O Dia das Moscas

O Dia das Moscas Nei Leandro de Castro



Resenhas - O Dia das Moscas


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umanatalense 17/04/2023

O DIA DAS MOSCAS: Romance de Maus Costumes, de Nei Leandro de Castro

“Quem conhece o galego Assis sabe que ele aprecia conversar miolo de pote. Então ele não disse que um dia tava pescando camarão de anzol no lado esquerdo do rio quando viu o Capeta em pessoa? O Capeta, segundo a descrição do galego Assis, vestia uma roupa toda vermelha, muito bem cortada, era ver uma roupa de príncipe. Mas atrás tinha um buraco redondinho, de onde saía o rabo grosso e sem pêlo do Satanás, vôtes, lá nele.”

Lançado originalmente em 1983 e republicado em 2008 pela @ escribas, o romance de Nei Leandro de Castro remonta, de uma forma cheia de humor e ironia, a formação do Rio Grande do Norte. O livro começa com o encontro do caçador português Cançado e da índia Hossana - a junção do casal representa a colonização e povoamento do Rio Grande -; após a morte dos dois, a filha mais nova do casal, Anunciada toma para si a missão de encher aquela mata de filhos e pare 26 crianças.

Somos apresentados a essa prole gigantesca de uma forma muito interessante, cada capítulo é apresentado na perspectiva de um personagem diferente da família. Isso não apenas deixa a leitura mais fluída, mas mostra como os mesmos fatos podem ter significado e pesos diversos dependendo do observador.

O livro é curtinho, leitura para uma tarde, e a escrita é muito fluida. Eu tinha algumas expectativas quando comecei a ler essa obra, pois “As pelejas de Ojuara”, um outro livro do autor, é um dos meus textos preferidos. Apesar de não ter favoritado, eu curti “O Dia das Moscas”, aqui encontrei os elementos que eu admiro na escrita de Castro: humor, regionalismo, pertencimento e beleza.

“As palavras são estrelas, os sermões são a composição, a ordem, a harmonia e o curso delas. Vede como diz o estilo de pregar do céu, com o estilo que Cristo ensinou na Terra? Um e outro é semear; a terra semeada de trigo, o céu semeado de estrelas. O pregar há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja. Ordenado, mas como as estrelas: Stellae manentes in ordine suo. Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é a ordem que faz influência, não é ordem que faça favor.”
Tainateixeira92 17/04/2023minha estante
Que resenha!!




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