O Livro do Juízo Final

O Livro do Juízo Final Connie Willis




Resenhas - O Livro do Juízo Final


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Coruja 05/10/2017

Viagens no Tempo, Empatia e Religião
O que você faria se pudesse estudar História viajando pela História? É isso que acontece no futuro não-tão-distante de 2054, no Departamento de História de Oxford, cenário que abre O Livro do Juízo Final e que eu estava extremamente ansiosa para ler desde que tive o prazer de descobrir Connie Willis, em duas antologias de contos, no ano passado. Se bem que muito antes disso, meu amigo Enrique já tinha feito a indicação de To Say Nothing of the Dog, que se passa no mesmo universo, de forma que preciso dedicar o texto de hoje a ele. Sério, Enrique, muito obrigada por ter me apresentado à Willis.

Enfim, a história começa com Kivrin, uma estudante de Oxford, preparando-se para uma viagem até o período medieval, para grande consternação do professor Dunworthy - que embora não esteja ligado aos estudos de Idade Média, foi tutor da moça e tem uma ligação até paternal com ela. É a primeira vez que um salto - como se chama o ato de ir ao passado - é feito até o período, já que, em razão das doenças, perseguições às bruxas, criminalidade, falta de saneamento e outras questões complicadas, a Idade Média tem uma nota alta na escala de periculosidade. E isso só ocorre porque o reitor da faculdade de História está de férias e seu substituto, o professor Gilchrist, acha que todos os relatos medievais macabros são, na verdade, um grande exagero e essa é uma perfeita oportunidade de ele mandar um aluno para a época e ganhar os louros. Dunworthy tenta de todas as maneiras demover Kivrin de fazer a viagem, mas ela está decidida e assim é que, quase às vésperas do Natal, ela é enviada para o meio de estrada entre Bath e Oxford, no Ano da Graça de 1320, devendo passar as próximas duas semanas num vilarejo que está sendo escavado por uma de suas professoras no presente.

Exceto que… alguma coisa deu errado. Logo após realizar o procedimento, o técnico responsável pelo salto procura Dunworthy para avisar que algo não seguiu os parâmetros, mas antes de poder explicar o que aconteceu, cai terrivelmente doente. Numa época em que historiadores podem fazer viagens no tempo como projeto de faculdade, é óbvio que a medicina evoluiu de tal maneira que a doença do técnico é uma situação fora da curva e assim é que, em vez de simplesmente seguirmos Kivrin para o passado, permanecemos no presente, onde o que parece uma simples gripe revela-se um vírus violento, que rapidamente se espalha. Oxford fica de quarentena, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças correm contra o tempo para sequenciar o vírus e encontrar uma vacina e Dunworthy tenta de tudo para descobrir o que fazer por Kivrin, sem ter ideia sequer se ela conseguiu chegar ao local que deveria chegar… e se foi exposta à influenza antes de ir ao passado.

E, de fato, Kivrin chega ao seu destino quase delirante, com sintomas já bem avançados do vírus. Por sorte, a médica responsável por sua preparação para o salto lhe deu tantas vacinas e reforços imunológicos - incluindo até uma imunização para a peste bubônica - que ela consegue reagir o suficiente e se descobre acolhida na casa de uma família de algumas posses, numa vila próxima a Oxford. Ali, ela passa sua convalescença e começa suas pesquisas, observando as damas da casa, Imeyne e Eliws; as filhas, Rosemund e Agnes; os servos e também o padre da vila, o gigante (e um tanto assustador à primeira vista) padre Roche.

O enredo se alterna em capítulos na Oxford de 2054 e a vila medieval, entre o caos social que se instaura com a quarentena numa, e os preparativos para o Natal e o cotidiano de uma casa senhorial noutra. O interessante é que esses dois focos narrativos são presididos por acadêmicos, mas tanto o professor Dunworthy quanto Kivrin perdem qualquer distanciamento e objetividade, ele em sua preocupação com ela; e ela, no seu interesse pela família que a acolheu. Observar o contraste na forma como os acontecimentos evoluem é também uma das grandes jogadas do livro, porque a situação nos dois focos é paralela - pela preocupação com os outros, pela questão da doença e pelo papel da religião.

Não é por acaso que a história se passa no período natalino. Dunworthy constantemente compara sua situação com Kivrin com Deus e Jesus - “Ele que mandou seu filho para o meio dos homens”, mas que, na visão de Dunworthy, teria se arrependido, mas então era tarde demais e o filho já estava perdido e ele era incapaz de encontrá-lo, e depois o “Pai, por que me abandonaste”, a sensação de Kivrin de não conseguir encontrar o local do salto, o fato de as coisas terem dado errado e ela não estar exatamente quando deveria estar. Eles estão constantemente perguntando a uma divindade ausente “por quê?”, enquanto tentam desesperadamente fazer o seu melhor, as pessoas começam a morrer e parece impossível que isso possa terminar num final feliz - o que é curioso, porque a primeira metade do livro te arranca gargalhadas com a fleuma britânica de muitos dos personagens; aí você chega na terceira parte da história e começa a chorar sem parar.

Willis consegue passar muito bem a sensação de impotência e desespero dos personagens, especialmente no caso de Kivrin - ela dá pistas e nos prepara para o que vai acontecer desde o começo, mas quando afinal entendemos o que o técnico tão desesperadamente queria dizer a Dunworthy que dera errado… já é tarde demais.

Quando peguei O Livro do Juízo Final pela primeira vez, fiquei impressionada com o tamanho dele, porque, ao menos em princípio, a sinopse soava bem clara e, o contato que eu já tivera com o estilo de Willis me dizia que ela era uma escritora que não se perdia em muitos arrodeios, era bem direta. Mas cada uma das mais de quinhentas páginas do livro são necessárias; cada um dos personagens está ali por um motivo, ainda que alguns deles sejam bastante estereotipados. Aliás, é engraçado observar que Kivrin parte para a Idade Média repleta de pré-conceitos, mas os estereótipos estão muito mais relacionados aos indivíduos do seu presente: professores cegos pelo ego ou por suas próprias pesquisas; rapazes conquistadores, secretários preocupados, mães superprotetoras, as sineiras americanas - em contraste às personalidades bem melhor desenvolvidas dos medievais.

Fato é que é fácil se apegar a todos que Willis nos apresenta aqui; Kivrin, com sua curiosidade e entusiasmo, Dunworthy, preocupado, sempre ocupado, mas também sempre a serviço, sem perder a humanidade; Colin e a doutora Mary Ahrens, Agnes, Rosamund, padre Roche… E, caramba, daria para escrever um ensaio inteiro sobre a simplicidade, a fé e o desvelo de padre Roche.

É difícil falar muito mais sem entregar um dos pontos principais do plot, o que torna tudo tão mais trágico. Mas é importante perceber que, mesmo quando tudo parece completamente perdido, - na verdade, quando as perdas se somaram tantas que estamos já de coração partido - não se perde a esperança. Ter consciência de que não existe ajuda a caminho e mesmo assim continuar fazendo a sua parte, esforçando-se, tentando auxiliar… o que Kivrin faz naquela pequena vila pode parecer, para ela, algo insignificante no grande esquema das coisas, mas, como Colin observa quando faz a comparação com o outro vilarejo pelo qual ele e Dunworthy passam em busca da estudante, faz toda a diferença: ela impede que as pessoas ao seu redor esqueçam que são humanos e os impele a acreditar.

O título da história é uma referência aos Anais da Irlanda, diário escrito pelo monge John Clyn, cujo relato é uma das nossas principais referências para o que aconteceu na Europa no período da Peste Negra. Clyn é a epígrafe que abre o livro - Kivrin até brinca batizando sua gravação das observações do que está vendo na Idade Média de “Livro do Juízo Final” como uma referência aos escritos do monge e em razão da litania de apreensões do professor Dunworthy - e suas palavras são uma citação constante:
E, para que coisas que devem ser lembradas não sucumbam ao tempo nem se desvaneçam da memória dos que virão depois de nós, eu, vendo tantos males e vendo o mundo, por assim dizer, sob a garra do Maligno, e estando eu próprio como se já entre os mortos, eu, esperando pela morte, deliberei colocar por escrito todas as coisas que testemunhei.
“Para que coisas que devem ser lembradas não sucumbam ao tempo” é o grande tema da história, seja no passado ou no futuro. Os que deveriam ser um objeto de estudo acabam se tornando amigos; quem deveria ser uma aluna é vista como uma filha. Kivrin é a responsável por preservar a memória daqueles que conheceu na Idade Média, da coragem e da tristeza que presenciou; Dunworthy não pode esquecer, carregando consigo a imagem de Kivrin mesmo que tudo pareça perdido. Eles são testemunhas de seu tempo, mais que historiadores imparciais, participantes e catalisadores da ação.

O final da história é em aberto e um tanto agridoce. Há duas ‘continuações’, mas não de forma direta - a noveleta Fire Watch e To Say Nothing of the Dog se passam no mesmo universo, mas com outros personagens. Não acho, contudo, que seja necessária uma continuação. Kivrin nos contou sua história, a história de Agnes e Rosemund, do padre Roche e de Lady Imeyne e tantos outros que apareceram em seu caminho. Fica, ao término, as lições que eles lhe deram, a certeza de coisas terríveis e coisas maravilhosas, de amizade e solidariedade, de conviver com as perdas e continuar. É uma história para emocionar, para refletir e levar para a vida. Para mim, tornou-se um favorito, sem dúvida.

site: http://owlsroof.blogspot.com.br/2017/10/o-livro-do-juizo-final-viagens-no-tempo.html
Lorena 09/10/2017minha estante
Ótima resenha. Agora sou obrigada a comprar esse pra ler! Huahaha


Coruja 16/10/2017minha estante
Obrigada, Lorena! Espero que goste do livro!


Marcio Garcia 16/02/2021minha estante
É tudo isso e mais um pouco. Muito talento em sua ressenha.




Moni Luz 19/09/2017

Um espetáculo!
No ano de 2054, a viagem no tempo já é uma realidade. A realização de saltos temporais é feita, principalmente, pelos historiadores que querem pesquisar e vivenciar melhor determinado período da história. As Grandes Guerras? A construção de algum grande monumento? É possível voltar para lá. Desde que o historiador esteja no local e horário designado para o retorno, ou ele ficará perdido no passado.

Kivrin, uma jovem historiadora, deseja voltar para a Idade Média e explorar essa época. Um de seus professores, o Sr. Dunworthy, é contra essa ideia. Além de ser um período perigoso por si só, a Idade Média pode ser ainda mais difícil para as mulheres. Mas Kivrin é obstinada em sua preparação. Aprende inglês médio, aprende a bordar, ordenhar e etc. Mesmo com Dunworthy contra, as coisas avançam rapidamente para que Kivrin realize seu salto, em meio a desavenças institucionais e a insegurança de Dunworthy.

A partir daí, os capítulos alternam entre Kivrin, no passado, e Dunworty, em 2054. Mesmo em períodos diferentes, algo semelhante acontece: Kivrin e Badri (técnico que operou o salto de Kivrin) caem doentes, cada qual em sua época. Antes de desmaiar, Badri diz a Dunworthy que algo deu errado no salto de Kivrin. Então, surge uma corrida contra o tempo para saber o que realmente está acontecendo com Badri. Kivrin pode ter sido exposta ao vírus antes do salto, mesmo tendo tomado todas as vacinas.
No passado, Kirin sabe que tem que marcar o local do salto, mas sente-se tão mal, com dores de cabeça e febre, que não consegue se concentrar e desmaia. Quando acorda, está em uma casa sendo cuidada por uma família.

Kivrin também precisa correr contra o tempo para descobrir exatamente onde é o local do salto para poder voltar ao presente no dia marcado, mas parece que tudo conspira contra. E, assim, ela vai tentando se adaptar à sua rotina como ama, enquanto tenta descobrir com Gawyn o local onde ele a achou desmaiada.

"Ela está a setecentos anos de casa, pensou Dunworthy, num século que desdenhava das mulheres a ponto de nem anotar seus nomes quando morriam."

Kivrin narra toda a sua história através de um gravador colocado em um osso de seu pulso, de forma que ela une as mãos fingindo rezar, quando na verdade, está usando o gravador. Lady Eliwys espera ansiosamente pelo marido, que está em outro vilarejo para um julgamento. Lady Imeyne, sogra de Eliwys, parece não ter nada melhor pra fazer além de imlicar com qualquer um, principalmente o Padre Roche. Agnes e Rosemund são as duas filhas de Eliwys, duas meninas cativantes que trouxeram uma certa leveza em alguns momentos, principalmente a pequena Agnes.

Enquanto isso, Dunworthy tenta descobrir o que exatamente deu errado no salto de Kivrin e como vão conseguir trazê-la de volta, mas Badri está incapaz de fornecer qualquer informação. Em meio a suas preocupações, Dunworthy ainda precisa lidar com sineiras, com Finch (que parece não conseguir fazer nada sem seu conselho), e com o pequeno e intrometido Colin, sobrinho de sua amiga Mary, que veio passar o natal com ela.

Connie Willies poderia facilmente se perder em meio a tantas informações e personagens, mas isso não acontece, felizmente. Ela tem total controle de sua história, e é perceptível o quão profunda foi a sua pesquisa, principalmente para narrar os eventos da Idade Média. Os personagens, todos eles, têm seu lugar na história, mesmo aqueles com os quais não simpatizamos ou aqueles que aparecem esporadicamente na história. Tudo vai se conectando aos poucos, de forma que o leitor precisa estar muito atento, o que é fácil porque a história é ótima.

A autora consegue trazer ainda importantes reflexões sobre vida e morte, sobre se nós realmente não estamos na época em que deveríamos estar. Como os costumes de uma época podem interferir fortemente na vida das pessoas, com meninas jovens prometidas em casamentos a homens obscenos, com mulheres e homens e seus papéis bem definidos em determinado momento da história, com a religião e sua influência, independente do período em que se esteja. Algumas coisas mudam profundamente; outras mudam apenas a roupagem.

O livro termina com um gancho muito bom, e eu espero que os outros livros da série cheguem por aqui, e agradeço à editora Suma por ter cedido essa história espetacular.

site: https://leituravorazblog.blogspot.com.br/
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Bia 01/09/2017

Resenha publicada no blog Clã dos Livros
Antes mesmo de iniciar minha jornada pelo enredo do livro, já estava cheia de expectativas. Afinal, “O Livro do Juízo Final” é vencedor dos prêmios Hugo, Nebula e Locus. Tais premiações, caso vocês não saibam (e vou fazer um resumão para chegarmos logo à resenha), são concedidas aos melhores autores/obras dos gêneros de fantasia e ficção científica.

Assim sendo, já sabia que teria uma obra incrível nas mãos. E tive.

Connie Willies criou uma história completamente original, recheada de contexto histórico.

Tal originalidade começa pelo tempo em que o enredo se passa: ela explora o passado medieval, dos anos 1300, e o futuro enigmático dos anos 2050.

No futuro criado por ela, gripes são praticamente inexistentes, a ciência evoluiu muito. A tal ponto de permitir viagens no tempo. Historiadores exploram o passado indo pessoalmente até ele, através de uma rede complexa, que é operada por uma equipe de profissionais altamente capacitados. Essa rede é completamente confiável e seletiva. Ela não deixa passar nada que possa interferir na história.
(...) Nada que possa afetar o curso da História pode passar pela rede... Radiações, toxinas, micróbios, nada disso passa através de uma rede. Em qualquer um desses casos, a rede simplesmente não abre.
E pra quê viajar no tempo? Para compreender melhor os costumes do passado, para coletar informações valiosas sobre doenças, e assim, contribuir ainda mais para o futuro.

Viajar no tempo não é algo tão simples. Envolve muito aprendizado, pois o historiador que fará esse “salto” (termo utilizado para viagem), precisa estar preparado para se adequar, sem causar estranheza ao passado que irá explorar.

Kivrin é uma jovem historiadora. Aluna exemplar, a preferida do Sr. Dunworthy. Sempre sonhou em conhecer a idade medieval, e por isso não hesitou quando se ofereceu para participar do salto organizado e liderado por Gilchrist.

Dunworthy achou tudo isso uma grande loucura, pois a época medieval era um passado muito distante, um salto que poderia trazer muitos riscos à historiadora. Mesmo com todo o preparo (mudança de aparência, linguagem, vacinas contra doenças da época – tudo para se adequar à realidade do passado); não considerava um período seguro. Vejam bem, apesar de toda beleza desse período, os costumes eram completamente diferentes da atualidade. Estupros eram mais comuns, havia degoladores por toda parte, doenças das mais diversas, e não podemos nos esquecer da Peste Negra, que acabou com vilarejos e cidades inteiras matando a todos os moradores.
"Era um século que tentava curar as pessoas com sanguessugas e estricnina, um tempo em que ninguém ouvira falar de esterilização, ou germes, ou células-T."
Kivrin seria lançada para o ano de 1320, num vilarejo. Antes da Peste, que só acometeu tal região em 1348. Ela iria saltar numa estrada, a principal de Oxford para Bath, e para que se adentrasse em tal vilarejo, diria que havia sido atacada por ladrões.

História convincente, mas mesmo assim não podemos nos esquecer que nessa época, qualquer mulher poderia ser apontada como bruxa e queimada na fogueira.

Além de todos esses riscos que o período medieval trazia, ainda tinha o fato que o salto não foi minuciosamente planejado. Gilchrist não realizou testes, tinha pressa em fazer com que tudo ocorresse rapidamente.
(...) O sujeito não tem noção de como a rede funciona, não tem noção de que existem paradoxos, não tem noção de que Kivrin está ali e de que o que acontece com ela é real e irrevogável.
E mesmo assim, Kivrin saltou. Seria uma estadia de duas semanas mais ou menos.

Na atualidade do enredo, Badri, técnico responsável em monitorar a localização de Kivrin e trazê-la de volta, adoece gravemente, não conseguindo passar informações precisas sobre o sucesso da viagem.

Na era medieval, Kivrin também adoece, não se lembrando do local do salto, fato importantíssimo para o seu retorno.

Fiquei completamente preocupada com essa problemática. Como fariam para resgatar Kivrin? Badri dizia a todo momento que algo havia dado errado, mas o que seria? A doença de ambos teria alguma relação?

Além do mais, se Kivrin estava doente quando realizou o salto, poderia contaminar os contemps (termo utilizado para denominar as pessoas do período), e o “viajante” não poderia de forma alguma influenciar o passado. Se isso realmente ocorreu, seria terrível para o passado e o futuro.

Poderia ter ocorrido alguma falha no sistema?

"O som era amedrontador, mas o silêncio é pior. É como o fim do mundo."

Encantada! É assim que me sinto em relação a esse enredo.

A autora criou uma história tão convincente, que me senti confortável com tudo que ela propôs, inclusive com os termos criados. Era como se todo o futuro de 2054 fosse a minha realidade. A conexão do leitor é muito rápida, os personagens são bem construídos, e nos apegamos a todos eles.

No futuro, a imaginação incrível para criar situações tão convincentes e tão instigantes para o leitor apaixonado por ficção científica. No passado, o estudo minucioso do contexto histórico misturado à fantasia foi tão incrivelmente elaborada, para dar asas a imaginação.

Foi uma leitura gostosa, daquelas que há tempos não fazia.

Falando de uma forma bem pessoal, o livro além de me fazer viajar e me proporcionar prazer; ainda me trouxe muito conhecimento do ponto de vista histórico. Demorei para concluir a leitura porque senti essa curiosidade em buscar mais detalhes da realidade contida ali.

E de uma maneira geral, é um enredo que agrada os que buscam fantasia e ficção científica de qualidade. Não é a toa que recebeu tantas premiações.

Narrado em terceira pessoa, tem uma edição maravilhosa, com capa dura, páginas amarelas e fonte confortável para leitura. A edição faz jus ao conteúdo.

Entrou para o grupo de favoritos da vida. Há tempos não lia uma fantasia que trouxesse tanta empolgação. Aguardo ansiosa pelo próximo livro da série.



site: http://www.cladoslivros.com.br/2017/08/resenha-o-livro-do-juizo-final-sumabr.html
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Lu Oliveira 27/08/2017

''...às vezes a gente faz tudo por uma pessoa, mas isso não basta para salvar a vida dela.''
''Ela está a setecentos anos de casa, pensou Dunworthy, num século que desdenhava das mulheres a ponto de nem anotar seus nomes quando morriam.''

O livro do juízo final é narrado em terceira pessoa, e a história se passa no ano de 2054, onde já é possível fazer saltos temporais não-tripulados e tripulados. Kivrin é uma jovem historiadora com o desejo de saltar para a idade média para explorá-la, mas depois de muito preparo, ela vai finalmente realizar seu desejo. Sr. Dunworthy, um dos seus professores, está muito preocupado com sua ida, pois ela estará exposta a vários perigos daquela época, e tem medo de que possa haver muito desvio no salto e ela não chegue ao local planejado.
Tudo pronto, então é hora de embarcar numa viagem com Kivrin para 1320. À partir daí, teremos capítulos divididos, nos mostrando Kivrin na idade média e Dunworthy e o resto do pessoal no presente.

Acontecem duas coisas distintas: os efeitos do salto de Kivrin não estão desaparecendo e o técnico responsável por mandá-la para a idade média adoece logo após conferir os dados. Kivrin não sabe porque está doente, já que tomou todas as vacinas necessárias antes de ir.
As pesquisas iniciais apontam que Badri tem um mixovírus de Influenza, mas não se sabe de onde teria surgido ou como ele teria contraído.

Á partir daí, será uma corrida contra o tempo para descobrir com quem Badri teve contato e a origem do vírus antes que todos caiam doentes. Esse vírus apenas deixou Dunworthy mais preocupado, pois antes de desmaiar Badri tinha ido lhe avisar que algo estava errado. Surgem algumas perguntas; será que Kivrin foi exposta ao vírus? Será que ela ficou doente? Mas ela não poderia ter ficado doente, pois a rede não abriria e o salto não teria acontecido se algo do tipo tivesse ocorrido.

Ela precisa marcar o local do reencontro antes de sair para explorar o lugar e antes que escureça, mas a dor de cabeça está insuportável e quando menos espera, ela está apagando. Kivrin só tem alguns vislumbres de estar sendo erguida, e sendo levada num cavalo. A febre a faz ter muitas alucinações e quando se recupera um pouco, sabe que está sendo cuidada por uma família. Ela consegue entender o que eles falam, mas eles parecem não entendê-la.

Essa será sua vida por um tempo, e vai ser inevitável não se apegar àquelas pessoas. Ela precisa encontrar uma chance de falar com Gawyn para descobrir onde ele a encontrou na floresta, antes que perca o dia do reencontro. As chances nunca estão a seu favor, e nas festividades de Natal um dos convidados é deixado para trás doente, mas isso não pode estar acontecendo, pois ele apresenta sintomas da Peste Negra e ela só chegaria a Europa em 1348. E agora, será que Kivrin está mesmo em 1320?

Connie Willis soube criar uma história envolvente, e personagens simples que conquistam o leitor logo de cara. A leitura não é nem um pouco cansativa, e termina nos fazendo desejar ter o próximo livro em mãos. A autora retratou muito bem a época e um dos acontecimentos mais marcantes da idade média. Apesar da religião ter um papel muito importante em nossa formação como sociedade, vemos o enorme papel que a Igreja e Deus tem nos tempos antigos.

Com suas palavras, a autora desnuda nossos olhos sobre a morte e vemos como, em nossas horas finais, podemos ser despojados de nossa dignidade.
Recomendo a todos os que amam mergulhar num bom livro.

''...às vezes a gente faz tudo por uma pessoa, mas isso não basta para salvar a vida dela.''

site: https://epigraph9.blogspot.com.br/2017/08/o-livro-do-juizo-final-connie-willis.html
tiagoodesouza 31/08/2017minha estante
Nossa, achei super cansativo de ler. E cheio de partes chatas. Podiam eliminar muita coisa que não faria falta. Bem umas cem páginas a menos


Lu Oliveira 31/08/2017minha estante
Poxa, acho que me envolvi tanto que não queria que terminasse.




JCarlos 14/07/2017

Uma ficção-científica com viagens temporais de inigualável paladar
Neste primeiro livro da série dos Viajantes do Tempo de Oxford, Willis se utiliza dos ingredientes certos para a construção de seu mundo, como só uma boa SF time travel pode mostrar: as possibilidades dos historiadores temporais de explorar o passado da humanidade in loco. A pesquisa histórica é bem desenvolvida. Kivrin é uma protagonista maravilhosa. A leitura é deliciosa e fluente e os personagens interessantes.
Com um final que pede continuação, o que posso dizer? Apocalíptico!
tiagoodesouza 31/08/2017minha estante
Primeiro livro? A editora me disse que é volume único!


JCarlos 31/08/2017minha estante
Não é não. Inclusive tem gancho de continuidade...


Mia 25/10/2017minha estante
É livro único, sim. O que acontece é que a autora escreveu outros livros sobre viagem no tempo, mas as histórias são independentes. Não tem gancho nenhum.




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