A Cidade Sitiada

A Cidade Sitiada Clarice Lispector




Resenhas - A Cidade Sitiada


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Vovoiago 03/06/2024

Calmo e maravilhoso
Lucrécia Neves nos força a entender a despersonificação dos humanos e a "humanização" dos objetos. O olhar atendo as mudanças físicas ao seu redor, trás um significado único para as paisagens, objetos, construções.... Lucrécia Neves é S. Geraldo e S. Geraldo é Lucrécia Neves. "... Apenas vejo a vida passar...."
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Mariana113 28/05/2024

Ganhei essa edição há exatamente um ano atrás no meu aniversário. Pedi para uma amiga de infância dois livros da Clarice naquele ano. Inconscientemente previ que precisaria das palavras dela para fechar um novo ciclo. Demorei exatamente dez meses, já com o livro em mãos para lê-lo. E sem querer comecei ele há dois meses atrás e conclui a leitura na semana do meu aniversário. Foi o livro mais difícil que eu já li de Lispector, eu não leio Clarice para ela fazer sentido como persona, leio Clarice para me fazer sentido, para mim, literatura é isso, alguém (genial nesse caso) te fornece as palavras que te faltam e você as toma, as discerne e transforma em suas quando as compreende. E é aqui que deglutir essa história foi difícil, Lucrécia Neves é uma personagem fora da curva, diferente, e até agora não sei se a julgo muito fútil ou muito consciente de si e do mundo, inteligentíssima até. Nas primeiras páginas ela me era torta, frígida, sem emoção, era como ela mesmo se colocava, um objeto na sua sala de estar, uma tábua rasa para que quem olhasse, enxergasse o que achava que ela representava. Mas quanta coragem se tem para escrever um livro onde, em alguns muitos momentos, os objetos e a própria cidade são mais protagonistas do que Lucrécia, que antipatia que os primeiros capítulos me passavam, eu procurava e procurava o encaixa daquelas sílabas para minha vida e não encontrava. Não entendia o apelo de Lucrécia pela cidade, eu que em luta interna, tinha como um das grandes lamentações a impossibilidade de sair da minha própria cidade natal em expansão, que não enxergo aqui a beleza e a tradição, que não me sinto pertencente, não me sinto cidadã. Enquanto Lucrécia no livro partia e deixava seus conterrâneos, eu na minha vida ficava e via os meus partirem. Que abuso da coincidência, ler esse contraste tão grande entre mim e ela, esperar aqui por uma pessoa completa que te fornecesse o material que procura, e achar uma igual, controversa, que busca sua identidade no mundo e pelas ruas da cidade em que mora, . Lucrécia me foi escrita para reconhecimento, para repensamento, e reflexão, Clarice fez para mim uma personagem que me trouxe diferentes perspectivas de entendimento sobre a vida, que acalmou um sangramento do meu ser, fez uma sutura frouxa, mas necessária e importante em mim. Terminei o livro ainda sem muito decifrar Lucrécia Neves, mas com a certeza que é o tipo de leitura que se deve fazer mais de uma vez, em diferentes idades e em diferentes estágios da vida. A cidade Sitiada é a analogia perfeita para o título, é difícil chegar na cerne de Lucrécia, de se conectar, é preciso planejar, encontrar a falha na defesa, Lucrécia foi mais São Geraldo nesta obra do que ela mesma.
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Eduardo1646 25/05/2024

Somos fortalezas sitiadas
Neste livro, a autora faz um paralelo entre a cidade de São Geraldo e a protagonista Lucrécia Neves: ambos estão sitiados e buscam, como fortalezas, se defender, mas, ao mesmo tempo, se integrar ao meio externo. Através disso, Clarice nos mostra como cada um constroi sua persona, através de limites e fórmulas, tornando-se uma coisa para poder se incluir na lógica da realidade, que é constituida essencialmente por coisas. Isso porque, enquanto as coisas são precisas, ou seja, são o que são, o ser humano é impreciso, marcado por subjetividades e paradoxos. Essa característica faz as pessoas se sentirem deslocadas no meio em que vivem (na realidade, na sociedade...), buscando um centro de gravidade que as encaixe, de algum modo, ao que as circunda. Sendo assim, é sobre isto o livro: o que é impreciso busca se definir, e a vida é uma luta constante por um "eu" ideal, um centro ? somos fortalezas sitiadas.
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utopiazinho 17/05/2024

Comparado com "Perto do coração selvagem", achei esse mais tranquilo. Porém, à medida que o livro foi chegando ao fim, comecei a achar a trama muito chata
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Aline221 14/05/2024

Sobre o livro
Estou lendo por ordem cronológica a obra de Clarice Lispector. Confesso que já tive uma certa dificuldade com "O lustre", e com "A cidade sitiada" tive mais dificuldade ainda, tive muitos momentos que não quis continuar porém não consigo abandonar o livro.
Falo da minha dificuldade com o livro porque não me identifiquei com a personagem, tive a impressão de uma personagem que não se colocava no mundo ou melhor dizendo - se colocava no mundo enquanto objeto. Nas últimas páginas do livro ela vai dizendo dessa dificuldade em narrar sua própria história. Tive a impressão que durante todo o livro, há uma correlação entre a história da cidade e ela (como se não existisse uma sem a outra, e até mesmo, a cidade se sobressaía sobre ela).
Ao ler o Posfácio (recomendo que leiam), consegui compreender um pouco mais o porquê das minhas insatisfações... A própria Clarice disse que era um livro difícil e um dos menos queridos do público em geral.
No Posfácio, Benjamim Moser faz uma correlação com o livro Segundo Sexo de Simone de Beauvoir e ali consegui entender o porquê da minha insatisfação com a personagem: porque ela ficava no lugar de Objetificação. Clarice faz toda uma crítica sobre o papel da mulher na década de 40 e seu lugar na sociedade (ser alguém para um homem).
Outro ponto que me fez ver com mais empatia o livro foi entender o processo que Clarice estava vivendo na época (estava profundamente depressiva), e fico me questionando se isso tbm de alguma maneira não passou na sua escrita, nessa obra em específico.
Se alguém quer começar a ler Clarice, recomendaria não começar por esse texto.
Talvez em algum outro momento, releia o livro e talvez possa ter uma outra impressão dele, após ter lido o Posfácio mas por ora, não é o livro dessa autora que eu mais gostei.
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Idayane.Ferreira 02/05/2024

?Nunca tinha pensado mesmo; pensar seria inventar?
Estou lendo os livros da Clarice aleatoriamente, sem seguir a ordem de publicação. Isso tem me dado uma dimensão muito diferente, sem grau de comparação entre as obras ou sem uma visão de possível ?evolução? da escrita da autora.

Cada livro é realmente uma experiência única, ímpar. Depois de ler vários livros e textos em fluxo de pensamento, me deparo com um livro escrito em terceira pessoa, cujo a personagem principal tem uma ?vida interior? muito rasa.

A Lucrécia, protagonista de ?A cidade sitiada?, se confunde com as nuances de São Geraldo, um lugar nem totalmente cidade nem totalmente rural, ao mesmo tempo que nutre o desejo por ?escapar? a esse lugar que tanto a molda.

Ao ler ?A cidade sitiada? me lembrei muito do município onde morei durante minha infância e adolescência e onde meus pais moram até hoje. ?Escapar? a esse lugar foi sempre um desejo e, na primeira oportunidade, me mudei para cidades cada vez mais distantes.

Ps: O posfácio dessa edição é do Benjamim Moser, biógrafo da Clarice. O texto é bem interessante, além de comentar o livro, Moser traz aspectos da vida da Clarice na época da escrita do livro. Vale muito a leitura.

:)
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gabimool 17/04/2024

O Posfácil salva o livro no final
A Cidade Sitiada tem uma leitura bem difícil com personagens incompreendíveis. Sinto que seja o livro mais cansativo de Clarice, mas gostei do modo que ela descreve as percepções sobre Lucrécia. Ao ler o posfácio e constatar que Clarice escreveu esse livro em meio a um momento intimista e difícil dela (perder-se também é um caminho) e que existem relações com o que Simone de Beauvoir falava sobre objetificação, senti que pude compreende-la melhor.
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Brenda Santos 11/04/2024

Uma mistura tão grande entre humanizar lugares e desumanizar gente que de repente S. Geraldo é pessoa e Lucrécia Neves Correia é espaço. Só Clarice pra conseguir algo fantástico assim!

No mais, sigo a percepção da maioria dos leitores, como a própria Clarice reconhecia: cansativo, denso demais com tantas descrições e personagens insossos.

DESAFIO LITERÁRIO 2024
Leitura nº6
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rafisreading 27/03/2024

Acho que é o livro dela que eu mais me identifiquei até agora, nos de cidade pequena que sonhamos em sair desse buraco merecemos ser ouvidos tb!
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Satie.Yugue 24/03/2024

?(?) eu te dou minha vida e nada mais.
Doutor Lucas, sem que se pudesse inventar a expressão que teria neste instante, gritando: quero menos que tua vida, quero você! Ela respondendo com dor, com pudor:
no amor é indigno pedir tão pouco, rapaz.?
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Ana 21/02/2024

Único e Íntimo
Lucrécia Neves de longe não é uma das personagens de Clarice Lispector que despertam o interesse e conexão com o leitor, não tem o encanto de Joana, ou a mente afiada e criativa de G. H., e de certo está distante de ter a nossa empatia como Macabea. Mas ela nos desperta um incômodo curioso que mesmo após prolixas descrições nos envolvem e nos mantém atentos ao que virá a seguir. Embora a leitura seja parada e o fluxo de pensamentos contínuos e sem muitos desvios, é agradável a leitura. Uma boa distração e passatempo, mas nada de arrebatadora e cativante. De certo bastante frustrante, mas ainda contém sua beleza.
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Bibliotecadabri 29/01/2024

Clarice Lispector, A Cidade Sitiada (1949)
Personagem um pouco chata, fútil e pretensiosa, com muito pouco pra entregar, que apenas vê a vida passar no subúrbio de São Geraldo e relata os acontecimentos de sua vida e do lugar em que vive.

Lucrécia Neves, a personagem principal, não consegue se aprofundar nas próprias reflexões e na vida que leva. Ela é uma jovem simplória, que acompanha as pequenas transformações das ruas da cidade e confirma que as coisas são o que aparentam ser.

As descrições de São Geraldo ou da metrópole, onde vai viver posteriormente, se relacionam com a personalidade de Lucrécia. Lucrécia vive em busca de pertencimento com São Geraldo e a cada pequena mudança ela se sente mais distante.
?Sitiada? dentro de si, por seu contexto e com suas angústias, Lucrécia não tem perspectiva alguma de mudança.

E as figuras masculinas encontram um lugar de centralidade nessa história. Na busca de sair da miudeza da vida no subúrbio, Lucrécia se encontra com três personagens e vive nas funções de mulher e esposa. O tenente Felipe, que despreza o subúrbio e, portanto, despreza a própria Lucrécia; Perceu, que é belo porém vazio; e Mateus Correia, com quem ela se casa, vai pra cidade grande e não se sente realizada.

É uma história desconfortável. Acompanhar as andanças de Lucrécia gera uma sensação desagrádavel justamente pelo estilo de vida que a personagem leva. Uma vida monótona e sem sentido. Há uma romantização do que a vida pode e parece ser, mas que nunca chega a realidade íntima da personagem. Apenas a mesmice.

E esse desconforto é próprio do livro e da autora. Depois de muitas vezes rejeitado e aceito por uma editora, Clarice revela, em 1971, ao jornal Correio da Manhã, que este foi seu livro mais difícil de escrever.
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Eliane406 23/01/2024

O hermetismo de Clarice
Hermético e essencial, assim como todos os seus romances, na minha visão de leitura clariceana. Este foi 3° livro fala, lançado em 1949.

A terra em torno da água era humosa, fecunda, exalante -- Lucrécia Neves a respirava com impotência e delicadeza. De tanto fitar o córrego sua cara prendera-se a uma das pedras, flutuando e deformando-se na corrente, o único ponto que dóia, mal dóia tanto boiava e sonhava na água. Aos poucos ela não saberia se olhava a imagem ou se a imagem a fitava porque assim sempre tinham sido as coisas e não se saberia se uma cidade tinha sido feita para as pessoas ou as pessoas para a cidade -- ela olhava.

Cáp.3 Pág.53.
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arthur966 30/12/2023

Atordoada, quase recuando, perguntava-se como era possível que ele a amasse sem conhecê-la, esquecendo que ela própria só conhecia do homem o amor que ela lhe dava.
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