Sô 25/10/2019Há uns anos atrás, por gostar muito de Gilmore Girls, comecei o tal do Rory Gilmore Book Challenge, e apesar de hoje em dia não ter o objetivo de concluir tal lista, gosto de continuar nesse projeto por um único motivo que é o de conhecer títulos que de outra forma eu não teria contato e nunca ficaria sabendo da existência. O Ano do Pensamento Mágico é um desses livros. Somente depois de terminar que descobri inclusive ser ganhador de um Prêmio Pulitzer.
É um livro de não-ficção na qual Joan Didion, a autora, conta sobre a sua experiência com o luto. Em 30 de Dezembro de 2003, depois de mais um dia normal, seu marido John sofre um ataque cardíaco fatal, bem na sua frente, terminando assim um relacionamento de quase quarenta anos.
Para piorar a situação, sua única filha, Quintana, está internada em estado grave depois de ser diagnosticada com choque séptico. Foi justamente logo após uma das visitas ao hospital que John acaba morrendo.
É muito interessante entrar na cabeça de uma mulher, até então, completamente racional, afirmando que não poderia doar os sapatos do marido porque ele poderia voltar. Se doasse as córneas, como ele iria enxergar? Que se não anunciasse ao mundo que ele havia morrido, haveria uma chance de ele retornar. Coisas assim, completamente absurdas, são encaradas como normais. Sinal gritante de que o luto realmente mexe com a capacidade de julgamento das pessoas, daí o título do livro.
Não consigo nem imaginar uma dor dessas, mas por incrível que pareça, como se isso tudo não fosse trágico o bastante, a autora vai sofrer mais uma perda no ano seguinte: Quintana acaba não sobrevivendo. Isso não consta no livro, porque ela já havia terminado de escrevê-lo e já estava prestes a lança-lo. Ela optou, então, por escrever um outro livro somente a respeito da perda da filha, chamado Blue Nights.
Gostei bastante desse livro. As 100 primeiras páginas são absurdamente interessantes e li essas 100 páginas numa tacada só. O problema é o restante. Eu sei que talvez seja característico do próprio processo de luto, mas ela entra num looping repetitivo de acontecimentos que acabam cansando.