skuser02844 24/03/2016ProfundoJhon, médico e marido, leva sua mulher para repousar em uma mansão no campo e rejeita a escolha da mesma de ficar em um dos quartos no térreo, mas a leva para um quarto maior e que outrora fora um quarto de criança com a desculpa de ser mais arejado, mais claro e ter uma vista mais calma para que ela descanse. Tem um papel de parede no quarto, com um padrão que ela não entende e com uma cor desbotada em vários pontos. Quem antes morou ali tentou arrancá-lo e não conseguiu. O papel de parede a deixa irritada e é a partir daí que o conto se desenrola.
A mulher está doente, ela se esforça o tempo todo para se manter sã e longe da loucura e escreve em uma espécie de diário exatamente com o uma forma de lidar com os acontecimentos e ter algum tipo de controle. Mas além dos conflitos que se passam na cabeça dela, o conto chama a atenção para diversos outros problemas que envolviam um casamento na época.
Jhon mantém sua mulher (cujo nome não é citado) em um relacionamento o qual eu poderia chamar de abusivo. Trata dela várias vezes como "Tolinha"; "Querida" e "Minha menina", passa-se por carinhoso e atencioso apenas para mantê-la sob seus cuidados, ou na verdade, para mantê-la vivendo do jeito que ele acha melhor. A mantém afastada de tudo e todos, deixando claro que ela é incapaz de fazer as atividades normais que as outras mulheres fazem, o que seria uma crítica a postura dos médicos do sexo masculino que aprisionavam as mulheres em ambiente doméstico, como incapazes e frágeis psicologicamente.
O livro também pode ser considerado como uma autobiografia, pela semelhança incrível com a vida da própria autora. A mesma também sofria de depressão e foi recomendada por um especialista a permanecer em casa e escrever apenas 2 horas por dia (enquanto sua personagem era proibida de escrever e o fazia em segredo) para não se esgotar.
No final do conto, a personagem parece descobrir o padrão por trás do papel de parede, ou entender a situação das mulheres em sua atualidade. Existe uma mulher por trás do papel que parece estar aprisionada e a personagem se solidariza com ela, tenta libertá-la de lá, mas também não pretende deixar a mesma fugir. Ela entra em colapso, está por um triz da loucura e descobre nessa a sua liberdade.
Eu gostei bastante do conto, do começo ao fim e o li rapidamente. Talvez o tempo que eu levei para compreender o mesmo tenha sido bem maior, porque se trata de uma escrita bem subjetiva e complexa sobre a qual você precisa refletir para entender. Os significados por trás das coisas não são entregues de mão beijada ao leitor. Mesmo assim achei genial a ideia de Charlotte, sua crítica impecável.
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http://www.leituradascinco.com/2016/03/resenha-o-papel-de-parede-amarelo-de.html