Nina 10/04/2023
A espiritualidade dos lírios do campo
Em seus 33 anos de vida, Jesus viveu 30 em anonimato. O que ele fazia? Quem era este carpinteiro de Nazaré quando estava longe dos holofotes, das multidões e dos acontecimentos que mudaram a história mundial?
Essas são perguntas que revelam uma vida anônima e escondida que se identifica com as nossas vidas, ordinárias e longe das grandes histórias.
Em Liturgia do Ordinário, Tish H. Warren nos faz refletir sobre uma espiritualidade oculta nas rotinas ordinárias de pessoas comuns e em como podemos ressignificar nossa maneira de entender a fé cristã.
A obra me abriu os olhos para uma noção de descanso no trabalho de Deus e uma vida menos dependente do meu próprio esforço, me ensinou a ter um contato profundo com a igreja como uma organização antiga e duradoura no tempo.
Mais do que isso, essa obra é uma denúncia a um estilo de vida ultracapitalista norte-americano baseado em individualismo, esforço, meritocracia e consumo, inclusive uma grande influência dentro do movimento evangélico. É um alerta para a volta da simplicidade da vida pequena e silenciosa, à contemplação da beleza como lembrança do que é eterno dentro do tempo ordinário.
Acho que o único ponto que posso dizer como negativo é de eu ter percebido em algumas passagens um certo romantismo em relação à visão da igreja e uma forma um pouco idealizada de uma vida contemplativa sem problematizar os privilégios de ter mais equilíbrio emocional e econômico para sustentar uma vida mais contemplativa. No entanto, nada que comprometa a beleza e importância do chamado de Tish para que vivamos uma espiritualidade dos lírios dos campos.