Ana Júlia Coelho 04/12/2022Em pouco mais de 200 páginas, são reunidos relatos sobre a vida de oito peças-chave do regime nazista na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas o mais interessante não é saber como essas figuras se tornaram responsáveis por tamanho horror; a parte instigante é a relação deles com os filhos.
O processo de crescimento do ser humano é influenciado pelas ações dos que nos rodeiam. E como os filhos de nazistas tiveram suas personalidades moldadas à sobra do que seus pais fizeram? Alguns até sabiam que seus pais integravam o partido nazista, inclusive conviviam pessoalmente com Hitler (ele foi padrinho de meia dúzia de criança – tá é doido), mas, só após o fim da guerra, tomaram conhecimento das atrocidades pelas quais seus pais foram responsabilizados.
O negacionismo acerca das atitudes dos pais é frequente. Alguns dos filhos mantiveram até o fim suas crenças de que os pais foram condenados erroneamente, e apoiavam ativamente movimentos nazistas após o fim da guerra. Outros, condenavam avidamente tudo que seus pais fizeram e até sentiam certa vergonha – e culpa, em alguns casos - por carregar o mesmo sobrenome, algo do qual não é possível escapar. Poucos tiveram a oportunidade de confrontar seus progenitores sobre tudo o que estavam sendo acusados – entre eles o filho de Mengele, mas a maior parte viu seus pais serem condenados à morte após os julgamentos de Nuremberg.
O livro é sensacional (apesar de minha leitura ter sido prejudicada pela falta de ritmo em início de mês) com toda essa premissa de conhecer a vida particular de homens horrorosos. É difícil imaginar que peças responsáveis por tamanho genocídio possam beijar os filhos antes de sair para o trabalho, é difícil conciliar essas duas imagens. Mas gostei de como cada história foi abordada. A autora reuniu relatos de como cada um dos personagens chegou ao posto que ocupou durante a segunda guerra, a infância e as relações entre as crianças e seus pais, e o fim de cada um dos envolvidos.
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