vinicius.fagundes.93 25/03/2017
Traços é o livro de estréia do autor e YouTuber Eduardo Cilto (criador do canal Perdido nos Livros), publicado pelo selo Outro Planeta em 2016. O livro segue o adolescente Matheus, um garoto meio nerd e viciado em quadrinhos, que vive com seus pais religiosos. Matheus não é exatamente a pessoa mais social do mundo, então até ele acha estranho estar indo na maior festa do ano na sua escola.
Na verdade, Matheus só está indo na festa graças a insistência de sua melhor amiga Beatriz, por quem ele é apaixonado. Na tal festa, Matheus e Beatriz encontram com Ivo, um amigo deles, e sua namorada Fernanda, que diz ser uma bruxa que pode realizar um ritual que trara as respostas que eles procuram do universo. Matheus acha que tudo isso é uma besteira, mas Beatriz aceita o ritual logo de cara. Então, Matheus a acompanha, mesmo que a contra gosto. O que ele não esperava é que o ritual acabaria com todas as velas se apagando e a tal bruxa emitindo uma misteriosa resposta para as perguntas de Beatriz.
Se o tal ritual é de verdade ou não, é difícil dizer. Mas Beatriz leva a sério o que Fernanda disse para ela, e decide que precisa mudar a direção que sua vida vinha tomando. Essa mudança acontece quando Beatriz conta pra Matheus que vai fugir para São Paulo, e pede que ele vá junto com ela.
Traços foi uma daquelas leituras que me chamou atenção mais pela capa do que pela história. Sério, a capa é muito bonita, e foi a primeira coisa que me agarrou quando eu vi esse livro pela primeira vez. Pra ser sincero a história em si não me chamou tanta atenção assim, achei ela um pouco simples demais pro meu gosto. Mas mesmo assim, quando a oportunidade apareceu de resenhar Traços, eu não quis deixar passar. Afinal como a gente sempre fala aqui, a gente adora livros nacionais aqui no La Oliphant.
No fim das contas, a história foi uma das coisas que eu mais gostei em Traços. Eu adoro histórias estilo road trip, histórias centradas em viagens e coisas assim, então quando eu vi que o livro tinha bastante disso, fiquei bem feliz. Apesar de achar que o livro poderia ter passado mais tempo no aspecto da viagem, eu curti bem a jornada dos personagens.
Outra coisa que me agradou foi a mensagem geral do livro. Na leitura, fica bem claro que a ideia que a história tenta passar é a moral que cada pessoa é responsável pela própria história e que devemos nos dedicar a criarmos o nosso próprio caminho. O próprio título do livro é uma referência a isso, e eu achei que a mensagem foi entregue de uma forma bem eficiente.
Por outro lado, o livro tem certas coisas que não me agradaram muito. Os personagens, por exemplo, não me pareceram particularmente bem desenvolvidos. O protagonista Matheus não tem uma voz muito marcante na narração da história, o que acabou não contribuindo muito pra minha leitura. E a amiga dele, Beatriz, foi a parte mais irritante do livro. Tudo o que dá errado na história foi resultado das ações e do egoismo dela. Eu não consegui entender o porque do Matheus ser apaixonado por ela, porque eu simplesmente detestei ela.
Outra coisa que me desagradou no livro foi a estrutura do enredo. Como eu tinha falado antes, eu entrei nesse livro achando que a história seria um romance adolescente, no estilo dos livros do John Green, ou da Rainbow Rowell, e como eu já falei ali em cima, as partes do livro que são mais focadas nisso são legais. Mas no meio do livro, do nada, o autor introduz uma história de mistério que eu simplesmente não entendi.
Esse subplot foi super confuso e me tirou completamente da leitura. Eu sinceramente não entendo o porque desse mistério na história, mas foi a parte que eu menos gostei do livro. Acho que teria sido melhor o livro ser só a história do Matheus e da Beatriz, sem o mistério, principalmente porque a escrita do Eduardo Cilto não me parece ser forte o bastante pra carregar uma história assim.
No geral, Traços foi uma leitura muito confusa. O enredo adolescente e a atmosfera de road trip foram legais, mas os personagens pouco desenvolvidos e o plot de mistério meio nada a ver acabam deixando o livro menos divertido do que poderia ser. Não sei dizer se eu leria esse livro de novo, mas talvez seja uma questão de gosto mesmo.
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