Fernando Lafaiete 10/12/2018As Crônicas de Spiderwick: "O combustível que minha criança interior estava precisando."******************************NÃO contém Spoiler******************************
Falar de livros infantis é sempre um prazer inigualável para mim. Minha criança interior sorri de orelha a orelha quando alimentada por histórias como As Crônicas de Spiderwick. Muito se fala sobre esta série e alguns até se arriscam a já classificá-la como um clássico moderno da fantasia infantil. Mesmo sendo bombardeada de elogios, sempre tive um pé atrás em lê-la, simplesmente por ser escrita por Holly Black, autora esta, cujo meu contato com a mesma se limitava a apenas um livro e uma série.
O Canto Mais Escuro da Floresta é certamente um dos piores livros de fantasia que já li. Já a série Magisterium, que Holly escreve em parceria com Cassandra Clare, me agrada bastante. Sendo assim, eu muito me questionava; gosto ou não gosto desta autora? Magisterium me agrada apenas por ter o toque de Clare? Estou sendo injusto com Black tendo como base uma bagagem tão limitada das obras da autora?
Depois de muito me questionar e pensar a respeito das questões levantadas, resolvi dar uma chance para sua aclamada série infantil. As Crônicas de Spiderwick é formada por 5 livros. Sendo eles: 1. O Guia de Campo; 2. A Pedra da Visão; 3. O Segredo de Lucinda; 4. Árvore de Ferro e 5. A ira de Mulgarath. As obras possuem belíssimas ilustrações de Tony Diterlizzi e se você as ler na edição física, perceberá que elas foram concebidas como se tivessem sido escritas manualmente, com desenhos com traços caseiros, aparentemente desenhados também a mão. Um trabalho primoroso que dá um toque a mais.
As famigeradas crônicas trazem três irmãos que se veem obrigados a se mudarem para um casarão isolado após a separação dos pais. É nesta estranha moradia que Jared, uma das crianças, um rapazinho de 9 anos de idade, irá encontrar por acaso um livro que contém anotações sobre todo tipo de criaturas mágicas, seus lares e seus pontos fracos. É devido a esta descoberta que a casa e seus arredores passa ser dominada por esses seres mágicos, alguns perigosos, outros nem tanto.
A escrita é simples, objetiva, divertida, envolvente e completa. A narrativa de Holly Black me encantou e eu adorei os 5 volumes compilados na edição americana que li. Os personagens são maravilhosos e os três irmãos criados pelo autora me conquistaram no mesmo nível que os irmãos Baudelaire de Desventuras em série. A escrita de Lemony Snicket é mais audaciosa e as situações um pouco mais adultas. Mas o ar aventuresco, a união dos irmãos e suas personalidades e habilidades individuais que se completam, me lembraram bastante a icônica e enigmática obra de Snicket.
Os diversos aspectos mágicos me trouxeram também nostalgia de Harry Potter e algumas vezes lembrei também de As Crônicas de Nárnia. Foi uma leitura deliciosa do começo ao fim. O clima sessão da tarde é bem presente e o desfecho da obra como um todo é bem satisfatório.
Óbvio que não temos nada complexo. As situações são apresentadas e resolvidas de maneiras bem rápidas. Não poderia ser diferente levando em consideração o tamanho dos volumes, que possuem menos de 200 páginas cada um.
Eu posso dizer com convicção que Holly Black cria e desenvolve com segurança personagens infantis. Mas ainda não sei o que pensar sobre seus personagens adultos e adolescentes. Os jovens de Magisterium eu nem considero, por serem criações de duas autoras. Os de O Canto Mais Escuro da Floresta eu prefiro esquecer de tão ruins que achei. Mas graças Às Crônicas de Spiderwick, continuarei lendo a autora. Agora o lado positivo está pesando mais que o negativo. Que continue assim e que a partir de agora eu só tenha boas experiências com esta tão amada e elogiada escritora.
Se gostam de histórias mágicas que trazem a tona sua criança interior como fez com a minha; As Crônicas de Spiderwick é leitura acertada. Indico sem medo, principalmente para aqueles que gostam de ser uma criança no corpo de um adulto, assim como eu. Obras como esta só me fazem entender que o tempo passará, que envelhecerei, mas que nunca deixarei de ler livros como esse!