A estação das sombras

A estação das sombras Léonora Miano




Resenhas - A estação das sombras


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Lilian 15/02/2023

Sobre escravidão
O livro conta um pouco da história da escravidão na África, como ela aconteceu entre o próprio povo.
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Valéria Cristina 30/01/2023

O que dizer sobre isso?
Estação das Sombras narra a história dos mulongos, um povo que vive em uma aldeia isolada na África Central. As frases curtas utilizadas pela autora marcam o ritmo da história, como o bater de um tambor.

Tudo começa com o desaparecimento de doze homens da aldeia, depois de um grande incêndio. A busca pelos desaparecidos vai descortinando fatos que nos faz compreender o nefasto mecanismo do tráfico humano. Desde o sequestro de pessoas nas aldeias mais isoladas até a entrega delas aos “homens de pés de galinha” que chegaram pelo mar.
É uma narrativa que fala de sofrimento. O sofrimento daquelas que têm seus filhos e maridos desaparecidos. O sofrimento do desmantelamento da vida social como até então era conhecida. O sofrimento dos sequestrados que não sabem para onde vão e não entendem o motivo da violência. E, principalmente, o sofrimento das mães que se vêm longe de seus primogênitos.

É uma narrativa sobre maternidade e sobre a força que liga mães e filhos. A busca pelos desaparecidos tem consequências assombrosas na vida de dez mulheres.
É uma narrativa acerca do tráfico humano que nos é contada por aqueles que tiveram suas vidas destruídas pelo sequestro e desaparecimento de pessoas queridas. Vemos a subjugação de um povo por povos irmãos.

Vemos, não apenas a tragédia do comércio de vidas humanas, mas, ainda, como isso influi na cultura da aldeia (amplamente descrita). A vida cotidiana, regida por mitos, costumes, tradições e ritos ancestrais é descontruída, arruinada.

Estação das Sombras é uma história que nos leva às lágrimas pela história que conta, mas também pela beleza da escrita de Léonora Miano.

Nascida em Camarões, Léonora Miano escreveu suas primeiras poesias aos 8 anos de idade. Em 1991, mudou-se para a França, estudando literatura americana em Valenciennes e Nanterre. Publicou em 2005 seu primeiro romance, L'intérieur de la nuit, que lhe valeu uma série de prêmios.
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Marília 28/06/2022

Eu sou porque nós somos. Os integrantes do povo dessa história eram tão ligados que quando alguns deles são separados do restante o povo começa a se desfazer enquanto coletividade.
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Nic 26/03/2022

"A lembrança da captura".
Um ótimo livro, um tanto confuso e lento até mais ou menos a página 100, mas depois a história toma forma e a gente não consegue mais parar de ler.
O livro conta sobre o tráfico transatlântico dos povos africanos logo que estes começaram a acontecer, o contato dos "homens com pés de galinha" (europeus com suas roupas que pareciam pés de galinha) e o quanto algumas próprias tribos africanas colaboraram com o tráfico em troca de artigos, roupas e "caniços que cospem fogo". A história apresenta uma perspectiva diferente pois mostras cultura e vivência das tribos, até que estas começam a ver seu povo desaparecendo, tribos que não faziam ideia da existência de oceanos, navios, colonizadores e muito menos de que tribos vizinhas estavam capturando dos seus para fazer trocas com os pés de galinha.
Em diversos momentos lembrei da história contada por Hans Staden e a colonização das Américas. O mundo possui uma dívida imensa com os povos originais, acredito que esta nunca conseguirá ser paga.
"Os antepassados não estão fora de nós, e sim dentro de nós. Estão no bater dos tambores, na maneira de preparar as refeições, nas crenças que perduram e se transmitem. Aqueles que os precederam na terra dos vivos moram na língua daqueles que falam aquele instante". (Pág. 231)
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Chelly @leiodetudo 13/12/2021

Inovadora
Muito interessante. A história é muito boa, tem um ritmo um pouco lento então é bom encarar essa leitura quando puder se concentrar. Tive dificuldade com os nomes dos personagens que são muito parecidos. Precisei fazer uma fila (ou cola) pra eu não confundir quem era quem.
Josiane 18/01/2022minha estante
Amei a dica! Tenho esse livro, mas ainda não o li. Vou me lembrar de anotar os nomes quando comecá-lo.?


Paulo2175 28/01/2024minha estante
Gostei do seu comentário e dicas. Tive problemas com inúmeros personagens , ao ler O Nome da Rosa




fev 23/11/2021

A destruição de um mundo
#BingoLitNegra #LeiaNegros #LeiaMulheres #MulheresParaLer

A Estação das Sombras, com certeza, foi uma das melhores leituras do ano para mim.

A escritora Léonora Miano traz na obra uma perspectiva sobre a escravização de negros africanos que eu nunca havia lido em forma ficcional. Ela tenta nos contar como os clãs na África Subsaariana reagiam e lidavam com a captura dos membros de seu povo para abastecer o tráfico negreiro.

É uma reação sobre o inesperado e desconhecido que desnorteia aqueles que ficam e não sabem lidar com mudanças tão repentinas. A história ainda mostra alianças entres colonizadores e povos que possuíam mais integrantes e força. Ou poderio.

Como se trata de um livro sobre escravidão, destruição de povos e culturas não tem como ser uma leitura feliz. Há muitas passagens tristes e com teor violento. Nada muito gráfico, mas extremamente pesada em suas descrições. Não há como sair ileso das palavras que descrevem situações em que o ser humano insiste em desumanizar o semelhante.

Apesar de tentar das passagens tristes, Miano explora a parte cultural dos povos. Uma das partes mais trabalhadas é a importância ou irrelevância das mulheres. Como elas são tratadas, agem, são vistas. Há uma discussão sobre o patriarcado mesmo em uma sociedade onde mulheres têm a sua importância.

Para além disso, é um livro super bem escrito e profundo. Essa nova perspectiva ganhou pontos comigo. Fiquei emocionado e cheguei a chorar algumas vezes ao longo da história. É uma leitura que vai crescendo. Infelizmente, não acho que seja um livro com perfil para agradar todo mundo. Apesar disso deixo a recomendação. É uma história que me conquistou.
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Lia 18/11/2021

Eu sou porque nós somos
Um livro que prendeu minha atenção deste o início. Uma história que fala da importância das tradições, que fala de traição, respeito aos mortos e a ancestralidade. Fala de sair em busca de um lugar, desbravar caminhos para ao achar, fixar moradia. Fala de respeito a natureza, respeito aos ritos. Fala sobre escravidão e o processo de escravizar. Fala sobre a dor e o não querer senti-la.

Lembrei demais do livro Escravidão (vol.1) do Laurentino Gomes. Outro livro que vale a pena ler.
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Manu 20/07/2021

Um livro intenso, escrito por uma autora camaronesa, que escreve a partir da perspectiva daqueles que ficam em seu país de origem, enquanto membros da sua comunidade são sequestrados para serem escravos. Uma escrita e ponto de vista muito singular, difícil, mas sincera. Tentando compreender onde foram parar os seus, no momento em que novas dinâmicas políticas e genocidas assolavam seu país, Léonora Miano conseguiu colocar, nos personagens, a comunicação, a vontade de manter os vínculos com a cultura e local de origem. É a partir desse sentimento, invocado oralmente por tantos séculos, que nos é permitido conhecer uma história como essa.

"Depois das narrativas de Mutimbo e de Mukudi, ela tentou, diversas vezes, imaginar como seria aquilo. Pessoas imobilizadas, com a cabeça raspada, despojadas do seus amuletos, do seus adereços. O que não estava nas palavras, porque isso não se pode contar, eram os olhares transbordantes de angústia. Aqueles olhares que também eram de desafio, olhares que dizem que um dia haverá de nascer, mas que a noite será longa. As narrativas não falavam do ronco na barriga, de uma mulher imobilizada, da postura de meninos ainda não se circuncisados. As palavras também não permitiam imaginar as correntes. É a primeira vez que ela as vê. De nada serve a mulher ter admitido que os rapazes aprisionados no país mulongo não existem mais, ela esquadrinha o rosto dos presos, cada um deles, com a louca esperança de reconhecer alguém. Eles não estão ali, mas são eles que ela vê."
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Helena Guerra Vicente 04/05/2020

A lembrança da captura: Escravidão e A estação das sombras.
Indico uma leitura conjugada: Escravidão (Laurentino Gomes, 2019) e A Estação das Sombras (da camaronesa Léonora Miano, 2013). Na verdade, Escravidão foi a minha primeira leitura do ano. A Estação das Sombras, acabei de finalizar. Percebi que ter feito a leitura daquele me deu estofo para aproveitar melhor a leitura desse segundo, que é ficcional, porém baseado no relatório A Lembrança da Captura, publicado em 2010 pela Unesco. Mais especificamente, a leitura do capítulo 10 (A cicatriz) de Escravidão pode ser bastante útil para compreender o estado de desespero das pessoas cujos entes queridos eram capturados e levados para um tal ?país litorâneo?, sem saber a troco de quê.
O livro de Miano é interessante justamente porque trata da perspectiva dos que NÃO foram levados para além-mar (aliás, esses povos africanos mais interioranos até desconheciam o fato de haver um mar, que dirá um além-mar) e sofreram sem saber do paradeiro dos desaparecidos. O livro venceu dois prêmios: Femina e Grand Prix du Roman Métis.
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