Eugênia Grandet

Eugênia Grandet Honoré de Balzac




Resenhas - Eugênia Grandet


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Procyon 22/02/2024

Eugénie Grandet ? Resenha
?Em certas cidades da província existem casas cujo aspecto inspira melancolia igual à provocada por claustros sombrios, charnecas desoladas ou ruínas tristonhas. [?] Esses traços de melancolia existem na fisionomia de uma casa situada em Saumur.? (p. 18)

Eugénie Grandet (1833) conta a história de uma jovem provinciana, filha de um rico e avarento vinhateiro de Saumur, dividida entre a paixão por seu primo parisiense e aristocrático ? que viera à cidade por recomendação de seu pai, que comete suicídio em razão de suas dívidas ? e pelo seu destino de dar continuidade a herança do Sr. Grandet, seu pai (tanto num sentido financeiro quanto moral, pois ela se torna tão avarenta quanto o velho vinhateiro, em razão das circunstâncias e da hostilidade do meio em que vive).

Nesta obra-prima da literatura moderna, Honoré de Balzac trata do tema da avareza exacerbada, traçando tipos clássicos que perpassam toda sua obra. Eugênia é descrita como uma moça doce, inocente e reclusa, e que ignora o estado miserável em que vive com e mãe e a fortuna do pai. Balzac aqui evidencia a mentalidade da época da Restauração, retomando seu estilo altamente descritivo, minucioso e pormenorizado, tanto dos aspectos físicos do ambiente e do cotidiano quanto psicológicos. Repleta de referências históricas, a obra de Balzac traz descrições que tem uma função narrativa, não sendo, portanto, meros artifícios que visem exibicionismos. Como uma espécie de cirurgião de seu tempo, Balzac observa a época e a sociedade em que vive como um objeto de experimento científico, tamanho o rigor em trazer um ambientação sombria e melancólica (?a casa de Saumur, casa sem sol, sem calor, sempre na sombra, melancólica, é a imagem de sua vida.?, p. 193) quanto a descrição pormenorizada das tipologias de cada personagem (?ele [Grandet] nunca visitava ninguém, não convidava ninguém nem oferecia jantares; nunca fazia barulho e parecia economizar tudo, até movimentos.?, p. 27).

?Agora é fácil entender todo o significado das palavras: a casa do senhor Grandet, casa sem cor, fria, silenciosa, situada na cidade alta e protegida pelas ruínas das muralhas. [?] A porta, de carvalho maciço, castanha, ressecada, com fendas por todo lado, de aparência frágil, era solidamente sustentada pelo seu sistema de tachões que representavam desenhos simétricos. [?] Pela gradezinha, destinada ao reconhecimento dos amigos nos tempos das guerras civis, os curiosos podiam perceber, no fundo de uma abóbada escura e esverdeada, alguns degraus deteriorados pelos quais se subia para um jardim pitorescamente delimitado por paredes espessas, úmidas, cheias de limo e tufos de arbustos mirrados.? (p. 31-32)

Balzac, além de pioneiro do realismo, ainda parece ser prenunciador de fortes personagens femininas da literatura moderna, grandes e tristes mulheres que perdem a ingenuidade ao serem moldadas pela sociedade. Influenciados pelo meio em que vive, os dois jovens primos, Eugénie e Charles, são praticamente obrigados a se modelarem de acordo com as convenções sociais.

?Entre as mulheres, Eugénie Grandet será talvez um tipo, o tipo dos devotamentos que, lançados em meio às tormentas do mundo, neles se engolfam tal como uma nobre estátua que retirada da Grécia, caia no mar durante o transporte e lá fique, para sempre ignorada.? (p. 201)
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