Babi159 30/12/2023
Nota de repúdio!
Contém spoiler!
Natasha, uma suposta missionária cristã, acabara de ficar viúva aos 23
anos. Além disso, seu filho, um bebê de alguns meses, também falecera no
acidente de carro que vitimou seu marido. Após meses completamente
devastada, ele decide, por sugestão de um desconhecido, fazer uma viagem
caríssima para Israel. Tadinha, gente, ela precisa relaxar comprando roupas de
grife no lar de Jesus... Que dó!
A garota advém de uma família de evangélicos milionários, uma espécie
de família Valadão, logo não trabalha ou estuda e vive fazendo missões em
locais super “carentes” como Londres. Eles tranquilamente figurariam no “Outfit
do Templo” (deem uma olhada nesse perfil no Instagram para entender o tipo de gente que estou falando).
Apenas por essas premissas, já podemos perceber que a garota não é flor que se cheire, mas a história tende a piorar, pois na tal viagem ela conhece
ainda no aeroporto um judeu. É paixão à primeira decolagem e não demora muito
para ela estar em um encontro romântico com o cara, demorando menos ainda
para dar para ele no primeiro encontro, e logo em seguida se mudar para o
apartamento do cara dando para ele como se não houvesse amanhã, comendo
feito uma glutona e fazendo comprinhas astronômicas, claro!
O judeu é um Nepo Baby, podre de rico (até parece que esse tipo de mulher
se interessaria por um assalariado) e conta que também é viúvo. Natasha,
“cristã”, resolveu viver com ele como uma concubina e engravida do sujeito. Li
resenhas afirmando que o final é o mais surpreendente do livro, mas para mim
o mais inacreditável é uma mulher cristã desrespeitar a Deus, à família e ao seu
corpo em nome de uma paixão. Natasha vive em adultério e acha que está tudo
bem porque ela o ama até descobrir que seu “amado” ainda é casado (sim, sim,
sim) e que a mulher dele está em coma, internada em um hospital perto do ninho
de amor da “pombinha”. A partir dessa descoberta é que a sonsa percebe que
está em adultério e resolve terminar tudo com o tal de Zac... Filha, pelo amor de
Deus, você está há meses dando para um desconhecido e agora percebeu que
está em adultério? Qual Bíblia seu pai e você leram?
E o judeu? Que notei muitas pessoas o achando “fofo”? O querido
simplesmente desrespeita Natasha, comporta-se como um obsessivo, mente,
bebe horrores, é elitista e diminui pessoas pela aparência... Ah, ele usa um quipá
também. É peculiar que a Natasha o ama basicamente por ele ser bonito e ter dinheiro, duas características completamente anti-bíblicas no que tange amar um homem ou uma mulher, e fico assustada com as resenhas achando que ele é o homem ideal. O que há com vocês? Foram possuídas por um espírito de sugar baby?
O final é a cereja no bolo: quando descobre que o amadinho já é casado, Natasha volta ao Brasil para parir a criança, passam-se 4 anos e a piricrente acha um carinha aleatório para casar. Ela também volta a fazer missões... Missões nos EUA, muito provavelmente na Disney, junto com a família Valadão.
Oh, que benção! E ainda envia uma cartinha apaixonada para o judeu, dizendo que o ama para o infinito e além e será sempre sua “pombinha”. Parei de
escrever e respirei fundo tentando não vomitar! E o “melhor”, gente: o livro tem uma sequência na qual parece que, no final, ela fica com o judeu e esse coitado
que ela iria casar é descartado como um copo de plástico. Não tenho como
expressar o tamanho do meu ódio por esse casal asqueroso!!!
Também é curioso que ela não parece ter sido afetada pela morte do filho. Além disso, Natasha não pensou duas vezes em abandonar a fé cristã para viver com um judeu ainda que a família e muito menos Deus aprovassem a união. Ela declara isso categoricamente, inclusive. Se não fosse a descoberta da esposa viva de Zac ela jamais o deixaria, seguindo o adultério. Vale ressaltar também que ela não se arrependeu dos pecados, fazendo uma oração patética e voltando para Deus como se não tivesse feito nada errado. A porta é larga para esses neopentecostais, hein? Sim, porque não acredito que essa tipa fazia parte de uma Igreja séria.
E também temos um problema gravíssimo aqui: jugo desigual. Só por Zac ser judeu ela já deveria nem ter olhado para ele como uma mulher olha para um homem, ou a alecrim achou que converteria um homem que segue uma das mais hostis e misóginas religiões do mundo? Que odeia o seu Senhor? Por favor!
O livro tem uma péssima abordagem a respeito de santidade, pureza e perdeu uma excelente oportunidade de mostrar como são as vivências do luto em contexto cristão. Talvez a maior decepção literária do ano.