Josi 05/06/2024
Afinal, qual a finalidade de nossa existência? Essa é uma complexa questão abordada por Tolstói nesse pequeno e intenso livro.
"Eu mesmo não sabia o que queria: tinha medo da vida, desejava me livrar dela e, no entanto, ainda esperava dela alguma coisa."
Publicado em 1882, esse relato autobiográfico, de tom bastante intimista e pessoal, é resultado de uma crise existencial pela qual o autor se viu acometido, ao passar a se indagar sobre o real propósito da vida.
Em uma época em que a depressão ainda não era uma doença reconhecida, Tolstói expõe, de forma bastante melancólica e pessimista, sua apatia diante da vida, que o faz buscar insistentemente uma razão para seguir em frente e até mesmo cogitar pôr um fim ao seu sofrimento.
Em sua incessante tentativa, por diferentes meios, de encontrar as respostas que procurava, o autor faz alguns questionamentos bastante pertinentes sobre a postura e a utilidade da religião e da ciência. Achei particularmente interessante (e de uma atualidade impressionante) quando aborda a divisão e o antagonismo entre as diferentes vertentes religiosas, cada qual defendendo sua doutrina como a verdadeira.
Diante de todo esse vazio existencial, é entre os mais humildes que chega a uma resposta minimamente satisfatória para sua busca. Sendo parte da elite intelectual e financeira, Tolstói encontra na resiliência e simplicidade dos camponeses a motivação para viver e se reencontrar com a fé.
Assim, seu breve relato, tão sombrio no início, ganha ares mais otimistas no final.
Em diversos momentos, me reconheci nos sentimentos do autor, pois já me peguei fazendo muitos dos seus questionamentos, então foi um livro que me despertou uma forte identificação.
Para quem gosta de não-ficção, com teor mais filosófico, recomendo fortemente essa leitura, que apesar de curta, é intensa, por vezes pesada, mas traz uma profunda reflexão sobre o sentido da vida.