Lina DC 28/09/2016"Traços" é narrado em primeira pessoa pelo protagonista Matheus, um adolescente que está no último ano do ensino médio. É um garoto tímido que conta com dois amigos: Beatriz e Ivo. A pedido de Beatriz, ele vai a uma festa da escola e no final da noite, os dois juntos com Ivo e sua namorada Fernanda (que diz ser uma bruxa), decidem fazer um ritual para saber o futuro. Até esse ponto, a trama é crível, pois adolescentes irem à festas, beberem e testarem o sobrenatural é algo que acontece. Porém, o que vem a partir desse ponto é fantasioso demais, tornando o enredo exagerado.
"Pensamentos são tóxicos, vírus criados para se espalhar por nossa mente e abalar todo o sistema que demorou para ser programado."
Como vocês podem imaginar, Matheus tem uma queda por Beatriz e faz tudo o que a garota quer. Ela por sua vez, tem passado por problemas familiares e encontra consolo em vídeos postados na internet do "Garoto Diferente". São vídeos de auto ajuda, onde ele dá conselhos e os jovens sentem que alguém finalmente os entende. Após a noite da festa, Beatriz decide fugir de casa para ir à capital em busca do Garoto Diferente. Com medo de fugir sozinha, ela pede ao melhor amigo que a acompanhe. Claro que Matheus, preocupado e apaixonado por Beatriz, concorda e a acompanha.
"Quando você gosta de alguém, faz loucuras pela pessoa."
Da viagem à chegada na capital tudo dá errado. Entre pegar carona com um grupo de drag queens e reencontrar uma velha amiga que oferece abrigo e comida, os dois ainda se envolvem em um caso de sequestro e irão agir como detetives experientes para resolver o caso. São muitas situações inacreditáveis que tornam a história um pouco absurda.
"Nas grandes cidades, as estrelas não estão presentes no céu, mas sim ligadas à terra. Cada luz acesa que você enxerga daqui de cima pode ser considerada uma estrela e, ao mesmo tempo, uma pessoa que com certeza tem mais vida do que qualquer astro celeste presente no espaço."
A proposta é boa. Durante a viagem, o protagonista aprende sobre si mesmo, reavalia a forma como deixa os outros guiarem a sua vida e decide lidar com os problemas familiares e defender aquilo que acredita que é o certo. São lindas lições e reflexões. Porém, a trama deixa a desejar e os personagens não possuem personalidades atraentes. Beatriz é egocêntrica ao extremo e só pensa no que precisa, agindo apenas quando o resultado final a beneficia. Matheus teoriza muito e se impõe pouco. Os protagonistas secundários apresentam problemas e medos, mas suas histórias não são desenvolvidas. Os medos são apresentados e depois o desfecho fica em aberto.
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um ótimo trabalho. A capa é bonita e combina com o conteúdo.
"Somente meus atos que definem meu futuro. Eu sou a única pessoa que vive a minha vida."
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