Pandora 04/11/2017SpoilerGosto da premissa do livro, um ser deslocado na família, no trabalho, no mundo, em si mesmo. Gosto da angústia do personagem. Gosto do modo como a narrativa se inicia, a maneira como o personagem narrador se coloca irônica e sarcasticamente naquela família disfuncional. Mas é a partir da literalidade do capítulo 7 que o jogo de palavras não me soa tão bem. Não exatamente pela linguagem chula, mas pela colocação dela. Nem foram tantos cus, mas a mim pareceram dezenas... rs... e acho realmente que esta narrativa não devia ter diálogos.
Também senti um distanciamento do narrador com o leitor conforme ele vai contando sua vida, e não pelos fatos, mas pela maneira como ele descreve, o que a mim despertou antipatia. Não conseguia me sentir companheira de jornada do Ariosvaldo, não consegui torcer por ele. Fui uma mera espectadora. Talvez eu tenha sido mais um daqueles ratos que o abandonaram enquanto ele lutava.
Porém, conforme se chega ao ápice da narrativa, a euforia, a esperança... e, principalmente, a derrocada, aquele final - que final! - trazem toda a carga dramática daquele ser infeliz, agora conformado na sua apatia e, com isso, fecham este livro com chave de ouro.
"Meu talento é outra vidraça estilhaçada pelo tempo."
P.S.: Posso dizer que eu achei essa capa sensacional?