Delirium Nerd 21/08/2018
Rompendo com os tabus do corpo feminino
Com o intuito de desmistificar o corpo feminino e conscientizar as mulheres acerca de seus corpos, Nina Broochmann e Ellen Støkken Dahl, estudantes de medicina e educadoras sexuais, tomaram a iniciativa de escrever um livro para repassar o conhecimento científico de forma acessível. Entre mitos e tabus, existe um sistema reprodutor importantíssimo. Então, Viva a Vagina!
Um corpo ou um objeto?
O corpo feminino é visto ora como máquina reprodutiva, ora como fetiche. No entanto, pouco é o incentivo na educação acerca de seu funcionamento. Para além da aparência, o corpo feminino, como qualquer corpo, é dotado de complexidade. Não é um objeto dotado apenas de funções externas, pronto para sua utilização social.
O corpo feminino possui mecanismos particulares. O livro mostra como, biologicamente, é diferente do corpo masculino. A educação promovida, porém, parece esquecer neste momento as diferenças existentes. Dedica-se a destrinchar um modelo de corpo masculino, enquanto permite que mitos sejam reproduzidos no que concerne ao corpo feminino.
Querem algo mais perigoso do que pessoas que possuem controle sobre seus corpos? A negação do conhecimento abre margem para que os outros decidam o que fazer dos corpos alheios. Quando não se conhece o próprio corpo, como negar ou confirmar uma informação ou conduta em relação a ele? Por isso, livros como Viva a Vagina são tão importantes. Nas palavras das autoras:
“É hora de dar um basta na hegemonia masculina na pesquisa científica.”
É possível que alguns se perguntem acerca da necessidade de um livro como este diante do “conhecimento infinito” do Google. Afinal, hoje em dia qualquer um acha qualquer coisa na rede de busca. Não? O problema das buscas é que nem sempre os resultados oferecidos são os mais apropriados. O mecanismo de busca funciona mais por acesso do que por veracidade. E quando a cultura continua a reproduzir mitos de origem machista ou verdades do senso comum como se fossem ciência, torna-se difícil identificar o que é comprovado ou não. Ou mesmo que ainda não seja comprovado integralmente, o que possui alguma coerência.
Nina Brochmann e Ellen Støkken Dahl lançaram, em 2015, o blog Underlivet (termo para partes íntimas). E como mencionam na introdução ao livro, apesar da aparente saturação do tema saúde sexual, a procura no blog foi considerável e o feedback positivo. Isso revelou que o acesso concedido pela internet ainda não consegue superar o comportamento enraizado na cultura. Não obstante todos os avanços feministas, mulheres ainda continuam a desconhecer seus corpos, e se sentem inseguras diante de tantos padrões estabelecidos por uma sociedade que opta por ideais vazios. Mídia e a cultura elegem um corpo como o ideal, mas como elas bem destacam, não existe apenas um corpo. Existem corpos variados, por dentro e por fora. E todas deveríamos aprender a aceitá-los, cuidá-los e curti-los.
Leia na íntegra:
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