Mallully 01/07/2020
Resenha: The Darkest Fire, de Gena Showalter
The Darkest Fire ou, em uma tradução bem grosseira, “O Fogo Mais Escuro”, é o romance de número zero da saga Os Senhores do Submundo, que hoje já tem alguns volumes publicados no Brasil. Esse livro em específico não foi um deles, e talvez nem o seja, porque a versão original tem apenas 66 páginas. É realmente um livro introdutório, que dá explicações sobre o cenário de todo o restante da saga.
Pois bem. The Darkest Fire é uma narrativa curta que descreve a história de Geryon, o Guardião do Inferno, e Kadence, a deusa da Opressão. Eles precisam trabalhar juntos para manter as almas e demônios presos dentro do inferno. Ele cuida da entrada das almas, e ela toma conta da grande parede que guarda todas as almas dentro do inferno.
Geryon é um homem que foi transformado em besta como efeito colateral de uma barganha com Lúcifer. Ele precisou fazer um grande sacrifício para manter a sua esposa viva, já que ela estava prestes a morrer por causa de uma doença. Ele sacrificou sua forma humana, e se transformou em um meio-demônio com pelos avermelhados, chifres e pés de cabra. O kit completo. Quando sua esposa melhorou, ela simplesmente o deixou por outro. É. Mas antes ela vomitou, ao olhar pra ele. VOMITOU.
“Eu poderia aguentar quem você era antes, mas agora? Não sou capaz de lidar com isso”. Foi o que ela basicamente disse ao olhar para a nova forma dele.
Geryon, então, desenvolveu um extremo ódio pela sua aparência. Provavelmente já tendo planejado isso, Lúcifer o colocou para guardar a porta do inferno pelo resto da vida dele. Isso já foi há milhares de anos, tanto que ele nem mesmo se lembra mais de como é ser humano. Tudo o que ele conhece é o cheiro de gás e os gritos das almas dentro do inferno.
Ah, e desejo.
Todos os dias, Kadence vem verificar o estado da parede do inferno. Kadence é a deusa da opressão, filha da deusa da felicidade. Ela foi “convidada” a guardar a parede do inferno, contra a sua vontade, pelos deuses maiores que temiam o controle que ela poderia ter sobre eles. Como deusa da opressão, ela basicamente poderia ordenar que qualquer um fosse submetido à sua vontade. Esse é um poder que ela constantemente reprime e teme, dado que ela tem péssimas memórias sobre seu poder em relação à sua mãe. A alma dela é agora vinculada à parede, de forma que ela sente sempre que a parede é atacada pelos demônios que tentam sair desesperadamente.
Geryon é absoluta e completamente apaixonado por Kadence, por mais que eles nunca tenham trocado mais que algumas palavras diárias sobre a parede. Ele a observa como um adorador reverenciando sua divindade, mas obviamente não se acha digno de tal comportamento. A luta interna, que ele constantemente perde, contra a sua vontade de admirá-la é algo que ela percebe, e se sente inclinada a retribuir.
No começo do livro, Kadence está em uma de suas visitas diárias à parede do inferno, e percebe uma rachadura. Ela questiona Geryon, que informa que são os piores dos piores demônios que estão tentando escapar. Kadence, que está conectada com a parede por uma conexão mais forte do que ela pensa, sente todos os ataques como dor em sua forma física. Ela é uma deusa, mas não é imortal, assim como Geryon.
A ideia brilhante que ela tem é de entrar no inferno e acabar com esses demônios antes que eles destruam a parede. Não vou nem comentar como é que ela, uma única pessoa, medrosa como é, quer enfrentar os piores dos piores demônios. E ela ainda chama o Geryon pra ir junto. Ele obviamente não pode deixar os portões do inferno sem proteção, então se recusa. Afinal, ele só está seguindo ordens. Ela decide, então ir diretamente ao encontro de Lúcifer para barganhar.
O livro descreve essa cena de forma bem perturbadora, inclusive pontuando que Lúcifer é uma entidade que gosta de brincar com as fraquezas das pessoas. Aparentemente, ela já sofreu muito por causa disso. Por causa dele. Ela treme de medo ao ir de encontro a ele, e deixa bem claro em suas palavras o que ela quer, ainda que o livro esconda boa parte da cena. Lúcifer, então, depois de barganhar algo em específico, liberta Geryon de seus deveres para que ele possa acompanhar Kadence na jornada para dentro do inferno, para lidar com os piores dos piores demônios.
Miga, no que diabos você estava pensando?
O romance é tipo um Bela e a Fera. Duas pessoas presas no mesmo local, que acabam desenvolvendo sentimentos um pelo outro. O livro alterna o seu ponto de vista, sem deixar muito claro quando está sendo narrado pela visão de Kadence ou de Geryon. O engraçado é que, com essa maneira que a autora faz essa troca, você consegue imaginar o que o outro personagem está pensando, mesmo lendo a narrativa do outro. É uma forma fluida de narrar os dois pontos de vista ao mesmo tempo.
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