Alessandro232 03/01/2024
Um dos melhores romances de Charles Dickens
"Nosso Amigo em Comum" talvez seja um dos romance menos conhecidos de Charles Dickens porque tem poucas publicações no Brasil. Mas, em uma iniciativa corajosa da editora Pedrazul. finalmente, os leitores puderam ter acesso a este livro.
Que livro! Dickens estava muito inspirado quando escreve a trama de "Nosso Amigo em Comum". Neste romance volumoso - mais de oitocentas páginas! há temas recorrentes na escrita do autor, tais como a sátira social, a orfandade, a pobreza e a miséria dos pobres em contraste com a ostentação e a futilidade dos ricos, a importância da educação, a inveja, a cobiça e até mesmo um pouco de sentimentalismo. Também neste livro, o autor também investe logo no início, na atmosfera, com pinceladas góticas de mistério e suspense. - como ele havia feito em "A Casa Sombria". Sendo assim, "Nosso Amigo em Comum" começa com uma morte misteriosa que está relacionada com uma herança de uma fortuna de um homem sovina conhecido ironicamente como o lixeiro dourado. É a partir dessa situação que Dickens começa a desenvolver uma trama intricada, na qual destaca-se uma grande galeria de personagens. Alguns deles durante a leitura tornam-se inesquecível a exemplo da bela, inteligente e muito bem humorada - são dela as melhores tiradas, Bela Winfer, o bondoso casal Bonfin, uma anã muito esperta que trabalha como costureira de bonecas, um professor que enlouquece depois de não ser correspondido por uma moça e o misterioso John Rokesmith - o nosso amigo em comum que dá título a obra.
Como outros livros do autor, "Nosso Amigo em Comum" é longo, mas nunca é aborrecido, porque está cheio de situações dramáticas ou de mistério/ suspense, momentos de humor e muitas reviravoltas, e uma delas é surpreendente e inesperada. Ou seja, "Nosso Amigo em Comum" é um livro da maturidade do autor que demonstra estar em plena forma em sua escrita. Sobre ele devo concordar com Ítalo Calvino. É a última grande obra-prima do autor em sua construção narrativa equilibrada e muito bem elaborada - quando você termina dá impressão que Dickens pensou em tudo para "amarrar" muto bem a história. É um livro tão marcante que quando termina parece deixar um vazio no leitor. Para mim sua leitura foi muito prazerosa e, sem dúvidas, pode ser que seja uma das melhores no ano. Ou seja, para quem gosta de Dickens é um livro obrigatório que vale muito a pena ser mais conhecido e lido - é lamentável que outras grandes editoras não tenham dado a devida importância para essa obra-prima da literatura inglesa que, felizmente por iniciativa da Pedrazul está disponível em português para os leitores.
Sobre a edição: A Pedrazul caprichou na edição. Ela tem capa dura, folhas amarela e fitilho. A tradução também é muito boa, até mesmo um pouco superior a de outros títulos da editora.