que funcionam um pouco melhor justamente por serem fechados, com claras cadeias de comando de autoridade forte, sujeitas aos arbítrios de seus líderes, conseguem maior produtividade. Mas a que epreço? Quem quer isso? Quem trabalha assim?
Enfim, o SVDM pode ser usado para disparar reflexões pelas situações que enfrentou e tal, mas é só mais um burocrata, não é uma grande personalidade que me inspire. mas é uma leitura legal