O livro dos mandarins

O livro dos mandarins Ricardo Lísias




Resenhas - O Livro dos Mandarins


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Luiz Pereira Júnior 27/08/2017

O Livro dos Paulos
Sem dúvida, um livro que levanta polêmicas (até mesmo interiores, eu diria). O procedimento do autor em adotar o nome Paulo (e derivados) a praticamente todos os personagens acaba por irritar o leitor, levando-o a lutar para não abandonar o livro. Senão, vejamos: Paulo (protagonista), Paula (sua secretária), Paulinho (o sobrinho da secretária), senhor Paulo (o chefe imediato do protagonista); Paul (gerente-geral da filial em Londres), Paulson (chefe-executivo em Londres), Paulino (um executivo da filial chilena), Pauling (um executivo irlandês), mulher Paula (uma das executivas da filial brasileira), seu Paulo (avô de Paulinho) e por aí vai. Embora, obviamente, seja propositado, o procedimento acaba por se tornar um tanto ridículo e pueril. Além disso, a imensa quantidade de repetições acaba por fazer o leitor buscar outro livro, enquanto lê "O Livro dos Paulos". Bem, dito isto, o mais merece ser elogiado, sem dúvida alguma: as imensas reviravoltas entre as partes do livro (a "China" para onde ele é mandado e o "negócio empresarial" que ele monta) são excelentes indicações para não desistir da obra. Além disso, se você gosta de Lima Barreto, encontrará ecos de "O homem que sabia javanês" em "O Livro dos Paulos". Além disso, também há laivos de vários outros escritores (o que, convenhamos, em nada desmerece a obra). Enfim, boa leitura, mas já saiba que precisarás de paciência para tantos Paulos...
















Marlo R. R. López 22/03/2023minha estante
Desisti do livro pelos motivos que você citou aqui. O recurso da nomeação dos personagens é até interessante, mas leva o leitor à exaustão depois de um tempo. E é insuportável ler pela milésima vez que FHC viajou pra China também e que o Paulo ia comprar uma cama boa pra coluna quando chegasse lá...




fsamanta (@sam_leitora) 16/10/2014

Um livro que me surpreendeu porque há um toque surreal que não se percebe na sinopse. Achei muito interessante como o autor nomeou os personagens. Há guinadas inesperadas. No entanto, ele é repetitivo em muitos pontos. Ainda que seja um recurso para construção da história, acho que poderia ter sido otimizado.
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Gabriel 05/04/2010

Iguais como chineses
Paulo é diretor de um banco em São Paulo. Ele tem um objetivo: ser o escolhido para chefiar o novo empreendimento de sua empresa na China. Para isso, faz aulas de mandarim, dedica-se em horas-extras, dá palestras aos seus empregados. Nada o impede. Nem a dor nas costas, que o ataca desde sua infância.

O Paulo ainda não sabe que será escolhido, mas pretende indicar o Paulo para seu lugar. Já falou até com o Paul, o inglês que preside o banco no Brasil, e com a Paula, do RH. Aliás, a Paula contou que o filho da puta do Godói queria demitir a Paula, sua secretária, porque a idiota tem medo de vento e não aparece para trabalhar em dia de ventania.

Mas o Paulo não deixou e levou a Paula para seu time. Para provar para todo mundo que ele sabe lidar com funcionários problemáticos. Até com idiotas com medo de vento. Mas ele queria mesmo era mostrar para todos que o filho da puta do Godói não manda em nada.

Esse é o enredo de O Livro dos Mandarins, de Ricardo Lísias. O livro, com ironia desconcertante, faz uma crítica pesada ao mundo corporativo, onde todos se parecem e as aparências são mais importantes do que a verdade.

Não é à toa que todos os funcionários do banco se chamam Paulo, Paula ou variações. Só um personagem na primeira parte do livro foge à regra, justamente o Godói, que desperta o ódio do Paulo principal, e é exemplo de tudo que o Paulo abomina.

Paulo, por sinal, não tem amigos, só networking. Quando não está no banco, está estudando mandarim. Não tem vida pessoal. Será o escolhido para liderar o projeto por mostrar sua fidelidade canina ao banco, passando por cima de tudo.

A partir da segunda parte do livro, quando começa o trabalho de Paulo no Projeto China, a história ganha força e ainda mais ironia. O trabalho não tem nada do que Paulo esperava, mas, com sua fidelidade ao banco, ele terá a capacidade de manter todas as aparências, de fingir não ver e até de afirmar o contrário da mais óbvia realidade. Se no começo era um Paulo no meio de tantos, aqui ele se destaca e assume múltiplas personalidades.

De volta ao Brasil, na terceira parte do livro, Paulo irá tocar seu sonho: aconselhar executivos. Ali também vai exercitar o que aprendeu na China, lucrando acima de todas as maneiras, até com as adversidades, e contando com a capacidade dos outros Paulos e Paulas de também fingirem que não veem o óbvio.

A China cresce em ritmo acelerado há duas décadas. Tem quem diga que passará os Estados Unidos em 40 anos, tornando-se a maior economia do mundo. Não interessa que o governo chinês viole os valores ocidentais, como a democracia, a liberdade, os direitos humanos, a propriedade intelectual. Os lucros bastam. Paulo não liga. Lula também não. Obama também não. A ONU também não. No fundo, são todos Paulos.

de: pedradasculturais.blogspot.com
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