Caverna 26/11/2017
Louisa não tem casa, dinheiro nem família. Em pleno século XIX, Louisa se passa por vidente para descolar o mínimo para sobreviver logo após ter escapado do internato inglês onde a avó a colocou e onde sofria mal tratos.
No dia em que uma velha vem lhe oferecer emprego em uma hospedagem, ela estranha. A velha não parece exatamente confiável, mas a ideia de uma cama onde descansar e comida bem feita acabam a convecendo. No caminho, a carruagem quebra e as duas são auxiliadas por um cavalheiro chamado Lee e seu tio mau-humorado, que por acaso estavam indo para o mesmo destino que elas.
Ao chegar à casa Coldthistle, Louisa está tão cansada que se sente apenas agradecida em arranjar um emprego de criada, mas ao passar dos dias, essa sensação passa a se tornar assombro e desespero.
Tudo o que Louisa mais queria era um lar.
E agora, tudo o que ela mais queria era escapar de Coldthistle.
Louisa começa a suspeitar das forças que circundam a hospedagem a partir do momento que enxerga uma porta verde que não existe. Embora os outros criados sejam simpáticos e acolhedores, ela sente como se algo estivesse errado, principalmente ao conhecer Mary, uma garota idêntica à sua melhor amiga imaginária de infância.
As coisas só pioram ao conhecer o proprietário do lugar, o senhor Morningside, que aparenta ser tão jovem quanto ela, e nunca sai de seu escritório. Lá, o homem misterioso guarda sua coleção de aves, e também revela a sua verdadeira forma: com os pés virados para trás.
Numa noite, Louisa é dominada por uma vontade incontrolável de seguir as escadas para os níveis superiores, onde nunca foi permitida entrar. Em sua busca, ela encontra um livro, e ao encostar nele, seu dedo queima, mas apenas isso. Mais tarde, após fugir de seres assustadores nomeados de Residentes que protegem a hospedaria, sr. Morningside conta que todos que encostam no livro, morrem, o que significava que havia algo especial e mágico em Louisa.
Graças ao livro, Louisa não conseguia ir muito longe da casa sem antes ser detida. Desesperada por encontrar uma fuga da loucura que via diariamente, ela se depara com o diário de ninguém mais que o sr. Morningside. Lá, estão as histórias de todas as suas viagens pelo mundo e os seres lendários que conhecera.
Além dos fatores perturbadores acerca dos moradores da casa, um número considerável de mortes de hóspedes fez Louisa compreender que os hóspedes eram, na verdade, atraídos para a casa. Eles iam para Coldthistle para morrer.
Sabendo que Lee era inocente, ela tenta a todo custo alertar o único amigo que fez em um longo tempo e promete a si mesma ajudá-lo a escapar, mas pra isso ela precisará de provas pra apresentar ao sr. Morningside de que Lee realmente não merece estar ali.
Após algumas experiências envolvendo os hóspedes, Louisa terá que escolher em quem deve confiar, se nos até então inocentes, ou se nos misteriosos criados acolhedores capazes de matar alguém com o próprio grito.
Sejam bem-vindos à casa Coldthistle!
Tenho certeza que a resenha não ficou nem um pouco próxima de tudo o que experimentei lendo a obra, mas fiquei com receio de contar demais da história e entregar os segredos que a Casa das Fúrias esconde.
O primeiro ponto que me fez colocar Casa das Fúrias na minha lista de leitura foi a autora Madeleine Roux. Acompanhei a série Asylum dela e gostei muito, então já esperava por uma história extraordinária vindo de sua nova série.
Falando sobre a edição, a Plataforma 21 novamente arrasou, caprichando na capa e nas páginas dos capítulos. Assim como Asylum, Casa das Fúrias possui imagens que remetem ao terror em algumas páginas, mas infelizmente a tonalidade de azul prejudicou muito a qualidade das imagens. As páginas são tão escuras que nem dá pra decifrar direito a imagem. A grande maioria, sim, mas algumas distantes ficaram tão pesadas que nem chega perto de passar medo, porque você não consegue enxergar com clareza quase nenhum detalhe delas, só o básico num geral. Achei isso bem ruim, mas imagino que não tenha sido culpa da editora, e sim da obra original que veio em tom similar. Asylum já continha figuras pouco assustadoras, e Casa das Fúrias tem menos ainda.
Sendo sincera, acho que Casa das Fúrias é uma história 99% fantasia. Apesar da capa, premissa e cores usadas indicarem terror, a história é pura fantasia, contando com seres lendários como banshees, barqueiros e lobos. Não esperava por uma obra inclinada à fantasia sombria, então fiquei contente com a leitura. Um suspense bem desenvolvido e que te deixa ansiando pelas respostas.
Os capítulos são curtos, e em alguns, a autora disponibiliza partes do diário do sr. Morningside, junto de desenhos que representam o ser tratado naquela parte em específico. Não duvido que futuramente a autora publique um conto com todas as histórias dele, e inclusive espero muito que ela faça isso! Adorei as vivências dele, deixam a gente com um gostinho de quero mais.
Quanto aos personagens, cada um possui uma característica marcante, mas acho que num geral faltou mais descrição a respeito de suas personalidades e origem. Ainda assim, chegou uma hora que eu me peguei perguntando porque a Louisa ainda desejava fugir se eles a tratavam como família. Lee é o único hóspede com atitudes altruístas e bondosas, aquele personagem que dá vontade de colocar num potinho e sair correndo pra que nada o machuque. Por outro lado, sua bondade exagerada às vezes parecia dar a entender que ele era bem bobo e ingênuo. Louisa é uma personagem que tem suas descrenças, compreensíveis inclusive, visto o internato de onde fugiu, então é a única com coragem para enfrentar o sr. Morningside e questioná-lo.
Em suma, Casa das Fúrias é o primeiro volume de uma série que te faz duvidar sobre o certo e o errado, e temer mais a maldade humana do que a sobrenatural. Um mistério bem construído, com uma escrita envolvente e ágil que vai te prender na leitura.
site: https://caverna-literaria.blogspot.com.br/2017/11/casa-das-furias.html