Tatiane 15/05/2020
É preciso transgredir
Em meio a essa pandemia, na loucura desse isolamento necessário, porém estressante e, hoje, há exatos 63 dias da última aula presencial que dei, ler bell hooks e conhecer sua paixão por um ensino vivo, intenso, transformador, transgressor e, consequentemente, libertador é um alento à dor que estou sentindo no processo frio e conteudista que se constrói no atual ensino à distância devido à quarentena.
Sempre fui defensora do uso das mídias digitais no processo de ensino e aprendizagem, mas não numa robotização burocrática do professor para cumprir conteúdo e carga didática acriticamente de um ano letivo que se esvai. Não podemos esquecer que a sala de aula se faz viva no calor humano, nas cores, na paixão, no olho no olho... Nada disso é possível à distância se o fim em si mantiver a base de um ensino tradicional.
Destaco a ideia, presente em um diálogo do livro, de que "ser professor é estar com as pessoas". (p. 222) A professora e escritora bell hooks me convida, nos convida a transgredir, a sair do lugar comum, a enfrentar os desafios, a fim de construir uma sala de aula por um processo de educação como prática da liberdade. Aliás, ela nos dá uma injeção de Paulo Freire na veia para acordar. O Brasil tem de acordar!