Filino 25/12/2017
Título singelo de uma obra poderosa
Confesso que me enganei com o título do livro. A princípio julguei que trataria das experiências pessoais da autora ou, até mesmo, de uma ficção. Felizmente surpreendi-me ao constatar que não se tratava de ficção e que não se limitava a um relato de cunho intimista. Olivia Laing traça paralelos com personalidades ligadas ao mundo da arte (Edward Hopper, Andy Warhol, David Wojnarowicz, Henry Darger) e mostra como suas obras refletem a solidão dos seus autores (e por que não a nossa?), além de aspectos diretamente ligados à cidade grande e as relações estabelecidas entre seus habitantes. Nessa perspectiva, a autora dedica excelentes páginas à doença - sobretudo à AIDS - e as consequências que dela advêm para o contato entre os indivíduos.
Aqui e ali encontramos relatos de experiências pessoais da autora, mas o interessante mesmo (e que constitui boa parte do livro) é o enfoque dirigido à arte, tomando a solidão e a complexidade das relações humanas como tema. Uma leitura instrutiva, agradabilíssima e instigante.