fernandaugusta 19/01/2023O navio das noivas - @sabe.aquele.livroMargaret, a única entre quantro irmãos, vive com eles e os pais em uma fazenda próxima de Sidney, todos lutando para superar a perda da mãe.
Avice, moça de família rica de Melbourne, acostumada a frequentar a sociedade, tem gostos caros e refinados, se acha superior a pessoas mais simples e não gosta de se misturar.
Joan, menina de 16 anos extrovertida, falante e, por vezes sem limites e sem noção do perigo.
Frances, jovem enfermeira. Quieta, fechada e sempre muito séria em seus modos e vestimenta, parece sempre estar pronta para fugir de tudo e todos.
O que estas quatro mulheres tão diferentes podem ter em comum? São todas esposas australianas de marinheiros ingleses, que, em 1946 com o final da guerra, vão fazer a longa viagem de encontro a seus maridos na Inglaterra. Elas vão dividir uma cabine improvisada no HMS Victorious, um porta-aviões da Marinha inglesa, que vai levar mais de 600 esposas em meio à rígida rotina de bordo e com uma tripulação predominantemente masculina. A viagem, prevista para durar 6 semanas, é a última do comandante Highfield e de muitos militares após a guerra, e ele prevê muitos problemas a bordo.
Afinal, o que poderia resultar do confinamento de mulheres com homens em uma situação tão incomum, de tensão e ansiedade?
Jojo Moyes criou, a partir de fatos históricos reais, uma premissa linda e cativante. A história destas mulheres tão diferentes, indo para uma terra distante, muitas pela primeira vez longe de casa, ao encontro de maridos - muitos praticamente desconhecidos, já que muitos casamentos foram realizados às pressas - é muito tensa em vários pontos.
Afinal de contas será que aquele amor existiu mesmo, será que encontrarão a mesma pessoa ou alguém completamente modificado pela guerra? Será que serão aceitas pelas novas famílias?
Ao mesmo tempo, a autora dá um relato detalhadíssimo da vida e da rotina marítima a bordo, inserindo personagens masculinos da tripulação do porta-aviões com seus próprios dramas a resolver.
Um problema com esta leitura é que, apesar da carga emocional bem densa e de muitos momentos bem emocionantes, a leitura teve momentos bem arrastados. Me pareceu que muitas coisas importantes foram tratadas de maneira superficial e rápida e, por outro lado, pontos não cruciais para a história ganharam uma atenção exagerada. Funcionamento de motores, rotas marítimas, rotinas de bordo, caminhos tortuosos dentro do navio me deixaram com vontade de pular muitos parágrafos.
Até 60% da leitura é uma história sem grandes acontecimentos. A partir do momento que o foco nas revelações - principalmente em torno de Frances - começa a aparecer, a coisa fica mais dinâmica, embora pouco surpreendente.
Mesmo assim, vale a leitura, pois é um drama diferente, com personagens cativantes e por diversos momentos, bastante emocionante. Uma viagem que vale a pena acompanhar, e que trata muito bem de temas como amor, amizade, e superação de adversidades no pós-guerra.