Maíra 09/07/2010Admito que quando encontrei esse livro no sebo o que me fez tirá-lo da estante foi o sobrenome "Lispector". Depois descobri que Elisa era irmã da Clarice e minha vontade de ler algo dela se tornou ainda maior.
Não me arrependi. Tão introspectiva quanto a irmã, Elisa vai a fundo nos personagens, mas sem perder a leveza. Mesmo narrando a solidão mais aguda, fica no livro aquele ar suave, um fio de esperança ou coisa do tipo. Sérgio, o personagem principal, é o típico artista que não se encontra no mundo comum, no cotidiano das multidões. Se indaga permanentemente quanto ao sentido da vida e se sente deslocado perto de todos aqueles que parecem não compreender o seu incômodo. Entre divagações, memórias e novas percepções, ele vai procurando suas respostas enquanto tenta não tropeçar nas imensas solidões diárias.
"As caminhadas de toda uma existência não são mais que cegas buscas de algo que muitas vezes não dura mais que o instante de seu achado." (página 53) - frase que, pra mim, mais resume o livro.
Se comecei a ler enxergando a autora como "irmã da Clarice" terminei vendo "Elisa Lispector" em seu jeito particular de dizer as coisas... Com delicadeza e uma forma discreta de prender o leitor. Gostei muito.