Márcia 12/08/2011Respeitar a cultura alheia é essencial
Acho que essa foi uma das minhas leituras mais demoradas. Não exatamente por culpa do livro em si, mas por que ele também não é daquele tipo que você arranja um jeitinho de ler (no ônibus, em fila ou na aula) mesmo sem tempo. Esse é um livro que se lê quando dá; é gostoso, mas não irresistível.
O estilo da narrativa é bem interessante. O teor é realmente de memórias, mais como um diário. A retratação da cultura das gueixas é incrível. Elas são descritas de maneira respeitosa e o livro é maravilhoso para quem tem curiosidade por essas figuras tão misteriosas e polêmicas.
Sempre tive aquela imagem de gueixa como sendo uma espécie de prostituta japonesa de luxo. Mesmo depois de ler esse livro, talvez alguém ainda pense assim, mas eu compreendi que a cultura alheia é muito mais ampla do que eu possa compreender. Se eles tem escolas para formar essas moças é porque faz parte da cultura deles.
Mas há também “o outro lado”, o obscuro, pelo qual as moças passam até chegarem até essas “escolas” e também tudo que elas passam lá para que sejam aceitas numa sociedade voraz e por vezes cruel de competição e interesses. A vida delas não é fácil, mas há aquela espécie de recompensa glamourosa em ser invejada, admirada e extremamente desejada.
Quanto à protagonista, o livro todo simpatizei com ela, com a triste história de sua vida e sua luta para chegar ao topo, até mais longe de onde poderia chegar como gueixa. Acompanhar seu amor, a principio impossível, ganhar forma e cor na realidade, foi emocionante.
O livro é cheio de detalhes lindos, que fazem toda a diferença. Sem clichês irritantes escancarados, apenas uma história de amor apaixonante. A narrativa é rica – de cultura, de emoções e de aprendizados. A leitura é realmente muito gostosa, e, embora tenha demorado muito, não me arrependo dos dias que levou.