Márcia 14/01/2012Renomeio pois o título não faz muito sentido: “Sally e a estrela do norte” Está ai um livro que conseguiu despertar em mim um pouco de várias emoções. Conseguiu me entediar bastante, mas também me arrancou boas lágrimas – realmente emocionadas e sofridas.
Nesse volume, Sally é uma menina crescida, uma mulher de 22 anos, e sua vida mudou drasticamente. Continua a visitar seus amigos da rua Burton, no entanto, construiu sua própria vida, seu trabalho e escritório – a despeito dos olhares maliciosos e desconfiados da sociedade da época para com uma mulher que conseguisse, sozinha, tais feitos.
Os personagens, assim como Sally, estão bastante diferentes. Alguns sumiram, outros apareceram e outros foram ainda criados para esse segundo volume. O aspecto que me prejudicou mais a leitura e me impediu de me agradar com o livro, principalmente no início, é o fato de os personagens antigos (do 1º volume) estarem tão diferentes, além de estarem fazendo coisas diferentes. Não fazia a mínima idéia de que se tratava de uma história completamente diferente de “Sally e a maldição do rubi”. Esperava uma série contínua, mas me deparei com uma história diferente, com personagens crescidos e não gostei. Usasse outros personagens e deixasse os da Sally na história da Sally.
Sei que estou sendo um pouco intransigente – o autor é inteligente o bastante para reutilizar seus personagens de forma equilibrada, no entanto, não gostei e não sei por quê.
O próprio tema dessa vez se mostrou chato e me entediou enormemente. Armas não é exatamente o melhor assunto do mundo. E o mistério em si me pareceu confuso e desinteressante, além de meio óbvio, apesar de Pullman ser mestre em criar uma atmosfera sombria, principalmente nas ruas obscuras do submundo de sua Inglaterra; Sally Lockhart é uma típica personagem sua: forte, corajosa, inteligente e misteriosa. No entanto, mesmo assim, me faltou algo nessa história: uma conexão com a anterior, talvez?
O romance mais que fadado de Sally e Frederick me acalentou, assim como todos os momentos em que o foco do enredo saia da investigação.
Pullman continua com aquela narrativa fria, direta, e, eu não poderia classificar nenhum livro seu com menos que “bom”. Geralmente me deleito com autores que não tem medo de escrever o que quiserem; não escrevem exatamente para o público, para agradá-lo, mas apenas escrevem sua história do jeito que acham que tem que ser escritas – com suas fatalidades e reviravoltas. A série da vida da pobre Sally jamais será feliz – o que me lembra, em alguma instância, as “Desventuras em Série” dos irmãos Baudelaire. Porém a fatalidade em “Sally e a sombra do norte” foi demais para mim, principalmente num contexto em que eu não estava gostando.
Outra questão é a falta de um norte na história. Por que exatamente a investigação? Por que continuar com algo que não lhes dizia respeito e que só os estava prejudicando? Claro que o espírito de heroísmo é o culpado, no entanto, dessa vez não foi suficiente para justificar os atos dos personagens.
O grande contador de histórias dessa vez não conseguiu me envolver. Há livros que você apenas lê, não muito interessado na história, e de repente o equilíbrio despenca e você se vê chorando também, reencontra uma conexão antiga com antigos personagens e o livro finalmente vale a pena.