Beatriz 17/05/2024Lágrimas são um risco quando se deixa cativarMeu primeiro contato com o pequeno príncipe foi através de uma série de tv antiga do meu tempo de criança, eu amava, assistia sempre que passava. Um dia falei com minha mãe sobre a história e ela disse que no final o príncipe morre por uma picada da serpente, que também era o grande vilão da série, e a pior parte ele tinha se deixado ser picado. A partir daí, parei de assistir a série e não queria saber nada sobre o assunto, muito menos ler o livro.
O tempo passou, e acabei me rendendo e comprando o livro para ler, sabia o final e já sofria por ele, mas não deixei que estragasse o processo. O livro é bem escrito, acho um pouco filosófico demais para crianças pequenas, mas muito bonito e profundo em cada página.
Na história o que mais me chamou a atenção foi a parte da raposa, minha preferida, sobre deixar-se cativar, cativar os outros e a responsabilidade que temos por aquilo que cativamos. Isso é uma arte, a essência do relacionamento humano, mas que tem se perdido num tempo tão acelerado e de facilidades, por ser algo que exige tempo e esforço.
Confesso que ainda não entendi o final, o porquê de ter que ser desse jeito, mas já aceitei, admiro a fidelidade do príncipe por sua rosa e quero ser capaz de cativar e me deixar cativar de uma forma tão pura e profunda.
Parte favorita: “Mas, se você me cativar, será como se minha vida se enchesse de sol. Vou reconhecer um barulho de passos que será diferente de todos os outros. Os outros passos me fazem correr para debaixo da terra. Os seus me chamarão para fora da toca, como música. E olhe só! Está vendo os trigais, acolá? Eu não como pão. Trigo para mim é coisa inútil. Os trigais não me lembram nada. E isso é triste! Mas você tem cabelos dourados. Então será maravilhoso quando me cativar! O trigo, que é dourado, me fará lembrar de você. E eu vou gostar do ruído do vento no trigo... ”