Acervo do Leitor 02/02/2018
Leviatã Desperta – James S. A. Corey | Resenha
*Esta análise foi feita com base na edição americana. Termos, frases e nomes podem estar citados de forma ligeiramente diferente do que a do tradutor brasileiro.
Você já participou de alguma viagem interplanetária? Singrar pelas estrelas, interagir com seres nascidos em outros planetas e usufruir de tecnologias nunca antes imaginadas? Percorrer toda essa distancia física e temporal para descobrir que independente do quão longe o homem vá no espaço sideral ele sempre será o mesmo cheio de falhas, ganância, corrupção e medo. Não há limites para a mente humana e tudo que ela deseja alcançar. Esta obra é um convite inimaginável, e irresistível, aos confins da galáxia. O futuro é agora, basta você estar abordo desta nave, ou seria desta história?
“Espaço-naves mortas, suas laterais rasgadas através de elevadas explosões, gravitando em suas orbitas irregulares como sepulcros. Ajuda médica como a “Roci” cheia de garotos e garotas com metade de sua idade sangrando, queimando e morrendo.”
Os planetas de nosso espaço sideral estão colonizados. O sistema solar se tornou uma populosa rede de colônias. Porem as colônias pertencentes a esse “cinturão” de planetas e asteroides estão constantemente ressentidas com a sombra militar, política e econômica exercida pela Terra e Marte.
“A Terra tem estado tão focada em seus próprios problemas que ignorou seus filhos distantes, a não ser quando exige sua parte no trabalho. Marte forçou sua população inteira a trabalhar para remodelar o planeta, transformando sua face vermelha em verde. Tentando criar uma nova “Terra” para encerra sua dependência da velha. E o “Cinturão” se tornou a favela do sistema solar. Todo mundo ocupado demais tentando sobreviver para reservar algum tempo na criação de algo novo.”
O idealista e otimista Jim Holden é o capitão de uma nave mineradora de gelo quando esta descobre uma pequena espaço-nave estranhamente abandonada que contem um segredo que pode dar início a uma guerra interestelar. Enquanto explora essa nave “fantasma” sua mineradora é atacada por uma nave que pertence a frota militar de Marte. Acreditando realmente na transparência do fluxo de informações e que a humanidade sabe o que fazer com todos os dados e verdade compartilhada ele notifica todo o espaço que foi atacado por Marcianos, assim acendendo a fagulha do “barril de pólvora” que se encontra a frágil convivência entre terráqueos, marcianos e os moradores do “cinturão”.
“Muita gente afirma acreditar em coisas. ‘Família é o mais importante’, mas irão queimar 50 dólares com uma prostituta no seu dia de pagamento. ‘O país primeiro,’ mas sonegam impostos. Não você. Você diz que todo mundo deve saber de tudo, e por Deus, você coloca dinheiro (aposta) em suas palavras.”
O cinico e niilista detetive Miller, um policial durão, quase alcoólatra na casa dos seus 50 anos que já está cansado de tanta violência e hipocrisia, vive em um astróide e é responsável pela sua segurança. Visando nada mais que um pouco de descanso e um bom whisky, sua vida vira de pernas para o ar quando ele é designado para achar uma jovem desaparecida filha de um casal milionário, Julie. Em sua busca incessante, ele acabará encontrando violência, sangue, podridão, morte e é claro, nosso precipitado capitão Jim Holden. Duas personalidade extremamente diferentes que estão “unidos” no meio de uma “crise espacial” que tem a capacidade de erradicar a vida como a conhecemos. Até onde vai o limite da ética? O que você seria capaz de fazer para salvar a humanidade?
SENTENÇA
James S.A. Corey (Daniel Abraham e Ty Franck) são os maestros desta encantadora “ópera espacial”. Um brilhante drama sideral composto de música e vozes. O som dos propulsores atômicos, torpedos, lamento da natureza dos planetas, raios e ranger de pistolas. Vozes de humanos, marcianos e todos os que se encontram no meio clamando por sobrevivência, amor e vingança. Trama e diálogos carregados de política, economia, suspense e porque não romance? Todas as suas notas perfeitamente harmonizadas. O público brasileiro precisava de uma obra de peso, e atual, como essa para levar seus leitores a desejarem mais. Mais das estrelas, mais do futuro e mais de si mesmo. Abra seus olhos, prepare seus ouvidos e deixe essa melodia te encantar. Bem vindo ao futuro.
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