BookTherapy 02/07/2017
Hoje é dia de rock, bebê!
Esta é a resenha de uma pessoa que não leu o resto da série. Não me batam, eu vou explicar. Normalmente, eu já não curto triângulos amorosos porque o meu coração fica pequenininho, então, quando eu soube que nesse os dois homens eram bons, passei loooooonge (quando um é ruim, eu até encaro, torcendo para o mocinho libertá-la das mãos do namorado vilão).
Mas mordi a língua e acabei me rendendo a esse porque tem algo que adoro: POV masculino dos bons! Aí, pronto, o jeito foi cair de boca, ops, olhos, nesse rockstar tudo de bom!
Em primeiro lugar, quero deixar claro que esse não é um romance bobo. O Kellan é um personagem apaixonante, profundo, intenso. Em vários momentos, tive vontade de dar colinho a ele porque, olha, esse garoto sofre, viu? E não estou falando de sofrer pela Kiera (ele já passa o livro todo sofrendo por essa bitch), o sofrimento dele vem desde muito cedo.
Todo mundo sabe de gente que NUNCA deveria ter filhos. Kellan é fruto de duas pessoas assim. Na verdade, ele é resultado de uma traição da mãe, que, junto com uma absurda falta de instinto paterno, faz seu pai odiar até mesmo sua simples presença. Já a mãe, é condescendente e muitas vezes atiça o pai a bater nele. :'(
Ele me batia porque odiava a mim e a tudo que eu representava. Minha mãe lhe permitia fazer o que quisesse comigo porque eu tinha arruinado a sua vida. Eu estrago tudo; basta olhar para o que eu fiz com você e com Denny…
Essa infância sofrida dele é mostrada no início do livro e realmente pesa no nosso coração, mas é necessária para entendermos a importância que Denny teve na vida dele, afinal, sua presença o "salvou" durante um ano da fúria de seu pai, além de ter sido a primeira pessoa a realmente se importar com ele. Por aí vocês tiram o quanto ele vai ficar mal por amar tanto a Kiera.
Eu nunca a teria. Não por completo. Breves lampejos de felicidade seriam tudo que eu iria conseguir dela, porque amanhã à noite ela estaria de volta à sua cama, com Denny ao lado, e eu estaria sozinho. Sempre sozinho.
Porque não há nada em mim que valha a pena amar.
Por que você não pode me amar tanto quanto eu amo você? Por que ninguém consegue fazer isso? Sou tão terrível assim?
Kellan cresceu, seus pais morreram e lhe deixaram a casa, para onde Kellan leva suas ficadas de uma noite só. E a vida dele se resume a isso: sexo, banda e amigos. Era um tipo de vida que funcionava para ele até que a chegada da Kiera lhe mostrou o quanto sua vida era incompleta, que havia um buraco dentro dele causado por todo o amor que não recebeu na infância que ele tentava preencher com sexo. Pode até ter dado certo por um tempo, mas já antes da chegada dela ele sentia que só isso não era o suficiente, faltava o algo mais. Que pena que o algo mais estava justamente na namorada do seu melhor amigo quase irmão. :/
Denny era uma parte importante da minha infância, a coisa mais próxima de um irmão que eu tive.
Eu poderia dizer a vocês que ele evitou o que sentia a todo custo, mas estaria mentindo porque não foi isso que senti ao ler. O que aconteceu foi que Kellan a viu antes de saber quem era ela e já sentiu algo, então foi difícil lutar contra esse sentimento, mesmo sendo ela quem é. Não ajuda o fato de Denny e Kiera virem morar com ele quando chegam à cidade. A tentação está a uma porta de distância.
Pela primeira vez em muito tempo, eu olhava para alguém que me via. Alguém que enxergava não a estrela do rock, não o playboy descontraído, mas a mim. O meu eu verdadeiro.
Aquela garota… Ela já tinha deixado uma impressão marcante em mim, e nós ainda nem tínhamos sido apresentados. Nós três morando juntos debaixo do mesmo teto poderia ser uma experiência incrível e reveladora. Mas também poderia ser um verdadeiro pesadelo. De qualquer modo seria, com certeza, algo muito interessante.
Vamos fazer um parêntese para falar sobre a Kiera. Eu a odiei em vários momentos. Sério. Tudo bem, eu entendo os motivos para ela ser tão apegada ao Denny: ele foi o seu primeiro, a tirou da casa dos pais e a levou para o outro lado do país, é fiel, confiável, praticamente um cobertor de segurança. Considerando o quanto o Kellan é galinha, ok, eu entendo a relutância dela de deixar o Denny para ficar com ele, além de essa troca arruinar a amizade de tantos anos deles e ser um pulo com venda nos olhos para o desconhecido. Eu diria que há até certa dose de comodismo em ter o namorado "confortável" e o gato totalmente apaixonado a seu dispor. Porém, achei que ela brincou de gato e rato com ele o livro inteiro e isso me irritou profundamente. Ele já tinha sofrido demais para ainda passar por mais essa. Deixasse-o para mim, eu cuidaria muito bem dele. :D Sendo assim, foi difícil me conectar com ela e todo o estica e puxa de "amo você, mas não posso ficar com você". Talvez você ache que penso assim por não ter lido o livro do POV dela, mas acho que não mudaria minha opinião se o lesse, já que ela fez o Kellan sofrer pra caramba! Odiar ou não a Kiera, eis a questão. Ou nem mesmo uma questão.
"– Você não é minha.
Mas eu sou seu…"
Por trás da fachada de rock star mulherengo está um cara extremamente sensível, que luta, que chora, que sofre. E é nesse lado dele, de não achar que merece ser amado, que vemos o quanto a falta de amor na infância o deixou quebrado. Por vezes, me revoltei pelo sofrimento que ela o fez passar e me perguntava por que ele aceitava tudo aquilo e depois a recebia de braços abertos, mas acabei entendendo que, apesar de ele achar que era egoísta por estar traindo o Denny, o que ele sente por ela é muito altruísta. A resposta para isso é bem simples: ele não teve amor, e isso causou uma carência nele que nada passa, exceto quando ela entra na vida dele, então, qualquer migalha que ela dê ele aceita como se fosse um tesouro. Kellan não acredita que mereça ser amado e a Kiera não faz nada para mudar esse pensamento. É duro, dói na gente mesmo. Esse livro é um desnudar de alma sem fim, mostrando as cicatrizes, inseguranças, traumas, carências,...
"Você não é bom o suficiente para ela…"
Por outro lado, eu JAMAIS gostaria de estar no lugar do Denny. Por mais que a gente ame o Kellan de paixão, imagina descobrir, depois de um tempo, que seu melhor amigo e sua namorada estão te traindo, inclusive fazendo sexo enquanto ele estava por perto. :/ Dói, né? Eu jamais quero estar nessa situação. Honestamente, se isso fosse a vida real e a cidade fosse um pouco menor, todo mundo teria sabido do que havia entre ele há muuuuuito tempo porque algumas situações (olhares, a forma como se tratavam, abraços, beijos) davam muito na vista.
"Culpa. Eu queria que ela não se sentisse dessa forma, mas entendia sua situação. Uma parte de mim também estava assim. Éramos dois canalhas curtindo um jogo de sedução, nos esgueirando de Denny pelas costas, contornando uma linha que já havíamos cruzado e não deveríamos cruzar novamente. Precisávamos parar o que estávamos fazendo… mas eu já sabia que não iríamos conseguir. Era muito profundo."
Todo o tempo eu me perguntava que diabos estava fazendo com ela ali. Devia colocar um ponto final naquilo antes que Denny se machucasse. Em seguida, porém, sua voz invadiu meu cérebro.
Fique. Não me deixe. Por favor."
"E eu entendi que não poderia deixá-la ir. Ela não conseguia largar Denny, eu não conseguia abrir mão dela. Estávamos todos fodidos."
Eu só acho que o Denny facilitou um pouquinho demais as coisas. Ir morar na casa do amigo bonitão que ele sabe que é galinha e dorme com tudo que se move não foi muito inteligente. Viajar e deixar os dois sozinhos foi pior ainda. Tudo bem, ela tinha a faculdade e não poderia ir com ele, mas mesmo assim, foi um risco gigante. Por outro lado, a gente tem que ser capaz de confiar em quem se ama, certo? Só mais uma coisinha que me incomodou nele: eles estavam morando lá, tudo bem que pagando, mas a casa é do Kellan. Então, quando ele vem reclamar que nosso rock star sofrido ao extremo está fazendo festas e levando mulheres, eu pensei: ah, por favor, né? Mas quem estava por trás da reclamação era a Kiera. Aff!
Mas Kellan está praticamente sozinho nessa, já que só consegue se abrir com um amigo bem mais pra frente no livro. Enquanto isso, ele guarda toda essa dor dentro de si e ela praticamente escorre pelas páginas do livro. :'(
E vou falar: demora para ficarem juntos, mas isso se deve ao fato de que este é só o primeiro livro (Intenso Demais) sob o ponto de vista do Kellan, então temos mais dois livros com os dois juntos, apesar das perturbações. #Aleluia
Você sempre teve razão… Nós não somos amigos. Somos muito mais do que isso. Quero ficar com você, Kellan. Preciso ser sua. Eu sou sua.
"– Nunca senti uma paixão dessas, como sinto quando estou com você. Nunca senti esse fogo. Você tinha razão, eu estava com medo de me desapegar… mas com medo de me desapegar dele para ficar com você, não o contrário. Minha relação com ele era confortável e segura, e você… Fiquei com medo de que aquele fogo se apagasse… e você me trocasse por alguém melhor… e aí eu ficaria sem nada. Tive medo de estar jogando tudo fora por um romance tórrido que poderia acabar em dois tempos, e então eu ficaria sozinha. Um fogo de palha."
É meio impossível fazer uma resenha pequena desse livro, são muitas coisas para falar, muitos sentimentos, impressões, raivas da Kiera bitch, mas espero que tenham tido paciência de vir até o fim. Será que teremos o POV do Kellan nos outros dois livros da série? Torço para que sim, mas, por enquanto, apenas o livro do Griffin (doidinho!) foi lançado e vem pela Valentina sim.
site: http://wp.me/p7mYmm-Ad