Lauraa Machado 13/09/2017
Um conto de romance
Eu conheci a autora, Isabelle Leal, na Bienal 2017 semana passada, ela é minha colega de editora, e posso honestamente dizer que ela é super fofa, uma querida! Tão fofa quanto essa capa! Foi muito legal para mim poder comprar seu livro e ganhar um autógrafo! E foi lá que eu descobri que ela só tem 14 anos!
Eu sou uma pessoa extremamente honesta quando vou dar minha opinião sobre alguma coisa, principalmente sobre livros. Esse daqui é um romance, mas deveria ser considerado apenas um conto, porque ele é bem pequeninho. Dá para ver desde o começo que é o primeiro livro de uma autora bastante jovem. Eu mesma, quando tinha já 16 anos, escrevi uma história extremamente parecida com essa. Acho que a base dela é bastante comum em primeiras histórias, de pessoas mais inexperientes, tanto como escritoras, quanto na vida mesmo. E, infelizmente, o livro não teve muita chance de se desenvolver.
Acho que o problema foi mesmo o tamanho dele. Se pudesse dar um conselho pra autora, diria que ela precisa trabalhar mais cada cena. Só contar presencialmente o que é necessário, mas explorar cada cena nos mínimos detalhes, desde as menores ações, olhares, toques, expressões e reações, até as palavras que são ditas. Se a história tivesse sido contada com um pouco mais de calma, se ela fosse bem maior, daria para a autora se aprofundar em muitas questões importantes que apareceram pela história. Mas, com só 150 páginas, tudo ficou um pouco superficial.
Eu gostei da personalidade da protagonista, ainda que também pudesse ter sido trabalhada bem mais, mas me incomodei desde o começo com ela odiando o Rafael, simplesmente porque achei que não havia muita razão para isso. Como disse, teria ficado melhor se o ódio mútuo tivesse sido construído de pouco em pouco, que até a cumplicidade deles tivesse nascido devagar e se firmado sem precisar de romance logo de início.
Mas, como eu disse, ainda é o primeiro livro de uma autora muito jovem, que tem bastante potencial para melhorar bem! O livro carrega muitas cenas forçadas que são bastante comuns para autores adolescentes, como coincidências atrás de coincidências que deveriam ser consideradas perseguições, brigas que começam do nada e acabam do nada e um poder de ir para onde querem quando querem aos personagens adolescentes que só existe mesmo no imaginário de pessoas da mesma idade. Acho até que algum dia talvez a autora devesse reescrever essa história do começo, dar mais tempo entre tudo, ter um pouco mais de paciência ao descrever as cenas e as emoções. O livro só tem 150 páginas, mas se passa praticamente em onze meses, entende? Eu teria gostado de passar mais tempo nesse mundo, se ela tivesse se dedicado aos menores detalhes dele também.
Como eu disse, a autora tem potencial e, se continuar nesse caminho, trabalhando e sempre melhorando, ainda vai ser uma ótima escritora!