Leila.Cavalcante 26/04/2020
No começo, achei as coisas um pouco chatas, pra ser um livro relativamente pequeno, demora um pouco pra ficar interessante, porque vários personagens vão aparecendo e a gente não sabe logo como tudo vai se encaixar, fica parecendo várias histórias paralelas, com um elo, que é o Vernon, um cinquentão que era dono de uma loja de disco em Paris, até que a indústria da música virou de ponta cabeça e ele perdeu tudo. Literalmente, ele perdeu tudo. Após a morte de um dos amigos, Alex Bleach, que também era um rockstar, Vernon chega ao ponto de ser despejado, e daí ele começa uma peregrinação, tentando achar algum conhecido que possa abrigá-lo por um dia ou dois; enquanto isso, algumas pessoas estão mais interessadas em ter acesso a uma entrevista que Alex teria deixado gravada e está aos cuidados de Vernon, e isso é o fio condutor do livro, ao mesmo tempo, a Despentes vai explorando vários aspectos da sociedade, e às vezes ela escolhe os aspectos mais podres, diga-se de passagem. A variedade de personagens é um ponto fortíssimo. Eu gostei também do estilo da escrita. À primeira vista é um pouco estranho, porque é bem próximo da oralidade, e não economiza em gírias, fico só imaginando o tradutor se virando nos trinta pra traduzir essas expressões argotiques. Acho que a narrativa é bem crua e realista.