Carous 11/08/2020O livro começa muito bem, mas as páginas finais tiraram meu tesão...Nota oficial: 3,5.
Poucas vezes eu encontrei um livro que retratasse com tanta precisão a vida de uma jovem solteira que gosta de sair à noite, transas casuais, beber, dançar e curtir com os amigos.
Acho que este é o primeiro livro que pego que a personagem central tem VÁRIOS amigos, de ambos sexos. E eles aparecem várias vezes (infelizmente não consegui memorizar a descrição física de nenhum deles).
Catarina e seus amigos são uma turma muito legal que eu jamais conseguiria manter a amizade. Todos bebem demais, transam demais, viram à noite demais, saem demais e valorizam muito essas atividades. Temos bem pouco em comum.
É difícil encontrar um livro que trabalhe bem sobre levantar a poeira após levar um pé na bunda. Normalmente as comédias românticas já partem para quando a mocinha encontra o próximo namorado, emendando um namoro no outro como se fosse fácil assim e como se coração partido se curasse nessa rapidez.
Eu tive cá minhas dúvidas se 292 páginas seriam suficientes para explorar tudo que a sinopse prometia, mas a autora conseguiu de um modo que não ficou artificial nem acelerado demais.
Adorei a forma como ela aborda namoro, casos de uma noite só, expectativas amorosas, decepções e sexo. Foi leve, mas tão aconselhador!
O fato da história se passar em Vitória, saindo do eixo Rio-São Paulo foi apenas mais um ponto certeiro do livro. (Não entendo a demografia do Espírito Santo, mas será há grande ocorrência de habitantes brancos com olhos claros como no livro? No grupo de Catarina há 1 rapaz negro, que eu nem lembro quem é porque isso não acrescentou nada à história. Foi bem avulso)
Antes do início do livro há uma nota da autora sobre as alterações que ela fez para o e-book. Agora há um pouco de diferença entre a versão física e digital.
Graças a um toque de uma amiga, ela percebeu que algumas falas e comportamento de Catarina envelheceram mal de 2015 (ano em que o físico foi lançado) para cá. Ainda que 2015 não esteja tão distante assim de 2020...
Não sei se o toque da amiga se restringiu à reprodução de machismo da personagem ou foi mais geral e a autora optou por deixar algumas passagens um tanto questionáveis (como a hiperssexualização do corpo do homem preto que aparece numa conversa entre Catarina e as amigas) para mostrar que Catarina é representação do ser humano, falho, reproduzindo preconceitos, aprendendo com o erro e evitando repetir. Ou se foi uma situação que nem a amiga nem a autora perceberam por não possuírem vivência no assunto.
Mas não foi por isso que a nota final caiu de 4 para 3,5. Honestamente o capítulo "Cartas" e o epílogo jogaram água fria no meu tesão pela história. Achei que sobraram, sem contar a cafonice que me deu arrepios - principalmente quando o boy de Catarina afirma que ela (branca, magra, heterossexual, cisgênero, sem deficiência, classe média, cabelos lisos e olhos verdes) não se incomoda de não estar no padrão. Quê??