Thila 28/04/2017
“De acordo com este livro, as camélias podem viver por centenas de anos, o que as faz as melhores guardiãs de segredos entre todas as plantas e árvores”
Resenha publicada no blog Nunca Desnorteados
Nossa! Como não adorar Sarah Jio? Recuperei o fôlego só agora que terminei a frenética leitura do livro. Mas antes que eu me adiante com uma lista de elogios, surpresas, surtos e até algumas pequenas decepções, vou falar um pouco da história, sem spoilers, eu prometo.
Tudo começa no início dos anos 1800 no interior da Inglaterra, na visão de uma simples senhora que trabalha cuidando dos jardins da Mansão Livingston. Seu marido, havia comprado uma muda de uma camélia que, segundo o vendedor, era raríssima pois a única árvore conhecida estava plantada no jardim da própria Rainha e protegida pelos muros do palácio. A senhora repreende o marido por ele ter acreditado no vendedor e principalmente por ter gastado tanto dinheiro em uma muda fajuta.
Anos se passam e, mesmo com uma intensa dedicação do marido, nada da camélia florir. Após a sua morte, eis que nasce a rara camélia branca de pontas rosadas, a Middlebury Pink. Entretanto a tão preciosa planta resolveu florir em um péssimo momento: A camélia da rainha havia sido dizimada por um vendaval e ela descobriu que um dos antigos jardineiros havia extraído uma muda e vendido para um agricultor, assim ela ordena seus criados a procurarem sua amada camélia e prendessem a pessoa que está em sua posse. Mesmo com ordens expressas da rainha, a senhora resolve proteger a camélia em nome de seu marido.
Logo após isso somos levados aos anos 2000, onde conhecemos Addison, uma paisagista americana cheia de segredos e dona de um passado sombrio. Ela estava levando uma nova vida ao lado de seu marido, Rex, porém, um de seus maiores medos se torna real: o cara que ela mais teme está fora da cadeia e ele é a única pessoa que sabe sobre seu passado. Ele começa a ameaçá-la pedindo uma enorme quantia de dinheiro e, se ela não conseguisse rapidamente, ele contaria quem ela realmente é para Rex, colocando assim seu recomeço e sua nova vida a perder.
Em uma tentativa de fugir de seus problemas, Addison sugere para Rex uma viagem à Inglaterra, mais precisamente para a nova mansão comprada por seus sogros para passar uns dias de férias: a Mansão Livingston.
“Plantas invasivas eram uma praga; a única maneira de evitar que elas voltassem era encará-las, lutar contra elas e vencer a batalha. Qualquer outra medida era apenas temporária. Suspirei, pensando em minha própria vida. Eu estava deixando as pragas crescerem em volta de mim. Elas estavam ameaçando minha felicidade e, de certa forma, minha vida. Então por que eu não podia enfrentá-las?”
Logo após isso, mais uma vez, fazemos uma viagem no tempo, para 1940, onde conhecemos Flora, uma moça humilde, e também americana, que cresceu na padaria dos pais fazendo os mais variados tipos de pães para ajudá-los. Ela adorava o que fazia, mas no fundo sua grande paixão era a botânica. É por este motivo que ela trabalhava como voluntária no Jardim Botânico de Nova York.
Contudo, em um dia rotineiro na padaria, surge um senhor com uma oferta para ela: localizar a lendária Middlebury Pink em troca de uma quantia de dinheiro bastante significativa que seria capaz de pagar todas as dívidas da família. Flora fica aturdida com a oferta. Ela sabia que tipo de pessoa que ele era: um ladrão de flores em busca de fortunas.
Entretanto, a situação financeira da família piora e Flora decide aceitar a oferta, mesmo com todas as consequências que vinham com a missão. Ela não conta a verdade para os pais pois eles jamais permitiriam que ela aceitasse, então ela inventa que irá trabalhar no Jardim Botânico de Londres, sendo que, na verdade, ela trabalhará na Mansão Livingston disfarçada como babá das crianças.
Bom, agora sigam a lógica: a muda da Middlebury Pink foi plantada no começo dos anos 1800; Flora foi mandada em 1940 à Inglaterra para procurá-la, e Addison, nos anos 2000, está na mansão aonde tudo começou. Será que a camélia sobreviveu durante esse tempo todo? Como a história de todos se cruzam? Só lendo você irá descobrir, é claro.
Conforme os capítulo vão passando, mais mistérios vão sendo inseridos no livro, como uma série de garotas desaparecidas nos anos 1940 e o assassinato da esposa do Lorde Livingston. Os capítulos são mega curtos, permitindo assim uma leitura super rápida, porém não muito aprofundada. Isso é a única coisa que me incomodou no livro… mentira… tem só mais um detalhe no final que não tem como comentar sem falar spoilers. Ficou aquela coisa: “meu livro tá faltando página, só pode!”, mas fiquem tranquilos, os segredos são revelados, rsrs! De resto, só tenho o que elogiar.
O cenário é realmente fantástico e é impossível largar o livro. Mesmo com a inúmeras viagens no tempo o livro não é nada confuso! Muito pelo contrário, pois temos Addison no presente tentando entender toda a história da Mansão e quando ela acha algo, somos levados para narração de Flora; então você quer ler o capítulo de Flora logo pra saber o que Addison descobriu, mas no capítulo da Flora, ela passa por algo que seria uma excelente pista para Addison desvendar um segredo, porém o capítulo acaba e voltamos para Addison, ai lá vai você, querer ler logo o capítulo da Addison para ler o da Flora… isso vira um ciclo vicioso maravilhoso!
Ps: Não sei se ficou confuso, mas espero que entendam o que eu quis dizer, rsrs.
O tempo todo fiquei criando suposições/soluções na minha cabeça com o intuito de ligar todos os personagens juntamente com os mistérios e os inúmeros segredos que os personagens carregam. Confesso que fiquei besta quando tudo foi conectado, “como não vi isso”, “como não imaginei aquilo”…
Só me resta dizer: Leiaaam! Vale super a pena. Sarah Jio é maravilhosa!
site: www.nuncadesnorteados.com