Arquivida

Arquivida Jean-Luc Nancy




Resenhas - Arquivida


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Paulo Silas 27/05/2020

Jean-Luc Nancy é um filósofo contemporâneo que possui como uma de suas notoriedades o apontamento de elementos de tradições filosóficas a partir das quais estabelece os seus pontos, estruturando seu pensar a partir desses como eventuais relativizações, mas sem que haja uma espécie de confronto com o fito de superar domínios filosóficos já estabelecidos. Assim é em "Arquivida: do senciente e do sentido", uma reunião de textos do autor onde se discute temáticas que dizem respeito a questões como a tecnologia e a democraia, além de outras abordagens filosóficas.

Quatro são os textos do filósofo reunidos nessa obra. No primeiro, "Ruren, Beruren, Aufruhr", o toque recebe a digna e convidativa atenção do autor. O toque enquanto ato, enquanto um algo que representa e constitui um fenômeno que significa muito mais daquilo que aparenta, que externaliza e irradia coisa além de que se é observado sem que o todo seja contemplado de maneira minuciosa e detalhada. É que em sendo o tocar um dos maiores tabus, não recebe a análise devida, estando aí o olhar clínico-filosófico de Jean-Luc Nancy que preenche essa lacuna ao vislumbrar a alma enquanto o corpo que é tocado. No segundo texto, "Sobre a destruição", o que se aponta é para a existência de uma hipertrofia da construção, onde se leva em conta muito mais a montagem do que a edificação, estando a destruição como uma reação provocada pelo paradigma construtivo. No terceiro texto, "Meu DeusI", 'deus' como categoria do ser é refletido pelo filósofo, o qual estabelece que "o inominável não é um real que supera toda a nomeação, ele é o que todos os nomes nomeiam sem nunca significá-lo: ele é a própria razão da linguagem". No último texto, "Arquivida", tem-se uma construção semi-poética que dialoga sobre a democracia.

Mesmo sendo uma obra curta, a profundidade é alcançada em suas poucas páginas. Jean-Luc Nancy é um autor complexo que exige uma leitura atenta para que possa ser refletido a contento. Como aponta Adrián Cangi no posfácio do livro, "a filosofia de Nancy trata do abandono sem retorno de qualquer hipóstase do sentido. Começa e termina em um corpo que toca como prova de que o mundo é passível de sentido em sua concreção e discrição". Uma obra filosófica que diz muito em pouco, portanto.
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