Recordações do Escrivão Isaías Caminha

Recordações do Escrivão Isaías Caminha Lima Barreto




Resenhas - Recordações do Escrivão Isaías Caminha


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Clio0 03/12/2022

Neste livro, Lima Barreto apresenta sua visão particular da trindade ingenuidade-virtude-heroísmo que ele viria a satirizar com sua magnum opus Triste Fim de Policarpo Quaresma.

Isaías parte para o Rio de Janeiro com todos os ensinamentos morais e educacionais que um homem do campo teria na época, início do século XX, para ele próprio demolí-las com o racionalismo associado à especulação. Que fique claro, Isaías não é um reprobo seduzido pelo mundo, ele é um oportunista mediuano que sobrevive adaptando-se ao mundo podre que lhe foi apresentado.

Tudo, então, ganha um verniz blasé que ele próprio comenta - a morte de sua mãe, o abandono dos sonhos, a incapacidade de se desligar do mundo jornalístico. Sua crítica é profunda, pois o personagem não poupa a si mesmo. A compreensão dele é gentil, quase suave ao analizar os defeitos próprios e alheios.

A narrativa não tem grandes momentos dramáticos ou hilários, parece-se realmente com os pensamentos de alguém que há muito tempo aceitou a passividade e mediocridade.

Recomendo.
Vanessa Santos 10/03/2023minha estante
Gostei tanto do você escreveu que irei votar no meu grupo está leitura




Diego 05/03/2021

Crítico social mordaz
Um livro muito interessante: ao tempo em que faz um crítica mordaz da sociedade carioca do início do século passado, capital do país, palco das intrigas palacianas e de um extremado provincianismo, nos mostra o quão pouco algumas coisas mudaram em mais de cem anos.
É também um apanhado, igualmente mordaz, das vaidades e da vida no meio jornalístico que, também, pouco parece ter mudado neste tempo.
Leitura prazeirosa!
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Ingrid_mayara 24/07/2018

Minhas impressões de leitura
Uma das coisas que mais me aproxima da literatura certamente é a representação de mim mesma, isto é, quando me identifico com algum (a) personagem a tal ponto de parecer que o autor ou autora adivinhou certos assuntos que me causam insônia atrelados aos assuntos que me viriam à mente num futuro próximo.

É um tipo de história cujo enredo possui uma linearidade aleatória: enquanto o narrador descreve uma cena, de repente nos apresenta alguma característica (ou pensamento) que pode passar despercebida e logo retorna ao seu propósito narrativo. Fiz várias marcações na minha edição e provavelmente deixei passar ainda muita coisa que a maturidade deve recompensar na releitura.

O caráter demasiado sarcástico da obra me levou ao riso diversas vezes por reconhecer que na atualidade há personagens e situações da vida real tão palpáveis quanto tudo o que Lima Barreto escrevera. Será que ele previu o futuro ou não houve muito avanço na nossa sociedade?

Isaías Caminha é um personagem que transmite compaixão em alguns momentos, já em outros, indignação pelas suas atitudes. Talvez esse seja um dos motivos pelos quais "Recordações" não costuma agradar tanto assim. Estamos acostumados (as) a ler/escrever narrativas maniqueístas, sobretudo considerando as narrações em primeira pessoa, onde há quase sempre uma defesa do narrador para causar empatia em quem o lê. Nesse livro, os personagens são meio caricatos e dissimulam cotidianamente (algo que eu já havia lido acerca das obras de Lima Barreto) para levar o leitor à crítica de si e do mundo.

Se fosse para dizer do que se trata realmente esse livro, eu diria: hipocrisia e racismo. Achei genial a maneira como o autor retratou colegas de trabalho que formam um ciclo de hostilidade. Entristeci-me com as passagens em que o narrador-personagem sofre exclusivamente por causa do racismo; fiquei pensando no quanto ainda teremos de lutar para que a frase célebre "O essencial é invisível aos olhos" realmente faça sentido.

Assim que terminei a leitura, atentei-me à parte introdutória do livro. Encontrei explicações plausíveis para reconsiderar os aspectos do enredo que deixaram a desejar, no entanto, permaneço com a nota quatro aqui no Skoob que apenas classifica minha experiência de leitura. Atingiu minhas expectativas no que concerne à história, embora eu necessite de um aprofundamento relacionado à subjetividade dos personagens que talvez esteja presente nas outras obras do autor (ou nas minhas releituras, quem sabe?).

RECOMENDAÇÃO: acredito que a partir da maioridade dá para fazer uma boa leitura desse livro. A escrita é bem compreensível, embora o que eu costumo chamar de "sacada literária", aconteça mais naturalmente quando temos um vocabulário suficiente vinculado às vivências.

site: Se quiser me seguir no instagram: @ingrid.allebrandt
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Otávio - @vendavaldelivros 21/09/2023

“- Mas é isso mesmo, não quero outra coisa! Pois o senhor acha justo que esses senhores gordos, que andam por aí, gastem numa hora com as mulheres, com as filhas e com as amantes, o que bastava para fazer viver famílias inteiras?”

A desigualdade do Brasil não nasceu hoje, mas sim no exato momento que o colonialismo pisou nessas terras. Se hoje o racismo estrutural e a desigualdade social pesam de forma imensa nos retalhos sociais do país, é possível imaginar nos primeiros dez ou vinte anos após sermos o último país das Américas a abolir a escravidão?

Publicado como livro em 1909, “Recordações do escrivão Isaías Caminha” é o primeiro livro de Lima Barreto a chegar ao público, mesmo não sendo o primeiro a ser escrito. Nele, narra com maestria a história de um pobre garoto negro, filho de um padre, que se muda do interior para a capital e passa a trabalhar na imprensa carioca.

A acidez do texto, o estilo muitas vezes sarcástico e o retrato da cidade do Rio de Janeiro do começo do século XX se juntam em um livro que funciona como crítica social às desigualdades e como crítica à figuras de imprensa expoentes do período, que na obra acabam tendo seus nomes trocados, mas não suas personalidades, o que facilitou a identificação por editores futuros.

Sei que a obra é conhecida por sua crítica social, mas pra mim o livro é um recorte muito nítido da imprensa do Rio de Janeiro à época e de seu poder sobre o povo, políticos e governos. Uma imprensa que ignorava a ética na hora de inventar ou aumentar fatos, assim como já explorava o potencial dos “jornais de sangue”, apelando para a violência e as fofocas sociais.

Gostei muito do livro e me surpreendi positivamente pois nunca havia lido nada de Lima Barreto e escolhi começar não por sua obra mais famosa. Gostei muito do cenário e do recorte sobre a imprensa, além do estilo do autor ser mais direto que outros do mesmo período. Entendo quem não curta, mas recomendo se sua vontade for ler um clássico que desnuda forças políticas que existem até hoje no país e seguem dando base para a desigualdade e para o racismo estrutural.
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Luciano 06/02/2022

Achei bastante potente a forma como a obra retrata as sutilezas do racismo e as dificuldades de ascensão social de pessoas negras, escancarando a farsa da meritocracia. Contudo, o encadeamento de acontecimentos da narrativa não entrega, na minha opinião, uma distribuição satisfatória de começo, meio e fim, de modo que a obra acaba quase que de modo abrupto, sem nenhum acontecimento catártico envolvendo o protagonista. Dito isso, acho que quem for ler este livro precisa ter em mente que, talvez, o mais interessante da obra sejam os temas que ela aborda, e não necessariamente a narrativa em si.
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Eduardo Pedro 18/08/2020

Sensacional.
Esse é um livro que já deveria ter lido a muito tempo e provavelmente irei ler novamente mais para frente, me surpreendeu bastante com a sua narrativa simples e contagiante e direta.
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Vinícius 27/07/2009

Um típico folhetim
O livro, escrito originalmente para ser publicado em partes no jornal, tem exatamente as características de um folhetim. Quando a história está prendendo o público, Lima Barreto parece enrolar mais neste ou naquele ponto. Quando a audiência cai, ele corre com a história para alcançar um patamar que interesse o público de novo.

Talvez seja por isso que tive a impressão da correria na transição entre os trechos. Primeiro, quando ocorre a inserção de Isaías no jornal O Globo e depois quando o jornal O Globo muda seu viés político. Quando essas passagens ocorreram, para mim, paraceu que eu havia pulado uma página do livro.

O fato de eu me enxergar em Isaías e Lima Barreto também só me faz admirar ainda mais o escritor. Claro, não sou um Isaías Caminha por inteiro e nem poderia o ser. Contudo, é incrível que haja certas semelhanças nas nossas trajetórias de vida. É um livro que merece ser lido, mas talvez interesse apenas pessoas da área de Comunicação devido a crítica que existe ao jornal Correio da Manhã e a imprensa da época, ali representada pelo jornal O Globo.

Fica aqui a questão: A Globo, de hoje, adotou este nome antes ou depois da publicação do livro? Uma simples coincidência?
Pablo Pacheco 24/09/2011minha estante
Acredito que, ao menos em certa medida, é bem difícil que não se possa encontrar semelhanças entre nós, leitores, e Isaías Caminha.
Essa personagem é um exemplo claro do que acontece com pessoas talentosas no Brasil: Estudar? Nem pensar! Mas se rebaixar à uma autoridade qualquer e subir na vida por vias excusas é totalmente aceitável e inclusive desejável.




Germana 17/03/2021

Me deu ressaca
estava animada para ler, mas me decepcionei.
Tem partes bem legais, poucas.
Não consegui gostar deste livro mas ainda quero ler outra coisa do Lima Barreto.
o Leiva que era o melhor personagem, participou tão pouco.
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Elide 12/12/2023

Tive muita dificuldade de me conectar
Infelizmente foi uma leitura em que tive muita dificuldade de me conectar, o que pode não ter sido, necessariamente, apenas "culpa" do livro.
Apesar disso, alguns trechos dos relatos de cenas da vida de Isaías são bem impactantes, tornando a leitura mais interessante. O fato de ter sido um livro com leitura coletiva tornou todo o processo mais prazeroso.
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Jose 16/01/2022

Perfeito
O Brasil de ontem é o mesmo de hoje, não mudou uma vírgula. Os mesmos preconceitos, a mesma bajulação, a mesma mediocridade.

A linguagem do Lima é ferina, é dolorida, a realidade dói. Dói o preconceito aqui descrito, e pensar que esse mesmo preconceito continua igual dá uma tristeza, uma angústia.

Ao final do livro tem um resumo biográfico da vida do autor, e que vida! Talvez por isso suas histórias são boas.

Acredito que o autor devesse ser mais reconhecido e lido. A literatura brasileira é das melhores que existe no mundo, pena que nós não damos o devido valor que ela tem.
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Aninha gabs 22/05/2023

Sobre o livro...
Acho super interessante como a leitura, mesmo se passando em um tempo antigo, ainda cosegue ser muito atual. A forma como Lima Barreto retrata o racismo em sua obra é muito impactante! Vendo a história de vida do autor e a comparando com a obra ambas são muito semelhantes e imagino que é isso que faz sua obra ser tão pesada e tão realista.
É uma pena que o livro e o autor não tiveram o reconhecimento que mereciam na época.
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Marcos-1771 19/03/2021

Vemos um futuro repetir o passado.
Este livro de Lima Barreto não me prendeu tanto, demorei pra terminar, mas consegui.

A história conta a vida de um menino pobre que vai para a capital em busca de uma vida melhor, vai estudar e trabalhar. Vemos isso acontecer bastante no Brasil, principalmente nas regiões norte e nordeste.
Chegando lá a vida se mostra difícil e cheia de desafios. Não consegue realizar todos os seus sonhos e objetivos, acaba trabalhando em um jornal. Então, o livro começa a demonstrar a vida nos jornais daquela época, que talvez não seja tão diferente dos dias atuais.
Um livro que fala sobre o poder da imprensa, pobreza, racismo e tudo que ainda perdura nesse Brasil do século XXI.

É um livro regular para quem gosta de literatura nacional.
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TalesVR 19/04/2020

Literatura Proletária
Embora a literatura proletária só tenha ''oficialmente'' florescido nos anos 30, encaro ''Recordações do Escrivão Isaías Caminha'' de 1908, como um exemplar do estilo. Lima Barreto sempre fala de raça e classe nos seus livros, só não o faz de forma explícita como Jorge Amado fazia, por exemplo.

Isaías Caminha é um garoto do interior que vai tentar a vida no Rio de Janeiro, então capital federal. Logo durante a viagem percebe que a sua cor define como será tratado pela sociedade. Isaías é descrito como ''mulatinho''. Isaías confunde-se muito com o próprio Lima Barreto, por história e por profissão.

Algumas resenhas do próprio Skoob descrevem o personagem principal como ''pessimista'' ou como ''depressivo''. Ora, é um jovem que foi humilhado por anos de sua vida de forma sistemática. Não há flores na parte inicial do livro, somente espinhos. Temos um Isaías que desiste do curso de Medicina e passa a sofrer processos de alienação. Isaías passa a ser um estranho para si mesmo. Afastado dos estudos, se torna um empregado do jornal que trabalha. Não consegue mais ler os livros que lia, não consegue resolver operações matemática, o trabalho lhe basta. Por trás disso há uma grande revolta oculta contra o Estado, contra a Economia, contra o Capital, contra a burguesia. Como disse no começo, o autor não explora de forma direta o tema, mas há ali uma fagulha do que viriam ser os romances proletários.

Como sempre e de forma magistral, Lima Barreto narrando a vida de pretos e pobres no Brasil da primeira metade do século XX. Esse não é o melhor exemplo deles, sugiro ''Clara dos Anjos''.
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Ale Masciola 10/11/2022

É um livro que fala sobre racismo e de política também, é interessante pq não mudou muito o Brasil de antes pro de hoje ( li esse livro, porque minha professora mandou, pra apresentar)
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