Arthur 14/07/2021
"A forma de uma cidade muda mais depressa do que o coração de um mortal"
Escolhi a frase de Charles Baudelaire - utilizada pela autora na conclusão do livro - como título da resenha por representar bem o entendimento dela, e da Geografia, sobre "o que é a cidade".
De forma muito didática, Ana Fani (sem intimidade, apenas como costumávamos nos referir à professora Ana Fani Alessandri Carlos na minha época de graduação), importante intelectual da geografia, define a cidade a partir dos seus fixos, mas também dos seus fluxos.
Sendo assim, o livro explica porque a cidade pode ser compreendida como a materialização da produção humana, mas porque os seus símbolos e conteúdos são dinâmicos, na medida que o tempo avance (cronológico e técnico).
A cidade, assim, é palco da influência do capital, mas também resultado das condições de reprodução da vida humana. A ideia aqui, tal qual em David Harvey, é que as cidades são espaços de luta. A luta dos contrários, de Milton Santos.
Importante ressaltar que dentro dessa lógica de espaço de luta, Ana Fani destaca a segregação espacial existente nas cidades, bem como salienta a importância de que os cidadãos tenham direito à cidade, na lógica de Lefebvre: habitar, transitar, acessar os espaços de lazer...
Uma leitura introdutória sobre o tema, mas que pode elucidar bastante a compreensão do urbano e das cidades.