Filosofia no Brasil

Filosofia no Brasil Ivan Domingues
João Cruz Costa




Resenhas - Filosofia no Brasil


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Filino 20/10/2017

Essencial para conhecer (e refletir) sobre a prática filosófica por estas bandas
Ivan Domingues presta um serviço inestimável com esta obra. "Filosofia no Brasil" é um título que encerra uma provocação não pouco incômoda dentro dos muros da academia: afinal, existiria uma filosofia no/do Brasil?

Uma questão de tal envergadura não comporta uma resposta simples. Cônscio disso, o autor retrata o problema da existência de uma reflexão filosófica genuinamente desenvolvida nestas terras e, para tanto, assume uma tarefa nada pequena: retraça, desde os tempos coloniais, como se deu o cultivo da filosofia por aqui. Desse modo, passando pelos jesuítas e atingindo o estágio atual do "publish or perish" (tão ao gosto da "geração Lattes" [esta última expressão não é do autor]), Ivan Domingues retrata os modelos ideais que, em cada época, trataram a seu modo da filosofia. Vemos o intelectual orgânico colonial; o que sofre do "mal de Nabuco" no período pós-independência até 1930; o scholar típico dos anos 1930-1960; o intelectual politizado e, por fim, o intelectual público cosmopolita. Mas atenção: ao contrário do que se possa imaginar, não se trata de modelos estanques. O próprio autor escreve copiosamente e arrimado em argumentos poderosos para lançar as características e nuances de cada um, bem como de suas respectivas épocas.

Em sua empreitada, Ivan Domingues se serve das melhores companhias: Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Hollanda, Antonio Candido, Celso Furtado, Paulo Arantes, padre Vaz, dentre tantos outros. O texto é riquíssimo em remissões e o leitor não sairá desapontado - pelo contrário, caso deseje se aprofundar nas incontáveis reflexões suscitadas pelo autor, terá um vasto campo pela frente.

Trata-se, portanto, de um documento imprescindível a todo aquele que se debruce sobre o cultivo da Filosofia por estas plagas, bem como para qualquer interessado sobre a história das ideias no Brasil. O único ponto negativo da obra é que ela carece de uma melhor revisão: para além dos inevitáveis deslizes ortográficos que acometem qualquer livro, é de surpreender que nos deparemos com um "quase-Ctrl+C-Ctrl-V": um trecho das páginas 306-307 encontra-se reproduzido mais adiante, praticamente com as mesmas palavras, em 370-371.
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