spoiler visualizarAna 27/12/2012
Devaneios Literários e Libertários
Muito mais do que uma obra literária...início de um movimento libertador! O conteúdo realista presente no livro "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, é uma completa revolução literária. Aborda a condição da mulher sobre a qual pesa mais a crueldade, as convenções sociais, impedindo que viva plenamente seus sentimentos. A narrativa na terceira pessoa, de origem francesa, contém 360 páginas, tradução a partir de texto integral, apresentações e notas de Fúlvia M. L. Moreto. Publicado no ano de 2007 pela Editora Nova Alexandria - São Paulo. A personalidade literária de Gustave Flaubert (1821- 1880), dotada de agudo senso crítico que o distanciou do exaltado gosto romântico da época, levou-o a tornar-se um dos maiores prosadores da França no século XIX. O romance "Madame Bovary" é a sua obra-prima. Baseado em fatos da vida real, o livro, que Flaubert levou cinco anos para escrever, causou forte impacto, a ponto de gerar o processo no qual o autor escapou de ser condenado à prisão, graças à habilidade da defesa, que transformou a acusação de imoralidade na proclamação das intenções morais e religiosas do autor. Nem moral, nem imoral, a narrativa é uma devastadora crítica das convenções burguesas do seu tempo. A narração parte de uma experiência do escritor, médico de profissão, escritor por vocação que estando em Rouen, perto de Paris, toma conhecimento do suicídio de uma jovem senhora, que depois de ter levado o marido à ruína ingere arsênico e falece. Flaubert esteve durante oito anos pesquisando a vida desta senhora e como requer o romance realista, em posse de dados muito próximos da realidade escreve este romance. Ele divide o texto em três partes. A primeira conta a hist´pria de Charles Bovary, primeiro sua infância, logo depois, rapaz, formando-se em medicina e passa a ser médico rural, é um homem inseguro, medíocre, culturalmente limitado, mas correto e de bom coração. Passa por um casamento, com uma mulher mais velha, ela morre. Emma,entra em sua vida, casa-se com ele e fica grávida. Na segunda parte, temos a apresentação de Emma, agora Emma Bovary, é mais concisa, o seu processo de formação e degradação está centrado no choque entre a essência e a aparência. Uma jovem bonita e requintada para os padrões provincianos, nem o nascimento da filha trás alegria ao entediante casamento. Ela se sente presa e, distante da sociedade alta-burguesa, vivendo em uma região interiorana, cada vez mais, vê sua vida medíocre, monótona, inspirada nos romances românticos que lia procura rotas de fuga de sua realidade. Ela quer sempre mais. Mesmo que esse mais, seja proibido. É onde começa a trama da história, o tema interno, focado no adultério, a vivência de seus desejos, a insatisfação na vida da personagem principal, O autor por sua vez, fez através de seu romance uma crítica ao clero e à burguesia da época. Na terceira e última parte, Emma Bovary chega ao ápice de sua histeria, se funda em dívidas e problemas. Flaubert, descreve precisamente o agonizante desfecho da personagem ao cometer suicídio. Disse Flaubert: "Quando eu escrevia sobre o envenenamento de Madame Bovary, eu tinha claramente o gosto do arsênico na boca, eu mesmo estava tão envenenado que tive duas indigestões, uma seguida da outra - reais..."(A hippolyte Taine - 20/11/1866). ao longo do tempo, Madame Bovary tornou-se uma obra de grande influência para todas as mulheres do mundo todo, na luta pela sua liberdade e conquista pelos mesmos direitos. Mostrando que toda mulher pode ter seu espaço dentro da sociedade como vêm acontecendo nos dias de hoje. Mais que uma história, foi, e ainda não deixa de ser, uma conquista libertária, liberdade de expressão, de vontades, sentimentos, padrões e, principalmente literária.