Pai, Pai

Pai, Pai João Silvério Trevisan




Resenhas - Pai, Pai


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jaircozta 01/06/2018

o inferno são os outros
Nesta obra "Pai, Pai", que eu considero um romance autobiográfico ou uma investigação psicanalítica, Trevisan nos leva a ele, sem muitos rodeios. É ele se revelando de tal forma crua e, proporcionalmente, sublime que não poderia deixar de lembrar de Antes que anoiteça, de Reinaldo Arenas. O ponto de partida é a relação terrível ou não relação com o próprio pai, José Trevisan. Um pai relapso que só poderia ser comparado a Deus. É uma leitura simples, poética, honesta, como poucas. É um mergulho íntimo e uma tentativa de compreender essa figura que marcou a criança interior do poeta ou uma busca por algo como perdão verdadeiro (longe de pieguices).
Emanuell K. 19/07/2018minha estante
Linda comparação com Arenas!


jaircozta 19/07/2018minha estante
Emanuell, obrigado! Não poderia deixar passar essa leitura. É outro livro que gosto muito.


Emanuell K. 20/07/2018minha estante
O filme também é bem legal! Com Javier Barden.


jaircozta 21/07/2018minha estante
sim. é verdade! o filme é ótimo. estou lendo outro livro muito bom: uma históriade vida e sexo, do Oscar Moore. tem na minha biblioteca. ;)


Emanuell K. 24/07/2018minha estante
Vou procurar esse. Não conheço!


jaircozta 27/07/2018minha estante
É muito bom. Me equivoquei quanto ao nome: se chama "uma questão de vida e sexo" de Oscar Moore


Emanuell K. 28/07/2018minha estante
Já adicionei aos desejados!




Felps / @felpssevero 16/02/2019

"Tudo que meu pai me deu foi um espermatozoide". A brutalidade desse início condiz com o resto dessa obra monumental de João Silvério Trevisan, um dos precursores do movimento LGBT brasileiro.

O autor mistura as memórias dolorosas de sua vida ao lado de um pai alcoolista violento, que nunca aceitou sua sexualidade, com ensaios de caráter filosóficos, teológicos e psicanalíticos sobre o papel fundador e castrador da figura paterna. Além disso, o livro reflete sobre como a arte tem o poder de salvar vidas ante a dureza da realidade.

É um livro gigante, que provocou reflexões inéditas em mim. Sinto que não sou o mesmo desde que concluí a leitura.

@felpssevero
Ronald 16/02/2019minha estante
Quero ler!


rroncato 30/10/2019minha estante
Achei monumental também. Concordo plenamente com sua resenha! :)




Rodrigo 31/01/2021

Poético!
Meu primeiro contato com Trevisan e acredito que não poderia ter começado melhor. Uma linguagem poética capaz de penetrar os refolhos de nosso coração. Quanta sensibilidade! ?Pai, Pai? foi o relato autobiográfico mais tocante que já li até o momento. Ao expor sua relação turbulenta com o pai, João vai se desnudando e descobrindo seu caminho através de suas feridas, medos, crenças, dores, até culminar em sua cura.

Me fez refletir sobre tantas coisas, principalmente sobre a necessidade do perdão, como ele diz: ?pela alma, não pelo intelecto?. O autor nos convida a fazermos essa viagem interior, ?comtemplarmos o espelho da alma?, nosso eu, e acolhermos nossas cicatrizes. Amá-las! Como afirma Leon Denis, a dor é nossa grande educadora.

Um livro visceral! Só leiam!
Márlon 31/01/2021minha estante
Eu ainda não consegui terminar de ler este livro. São tantos os gatilhos que o Trevisan tensiona, que, ao olhar pra minha relação com meu pai, as coisas que ele me disse e fez, a necessidade sócio-cultural do perdão fala muito mais alto em mim, e eu travo. O Trevisan me instiga a movimentos que eu não consigo mais fazer...


Rodrigo 31/01/2021minha estante
Espero q consiga, Márlon! Acredito q não deve ser fácil pra vc, mas sempre costumo dizer q tudo em nossas vidas é construção e ela acontece aos poucos.




Maik 15/08/2018

João Silvério nos faz um relato autobiográfico, desde a infância no interior, os anos no seminário até decidir viver sua homossexualidade, os tempos de exílio, a carreira no cinema e na literatura, o ativismo pelos direitos lgbt, sempre permeado pelo carma da relação conturbada com o pai. Um texto forte, honesto, contundente.


* dicas de livros lgbt no instagram: @paginas.coloridas
Alécio_Faria 19/10/2018minha estante
Parabéns, Maik ! Você foi econômico nas palavras mas descreveu com propriedade o que o livro trata. Sem contar a relação dele com a mãe, figura importante na relação da família. Só senti falta de um aprofundamento maior sobre cinema, literatura e a passagem dele pelos EUA e México. Talvez tenha ficado para um próximo livro. Nota-se um escritor muito rico culturalmente.




Toni 25/09/2018

João Silvério Trevisan merece muito mais leitores do que aqueles que nosso Brasil machista-homofóbico conseguiu lhe dar. Reiteradamente preterido por editores que se recusam a publicar ou reeditar seus livros, muitos deles esgotados, trata-se de um escritor de incrível erudição e nenhum pedantismo, cuja escrita, enamorada da linguagem em toda sua potencialidade expressiva, nos deixa às vezes sem fôlego, completamente surpreendidos pela facilidade com que transita entre traumas, sonhos, rancores e desejos, sempre arrojados por leituras psicológicas de sofrida profundidade e pela capacidade de eleger a palavra mais fulminante nos momentos de maior vunerabilidade.
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Pai, Pai — ambos maiúsculos, o título é um espelhamento que só faz sentido ao final da leitura — é o primeiro livro de uma série de relatos autobiográficos chamada Trilogia da Dor (os próximos volumes tratarão de sua relação com um de seus irmãos, já falecido, e do abandono de um grande amor a certa altura da vida). Neste primeiro volume, Trevisan cria um Pai que nunca foi seu pai, figura alcoólatra e abusiva que sempre assombrou suas relações afetivas e profissionais. Na busca pela compreensão desse homem que nunca lhe dispensou um gesto sequer de afeto (possivelmente por causa do seu jeito maricas), a escrita do livro acaba por se tornar um ritual de cura, como adverte o autor, um antídoto contra “a consciência brutal do desamparo ante o exílio do próprio viver” (p. 44). Leitura sofrida e purgatória que revela outras potencialidades da escrita, como caminho para a sobrevivência psíquica, como possibilidade de ressignificação das experiências, como um calvário para a autognose. Composto por capítulos curtos centrados em episódios, temas, sonhos ou ritos de passagem (como breves sessões terapêuticas) , ”Pai, Pai” revela, ainda, um país enrustido por natureza que cerceia identidades, ataca o gozo de seus filhos e filhas e se compraz na mediocridade de um mal-disfarçado moralismo retrógrado.
Fernando 12/10/2018minha estante
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Leo Ventura 21/05/2024

Um texto corajoso. Gesto genial de fazer uma autoanálise a partir da própria obra. No começo, achei que seria apenas um escrito egocentrado, mas aos poucos percebe-se o esforço do autor em visitar as próprias margens, pensar os próprios traumas. Não pude deixar de sentir pena pelo pai, João Trevisan. No fim das contas, ele foi apenas mais um filho violentado que não teve a sorte de encontrar a arte como suporte, a exemplo de João, e morreu sufocado com a própria dor.
Michelle Cortez 21/05/2024minha estante
Ai, que triste ?




Juca Fardin 25/07/2018

Delicado!
Que grande obra esta do Trevisan. Corajoso, delicado, livro esclarecedor, para ser
lido com nós da garganta que desatam em sua conclusão. Imperdível!!!!!
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Biblioteca Álvaro Guerra 26/09/2018

“Tudo que meu pai me deu foi um espermatozoide”
"Já perto dos setenta anos, enquanto me tratava de uma depressão reincidente, comecei inopinamente a escrever sobre esse homem chamado José, que me marcou com o ferro em brasa do seu sobrenome. Não me perguntei por que escrevia. Apenas decidi ir adiante. O que se lerá a seguir resultou dessa necessidade não prevista: um acerto de contas com a figura do meu pai e, por extensão, com meus demônios interiores ligados à sua imagem."

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!


site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/978-85-5652-053-1
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Maria.Jose.Brollo 26/12/2018

Pai, pai
O autor mostra um tormento interior, que atravessa sua vida, como uma ferida aberta, mais importante do que qualquer outra coisa. Busca explicações nas vivências, em autores, filósofos e religião.
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Karamaru 08/04/2019

UMA OBSESSÃO NECESSÁRIA
Cada vez aprecio mais os livros de memórias. Há neles, talvez pelo considerável matiz não ficcional, uma identificação quase instantânea pelo público que os lê, talvez pelo fato de instigarem a fazer um exercício de autorrevisão da própria vida, e, em decorrência disso, um sobrepeso das experiências passadas.

Em “Pai, pai”, mais recente título de João Silvério Trevisan, a memória foi o meandro encontrado pelo autor não apenas para ressignificar a figura de seu pai, mas a sua própria, espectro desse pai, o controverso José Trevisan. Nas primeiras páginas, o livro pode até parecer um desabafo; à medida que se avança, no entanto, percebe-se com clareza outras camadas.

É interessante pontuar que, nessa obra, Trevisan não esteve preocupado em seguir episcopalmente uma ordem cronológica e temática: os arquivos memorialísticos são acessados aleatoriamente e, surpreendentemente, isso conferiu mais dinamismo à narrativa, característica reforçada pela limpidez da linguagem em tom confessional mas sem pieguices.

A obra traz muitas referências – políticas, culturais, literárias – do século passado. Outro ponto bastante positivo na minha opinião. Trevisan apresenta, por exemplo, fatos turbulentos da época da ditadura militar no país. Apresenta também informações interessantes sobre o "modus vivendi" de parcela da comunidade LGBTQIA+ dessa época.

Um livro de memórias memorável, melancólico e libertador, que abala e comove, e comprova a máxima de que certas coisas só são clarificadas com o lento passar do tempo, com o olhar experimentado da maturidade, o qual, ainda que triste, por ser mais condescendente com a vida e com o outro, torna-se mais belo.

Vale bastante a leitura.
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@varaomichel 08/05/2020

Por que me abandonastes?
Um livro que é um mergulho do autor na sua própria relação com o pai, com essa inevitabilidade de nascermos presos na teia de significados dos nossos pais, que deixarão as marcas que vão formar a nossa matéria mais íntima. Uma noção precisa da descoberta da homossexualidade e dos desafios de se descobrir assim, em uma sociedade fissurada de narcisismo que cobra os prazeres todos iguais, que vigia os costumes mais intimos. Um livro político. Indico fortemente a quem independente da orientação sexual queira ser pai ou seja filho, a quem teve um pai muito próximo e a quem teve um pai ausente, a quem lute contra a torpidez do proconceito e a quem seja um homofóbico. Um livro com o qual eu cresci junto por uma semana.
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Arthur 02/06/2020

dói muito parar pra pensar o tanto de vezes que eu fechei o livro, olhei pra frente e pensei "eu me identifico muito com isso aqui". que bom joão fez das cicatrizes algo tão bonito quanto esse livro. o perdão realmente é algo elevado pra caralho.
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Lucas.Marques 17/07/2020

Denso!
Arrastado! Tive que me esforçar pra terminar. A escrita nua e crua de João, me fez parar várias vezes.
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none 30/07/2020

Carta ao Pai, versão brasileira
Não é um ajuste de contas como supõe os editores de Kafka à carta que o autor escreve ao pai, é uma forma de pedir perdão e de agradecer. O pai de João é um tirano como o pai de Franz, mas aqui se trata da evolução que o autor passou, uma metamorfose. Apesar dos pesares, de todas as coisas ruins que ele passou na infância, que ele viu a mãe passar na mão desse marido bêbado que foi um pai ausente na criação e presente na dor. Apesar disso, a evolução-metamorfose veio, antes tarde, e o autor depois de tanto ter contribuído para a cultura literária brasileira, depois de tantas injustiças e falta de reconhecimento reconhece que está aqui apesar dos pesares por causa daquele mesmo pai e busca se recriar. Trevisan nos oferece um pouco dos contos, romances, roteiros de filmes que criou até aqui. Eu só o conhecia pelo belíssimo, doloroso e necessário ensaio Devassos no Paraíso, agora quero ler Ana em Veneza, ler seus contos e poemas, conhecedor que fui de parte de sua vida graças a esse livrinho. Agradeço ao filho-autor que gerou e também a seu Pai que o produziu, sem eles não haveria o amor.
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Sadraque 08/08/2020

Uma jornada emocional sobre a não-relação com o pai
"Tudo que meu pai me deu foi um espermatozoide". É assim que começa o livro. Pai, Pai é uma mistura de memórias de João Trevisan em busca de entender sua não-relação com o pai. Seu pai na infância foi cruel com ele, batia nele apenas porque ele era afeminado. João não compreendia porque era feito de chacota e apanhava tanto do pai. No livro ficam evidentes todos seus traumas e a busca em perdoar o pai como forma de perdoar a si mesmo.

Os capítulos são curtos e misturam diários, conversas trocadas por carta, mensagens, memórias aleatórias, poemas. Não há uma forma fixa na estrutura, assim como nas memórias e no fluxo da vida.
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