spoiler visualizarpoeta bagunçado 25/04/2024
Detestável
AVALIAÇÃO LITERÁRIA - TALVEZ UM DIA, COLLEEN HOOVER – 0,5/5 - w/ spoiler
Por Camily Rodrigues, abril de 2024.
Muitas coisas me incomodam nesse livro. Não nego de forma alguma que sou uma fã do trabalho da Colleen e seu estilo de escrita abrangendo diversos temas cotidianos, que me fazem admirar o modo como ela expõe as sensibilidades de personagens conturbados de maneira coerente. No entanto, Talvez um Dia foi um livro que detestei o enredo e os protagonistas do início ao fim. Não posso concordar com o desenvolvimento e desenrolar dessa história quando claramente não vejo um. Para mim, os acontecimentos se atropelaram e não houve uma construção sólida e plausível para tal paixão avassaladora.
Simplesmente não me agrada que a Syd tenha sido traída e tenha sido induzida a fazer o mesmo com outra mulher. É inadmissível que tenha sido esse o clímax. No momento em que li isso, detestei a autora por ter escolhido esse caminho. Detestei que os protagonistas tenham se envolvido desde o momento na varanda.
Se você tem um compromisso com alguém, por que ter um encontro implicitamente marcado (e pontual) com um estranho todas as noites?
Detestei que a mocinha do livro muito provavelmente estivesse em uma caverna das sombras junto com Platão, uma vez que ao terminar o relacionamento ela não dispunha de nenhum amigo, colega, vizinho ou mísero familiar distante com quem pudesse contar para passar alguns dias. Achei absurdo que ela tenha ido para a casa do Ridge (embora ele tenha sido uma boa alma em não deixá-la na chuva), e posteriormente, que os momentos que eles passaram tenham sido tão forçados a parecerem significativos; quando na realidade eram só estranhos e errados! Detestei que ele parecesse “dividido” ao amar as duas mulheres ao mesmo tempo, mas foi muito preciso dizendo que nunca terminaria com Maggie. Foi maldade ficar insinuando seus sentimentos e desejos e depois dizer que é comprometido.
Foi irresponsável.
Algo que me deixou completamente incomodada foi o fato de que ambos tenham sentido TANTO depois que se beijaram, depois que mandaram mensagens muito comprometedoras, e depois de continuarem insinuando suas atrações um ao outro.
🤬 #$%!& , não chega perto que eu vou te jogar na parede e depois chorar porquê tenho namorada. Ah, vai se foder!!!!
Se há algo mais evidente no mundo é que o passado é imutável. Isso é senso comum. Deve-se pensar ANTES de fazer. Não ficar remoendo, lamentando, martirizando e culpando a si e aos outros pelo que JÁ fizeram.
Dito isso, depois de terem obtido a permissão da querida e amada para ficarem juntos. Ficam na frescura de não se aproximarem porquê não deu tempo de superar. Pelo amor né, se tinha tanto desejo reprimido, iam se pegar loucamente.
E isso nos leva, por fim, a última parte da história. Uma frescura absurda de chorar e ficar com nervosismo quando FINALMENTE estão juntos. Ah, por favor né. Não tenho paciência.
É muito provável que esse tipo de história possa vir a acontecer na vida real. Afinal, são quase 8 bilhões de pessoas no mundo, é estatisticamente improvável que haja apenas uma pessoa compatível com cada um de nós nesse planeta imenso. Todavia, é imprescindível ter em mente que relacionamentos são sérios. Não pode haver justificativas como a do Ridge para sustentar anos de comprometimento sem que seja um indício de que não é espontâneo e sim algo como uma obrigação, um dever devido a uma promessa antiga. E isso é injusto com todas as partes. Detestei o desenvolvimento porque existem pessoas confusas, carentes, indiferentes e que não esclarecem suas intenções ao outro, deixando aberta diversas interpretações como se não fosse sua responsabilidade a forma como o outro entende.
Sou abertamente fã do amor. Adoro ver os personagens se aproximando aos poucos e criando juntos memórias e indícios de que há algo surgindo entre eles. Mas dessa vez, não consegui encontrar o caminho dessa paixão. Foi superficial para mim e de forma nenhuma encontrei lógica nas ações e pensamentos desses personagens.