Ensaio sobre a lucidez

Ensaio sobre a lucidez José Saramago




Resenhas - Ensaio sobre a Lucidez


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Cinara... 11/02/2022

"A mim, a experiência tem-me ensinado que os piores filhos de p*** são alguns que não têm aspecto de o serem..."


Essa frase resume perfeitamente tudo o que o Saramago nos quer passar em todas as suas obras e essa frase resume tudo o que eu aprendi sozinha vivendo minha vida.
Acho que se alguém está por um fio de perder toda sua fé na humanidade tem que passar longe do Saramago, ele te amassa, te pisa, te destrói e te joga fora junto com todas as suas esperanças.
Você se pergunta quase até a página 200 onde está a continuação de Ensaio sobre a cegueira, mas quando você começa ver os personagens chegando você também começa a querer descer do mundo e não acreditar no que está acontecendo. Você não tem vontade mais de compactuar com qualquer tipo de coisa que envolva o ser humano! Você quer fugir dessa bagunça! Você quer desconhecer todo ser humano que já possa ter conhecido! Você que correr!
Saramago você me destrói, e eu te amo por isso!

A caligrafia da capa é de Julián Fuks.
Juliana 11/02/2022minha estante
Adorei a resenha. Saramago é foda. Adoro. Fiquei animada em ler.


Cinara... 12/02/2022minha estante
Leia sim Juliana é maravilhoso, mas depois você não fica animada de viver ???


Alexandre 12/02/2022minha estante
Exatamente esse o sentimento, hahaha.


Juliana 12/02/2022minha estante
Ah, isso faz parte, rs...




Giselle 09/01/2022

Saramago nunca decepciona! Ao finalizar esta leitura, fico ainda impactada com o desfecho, reflexões e sensações que o livro nos causa.
Após a população votar em branco, uma nova Cegueira branca se instala. A população mantém-se num estranho silêncio e o governo empanha-se em achar culpados e aplicar penalidades. Estado de sítio é declarado na capital, alguns personagens do seu célebre "Ensaio sobre a Cegueira" são resgatados em alguns momentos, e a trama envolvente. Temática atual, numa escrita inteligente, bem humorada e reflexiva. Certeza que outros de Saramago ainda vão povoar minha meta de leitura do ano!
Joao 09/01/2022minha estante
Caraca, já fiquei interessado nesse livro. Adorei essa relação do votar em branco com um tipo de cegueira.
Provavelmente será meu próximo Saramago :)


Giselle 09/01/2022minha estante
Certeza de boa leitura! ??


Julia Mendes 10/01/2022minha estante
Que bom que gostou do seu presente, Gi! ? Também adorei o meu! ?


Giselle 10/01/2022minha estante
Amei, Ju! ?




Fran Kotipelto 09/04/2011

"Pois se foi permitido ao homem, tantas coisas conhecer,é melhor que todos saibam,o que pode acontecer."

Num dia comum, como outro qualquer, mergulhado na sina da rotina que insiste em nos desafiar, crianças sorriem porque neste dia não haverá aula, professores sorriem porque não darão aulas para crianças que gostariam de estar em casa vendo tv, os adultos já estão acostumados a se sentirem frustrados, as mulheres então aproveitam este dia pra se distrairem e comentar mais detalhadamente como andam as vidas dos vizinhos,os homens, reclamam porque não haverá jogo de futebol durante a tarde, e os miseráveis e extremamente miseráveis ficam absurdamente contentes, porque chegou o momento mais importante do ano: o dia de vender o voto por alguns trocados.

Enquanto isso as garotas se arrumam e se perfumam, jogam o recato no lixo e estão muito confiantes porque já escolheram os candidatos mais bonitos, e que com certeza merecem o voto delas. Os garotos, por sua vez, acordam ansiosos para comparecer às suas sessões eleitorais, porque acreditam que é uma ótima oportunidade de verem as garotas sem recato e quem sabe, conseguir executar seus atos de concupiscência desvairada.

Agora vamos aumentar o volume e ouvir “Brasil” ao som de Cássia Eller, costuma causar um impacto maravilhoso, quando o assunto é política, ou no caso, “lucidez”.

Numa manhã de votação (do mesmo jeito que acabei de narrar acima)que parecia como todas as outras, na capital de um país imaginário (que vamos chamar de Brasil), os funcionários de uma das seções eleitorais se deparam com uma situação insólita, que mais tarde, durante as apurações, se confirmaria de maneira espantosa.

Aquele não seria um pleito como tantos outros, com a tradicional divisão dos votos entre os partidos "da direita", "do centro" e "da esquerda"; o que se verifica é uma opção radical pelo voto em branco,exatamente isso, votos em branco. Usando o símbolo máximo da democracia - o voto -, os eleitores parecem questionar profundamente o sistema de sucessão governamental em seu país.

É essa "lucidez reflexiva" que "Ensaio sobre a Lucidez" aborda.E na trama Saramago retoma personagens e situações, revisitando algumas das questões éticas e políticas abordadas no também magistral romance "Ensaio Sobre a Cegueira".

Ao narrar as providências de governo, polícia e imprensa para entender as razões da "epidemia branca" - ações estas que levam rapidamente a um devaneio autoritário -, o Saramago faz uma alegoria (muito comum em seus romances)da fragilidade dos rituais democráticos, do sistema político e das instituições que nos governam.

E ele propõe não é a substituição da democracia por um sistema alternativo, mas o seu permanente questionamento. Levantando questões como sempre excepcionais, "e se conscientemente e espontaneamente, a população invalidasse uma eleição, votando em branco?", "e se conseguíssemos nos organizar sem precisar de políticos ou partidos?","e se nos desprendêssemos da ideia da ideia de organização social-política em que vivemos,e a vida continuasse em seus trilhos?"

Assim como em "Ensaio Sobre a Cegueira", nesse livro "a mulher do médico" é fio condutor da trama.Ela é apenas uma das eleitoras,uma das pessoas naquela comunidade que se organizou como pôde, para continuar a viver em liberdade. E é através dela que vemos sintomas de paranoia e teorias conspiratórias combatendo com a lucidez e serenidade,violência respondida com paz, ameaça com silêncio.

Um romance que não só nos chama atenção para o despertar de questões políticas,mas também para nosso amadurecimento como seres humanos, a razão é a única coisa que nos distingue dos animais,então que possamos usá-la com sabedoria, porque assim ao invés de mães clamarem lamuriosamente por justiça nos telejornais, nós poderemos conclamar alegremente que conseguimos realmente fazer jus à célebre frase que nosso imperador entoou às margens do riacho Ipiranga: "Independência ou Morte".
Jow 11/04/2011minha estante
Uma dádiva de livro, uma dádiva de pensamento e como sempre, uma dádiva de resenha.
Um show, Fran!


Alan Ventura 12/04/2011minha estante
Mais uma resenha magistral à altura das obras de Saramago e à sua altura Fran, e sua genialidade. Parabéns.


Tir 17/06/2011minha estante
Por demais marxista sua análise... prefiro a filosofia que está na questão fundamental do ser humano que ele tentou trazer à tona - o que é mais forte que a organização coletiva? O que tem organização coletiva a ver com esquerda (marxista), direita (mercantilista), centro, cima e baixo, frente e trás?

A questão é intrinsecamente ligada com o livro anterior - uma organização baseada em amor fraterno, em sentimento de família, já basta. O resto, só dá margem à tudo que descreveste...


Flávio 05/02/2021minha estante
Obra maravilhosa ?




Suzanie 16/07/2013

Lucidez Nacional - um novo partido?
O absurdo geralmente nos remete ao irreal. Mas não se o contador de histórias for um Jose Saramago. É o que se pode pensar de Ensaio sobre a Lucidez, em que apresenta-nos um país onde as eleições tiveram por resultado nada menos que 83% dos votos em branco, quantitativo inédito em todo o mundo. E, para não escaparmos à peculiaridade da situação, atenta-nos o narrador para outro fato digno de nota pelos dirigentes deste país: que votos em branco remete à brancura do ocorrido ali há certos anos - a cegueira branca.

Para contar o desenrolar dos acontecimentos, o autor escreve com grande fluidez e um estilo delicioso, regado a muita ironia. E, por mais absurda que possa parecer, trata-se de uma história certamente atribuível a qualquer país, pela observação dos meios empregados e da retórica construída para sustentá-los. Convence-se facilmente disso com a sentença do comissário de polícia: "[É absurdo, é completamente absurdo.] Aprendi neste ofício que os que mandam não só não se detêm diante do que nós chamamos absurdo, como se servem deles para entorpecer as consciências e aniquilar a razão".

Sob alguns aspectos lembrei-me de O Processo, de Kafka. No nível individual, a angústia de perceber-se manipulado, sem conhecer os reais motivos; no coletivo, a força do discurso institucionalizado, que tem o condão de transformar as manobras do poder em verdades irrefutáveis e necessárias ao bem geral. Não poderia haver título melhor para tal obra, capaz de revelar ao leitor atento não só a lucidez do autor, como também a sua - reconhecedor dessa realidade -, e a de uma nação - por que não ser otimista a este propósito, se o próprio narrador o foi?
Douglas 21/09/2020minha estante
Ótima resenha. Deu vontade de ler, Suzani.


Suzanie 27/09/2020minha estante
Q legal Douglas, mto bom poder contribuir pra um interesse maior em Saramago ?


Douglas 27/09/2020minha estante
;)




Seccon 12/11/2012

Se começou, congele...
Chato. Muito discurso político, princípio de caos, mais discurso, a aventura ou ação é estagnada. Na metade do livro, Saramago inventa que o título deve ser uma sequência de Ensaio Sobre a Cegueira.
gustt 12/11/2012minha estante
A parte que ele faz da metade em diante a continuação do ensaio sobre a cegueira foi o ápice da vontade de atirar o livro longe!


Seccon 12/11/2012minha estante
Exatamente. Não soube dar continuidade e forçou a amizade. O que me faz crer que o nome do livro também é artificial, criado em razão dessa associação tosca.


Víctor 16/12/2012minha estante
Na verdade, não é só na metade do livro que vira continuação... Tudo bem que eu não terminei de ler, mas já percebi mais de uma referência ao Ensaio Sobre a Cegueira. Tem uma passagem que o Saramago fala de uma candeia de três bicos, quando os políticos vão embora. Depois o primeiro-ministro (se não me engano) comenta que esta crise (os votos) não tem nada a ver com a de quatro anos atrás (a cegueira) além da cor. Tem mais, só que eu não lembro agora. (:




Alana 02/06/2020

Penoso pra ler
Para quem ficou encantada e engoliu o seu antecessor, Ensaio Sobre a Cegueira, fui com muita sede ao potr e... Me decepcionei.

Difícil não comparar as duas obras, infelizmente. Ensaio Sobre a Lucidez teve uma leitura super arrastada, com pouco clímax... Cansativo. Eu amo o Saramago mas esta leitura não foi das melhores.
Paulo.Sakumoto 23/06/2020minha estante
Tive a mesma experiência que você. O paralelo que ele faz com o outro livro é interessante, mas os diálogos rebuscados entre personagens secundários torna a leitura arrastada. Quem somos nós para criticar o Saramago, mas a experiência foi bem diferente dessa vez.


Alana 23/06/2020minha estante
Exatamente, Paulo!! rsrs experiência é muito pessoal, né! E ele continua sendo um escritor maravilhoso


Paulo.Sakumoto 23/06/2020minha estante
Sim Alana. Tenho aqui na estante o Evangelho Segundo J. Cristo e o Intermitências da Morte. Tenho certeza que serão melhores.




Camila Felicio 29/03/2024

Mais um livro incrível
Outra vez sem decepcionar-me! Incrível! Nunca peguei um livro do autor em que a minha nota fosse menor que um 4,5!
Saímos desiludidos com o final, é bem triste, a política chega a dar nojo como na vida real, concluo a leitura com vontade de entrar na mesma maré de lucidez que os personagens embarcaram! Livro necessário! Autor fantástico que eu admiro com todo meu coração! Saramago é minha porrada na cara e meu aconchego literário!
Gleidson 01/04/2024minha estante
Saramago é surreal de bom! Vou encarar esse ano ainda. ?


Camila Felicio 01/04/2024minha estante
Vai gostar!!! Espero kkkkk sou suspeita né? kkk


Gleidson 01/04/2024minha estante
Suspeitíssima! Praticamente um caso de amor eterno com o velho português. ?




Ângela 11/07/2011

Uma obra dividida

Nunca imaginei achar um livro do Saramago médio, mas não consigo definir de outra forma.
O texto é simplesmente genial até um pouco mais que a metade, quando ele nos propõe uma reflexão arrebatadora sobre a legalidade do processo político, as reais dimensões (e, por consequência, os limites) da democracia e da liberdade, o espaço coletivo, a auto-determinação do indivíduo por um lado e, em contraponto, a insanidade do poder... quanto a isso não tem nem o que falar, vale a pena ler o livro só por isso, aliás, arrisco dizer que só vale ler o livro até o momento que ele consegue manter essas questões como o foco principal da história... me arrependi de não ter abandonado a leitura pela metade quando a pegada da narrativa enveredou por outro ritmo.
A partir do momento que ele tenta unir de forma mais objetiva a situação de agora (a do voto em branco), com a de quatro anos passados (a da cegueira), me parece que perdeu uma considerável parte do vigor reflexivo que lhe caracteriza tão bem... sei lá, parece um livro diferente dentro do livro, duas peças que não se encaixam perfeitamente bem, uma comida que não sacia totalmente.
Pamys 19/04/2012minha estante
Eu não estava conseguindo encontrar o que no livro me havia causado certo desconforto e acabou atrasando minha leitura, mas acredito que foi exatamente por isso, a sensação de que o tema foge um pouco a partir de certo ponto. Por isso foram 4 estrelas. Faltou o 'encaixe' para serem 5.


Ângela 22/04/2012minha estante
Nossa, acho que sou muito chata então, porque só consegui dar duas estrelas por conta disso rs...


Natasha Oliveira 31/07/2012minha estante
Eu abandonei na metade, mas não por ser uma leitura ruim... Ao contrario, por ser tão incomodo! Saramago consegue nos deixar com uma dor nas costas incomoda e dolorida... Sabe cozida em agua morna! Mas assim que acabar a faculdade eu o retomarei!




Thiago Barros 15/10/2020

Cego cegueta
Confesso que o começo desse livro foi torturante, porém melhora com o decorrer do livro.
A história me impressionou, o autor conseguiu fazer uma bela sequência para o tão aclamado ?ensaio sobre a cegueira?.
As consequências das ações dos personagens são meio que implícitas, porém a luta sentimental que o autor nos faz passar por esperança é torturante.
Assim sendo, ?os fins justificam os meios? e a cegueira continua a existir.
Jefferson Martins 08/12/2020minha estante
Olha, estou lendo esse livro agora, e realmente o início está bem torturante como você disse. Acabei dando uma desanimada de continuar, e por isso vim dar uma olhada nas resenhas pra ver se me dá algum ânimo de continuar a leitura. Enfim, espero que melhore porque até agora fiquei fã dos livros do Saramago


Thiago Barros 08/12/2020minha estante
Pô cara, o começo é muito torturante!! Até deixei ele de lado por um mês mais ou menos, aí peguei de volta. Depois do meio do livro os acontecimentos começam a se desenvolver. Assim como toda obra de Saramago, possui muitas críticas bacanas na história. Espero que tenha ajudado, abraço!!




Marcel 24/06/2013

Sede ao pote!!!
Tenho altos e baixos com o Saramago, amo alguns de seus compêndio e não gosto de outros, amo Ensaio sobre a Cegueira e não gostei da Viagem do Elefante e por ai vai...

Ok, esta resenha é para o Ensaio sobre a Lucidez. Confesso que peguei meio sem vontade para lê-lo, mas era o que estava sobrando na minha prateleira e devia "degusta-lo", mas como a culpa foi minha em querer deixar esta obra para depois, eu decepcionei um pouco no começo! E explico a razão, como estava sem vontade em ler Saramago neste momento, eu o iniciei com a expectativa máxima, mas me decepcionei.

Novamente, a culpa foi minha. Acho que se eu tivesse deixado para o momento em que eu quisesse realmente ler Saramago, teria me dado melhor.

Ensaio sobre a lucidez, trás a tona o momento em que o povo vota em branco (sua grande maioria) e os políticos ficam perdidos e tentam achar algum explicação sobre tal acontecimento.

O livro ainda me deixou muito pensativo, pois, neste momento de protestos no Brasil, com políticos que sempre foram péssimos e agora estão piores que já eram e se acontecesse no Brasil... como será que nossa corja eleita "se viraria"?

Mas minha decepção não foi generalizada, depois da metade da leitura o Saramago joga com outro livro seu o "Ensaio sobre a Cegueira" e aí me encantei!

Portanto, do mesmo modo tenho os "Saramagos" que amo e não gosto, posso dizer que amei da metade para o final e não gostei do começo, mas sempre frisando que tenho parcela de culpa nesta metade que não gostei.

But, Saramago é Saramago e conseguiu fazer comigo o que acho que ele esperava quando escrevia esta obra e como acho que ele queria nas demais, me fez pensar politicamente... pensar como estamos em um Brasil mal resolvido, onde a Lei de Gerson impera!!!

Aí vai minhas 4 estrelas e com certeza recomendo a leitura, só espero que quando você pegue para lê-lo o faça diferente de mim. Pegue com vontade inicial e com certeza não decepcionará!!!!
Tamyra 18/01/2017minha estante
Estou no início e estou achando bem arrastado. Mas é bom saber que fica mais dinâmico.


Marcel 19/01/2017minha estante
É Tamyra, depois me conte o que achou!!!




Lainne 14/04/2018

"Nascemos, e nesse momento é como se tivéssemos firmado um pacto para toda a vida, mas o dia pode chegar em que nos perguntemos: Quem assinou isto por mim?"

Uma leitura que realmente faz a gente refletir (ainda mais se levando em consideração a atual situação política que o Brasil tá passando).
Como se sabe o livro mostra um país fictício em meio a uma crise política onde terminando a apuração de votos eleitorais se descobre um número um tanto absurdo de votos em branco - o que foi chamado de "epidemia branca" (remetendo ao Ensaio sobre a cegueira - 1995). Então, o Saramago faz a alegoria sobre a fragilidade do sistema político e das instituições que governam o povo, autoridades que ficam desesperadas sabendo que essa "infecção de lucidez" pode acabar com o poder que exercem.
Um trecho da entrevista que o Saramago deu em 2004 ao apresentar o livro, resume bem a crítica que quis fazer e, na minha opinião, fez com maestria: "Podemos escolher um governo. Mas ao mudar o governo não mudamos o poder, porque o sistema democrático não é dirigido pelos políticos, mas por forças que não são democráticas: o poder econômico".

Ps: Vi umas pessoas comentando que não é necessário ler Ensaio sobre a Cegueira antes e eu não poderia discordar mais. Se tu não tiver lido, provavelmente vai tomar vários spoilers gratuitos e se deparar com acontecimentos que só fazem sentido depois de eventos do primeiro livro. Na minha opinião pode até se dizer que é um Ensaio sobre a Cegueira ao contrário.

Ps2: Achei essa narrativa bem mais difícil que Ensaio sobre a cegueira, porém de qualquer forma, como tudo que li do autor até então, vale o esforço e releitura.
Aline Teodosio @leituras.da.aline 14/04/2018minha estante
Ensaio sobre a cegueira é um dos livros mais impactantes que li na vida. Preciso agora ler urgentemente Ensaio sobre a lucidez. Tentei uma vez, mas não engrenou. Tenho certeza de que é outra leitura bastante reflexiva. Só me falta, no momento, coragem para encarar.


Bruna de Paula 16/06/2018minha estante
Concordo com tudo que disse, ainda mais sobre a narrativa também achei bem mais complexa que ensaio sobre a cegueira.
Bela resenha!




Carolizons 07/07/2020

Ensaio sobre a lucidez
Escolhi um momento bastante delicado para a leitura do livro. Difícil acompanhar até que ponto os que detêm o poder podem ir para provar uma verdade que só existe para comprovar suas narrativas mirabolantes. Viveram isso os personagens do livro, vivemos nós.
Thalita.Doretto 08/07/2020minha estante
Ah esse livro maravilhoso.




Marina.Cotrim 13/04/2017

As primeiras páginas desse livro me deixaram com uma enorme expectativa. Acompanhamos os eventos ocorridos num dia de eleição absolutamente atípico, do ponto de vista dos trabalhadores de uma seção eleitoral. Tomamos conhecimento de suas personalidades, sua vida.
Entretanto, depois disso, o livro passa a trabalhar os eventos numa escala maior, passando a tratar dos "jogos do poder". Aí entra outra crítica, pois acredito que a visão de política tratada foi um tanto superficial.
Ficamos cerca de 100 páginas ou mais sem acompanhar nenhum personagem em específico, apenas assistindo os eventos se desenrolarem.
No fim, há uma leve recuperação e um tratamento mais próximo do início, mas havia potencial para mais.
Luísa 20/11/2017minha estante
Mesma sensação que eu tive!




Ana Clara 16/11/2015

Depois de ficar impressionada com a genialidade de Ensaio sobre a Cegueira (EC), eu estava curiosíssima com a crítica que um escritor da categoria do Saramago faria a partir de uma “epidemia de votos em branco”. Estava esperando o questionamento da democracia, do sistema político, enfim, dos assuntos inerentes ao tema. Vi alguns comentários não tão positivos sobre o livro, mas já tinha decidido que seria um livro imperdível e que o leria o quanto antes. Má ideia.

No início da leitura, achei que era “apenas” um livro sem um décimo da força e da carga reflexiva de EC. Estava bem evidente que Saramago tinha muito mais conhecimento (ou potencial para elaborar críticas contundentes) sobre a natureza humana do que sobre o sistema político. Isso fica claro porque, ao contrário de que vemos em EC, os acontecimentos que se desenrolam em EL não parecem orgânicos, não parecem atos de um governo, e sim uma sequência de trapalhadas sem lógica. A atuação da sociedade civil, tão harmônica em sua rebeldia, também não convence.

Além disso, a leitura não consegue propor reflexões reais; talvez justamente porque seja difícil imaginar um governo agindo daquele jeito. Sem dúvida, burrices são esperadas diante de circunstâncias inéditas como a proposta pelo livro, mas os atos não eram precedidos pela ponderação mais elementar. A explicação talvez seja a que o próprio autor não tinha ideia de onde o livro iria dar -como ele chegou a admitir em determinado momento-, então os eventos simplesmente não levavam a lugar algum.

Em determinado momento, pouco após a metade do livro, Saramago tenta resolver esse problema buscando os personagens do EC. Fica ainda pior. Se antes o livro apenas não era verossímil, a partir dali a própria leitura torna-se um desgosto. Poucas vezes me deparei com um grau tão impressionante de enrolação. Sem saber pra onde ir, o autor começa a andar em círculos, exatamente como o comissário de polícia ironizado na obra.

Não tem muito mais o que ser dito. É preciso reconhecer que a produção deste ganhador do Nobel é um tanto irregular, contando tanto com obras da categoria de Ensaio sobre a Cegueira -e obviamente há outros livros maravilhosos, os quais com certeza pretendo ler-, quanto com livros que, verdade seja dita, não valem a leitura.

Resta a esperança que um outro autor discuta as muitas falhas do sistema político com mais sucesso.
Alê | @alexandrejjr 28/03/2021minha estante
Ana Clara, me deparei com a tua resenha somente agora em 2021 e te pergunto: em nossa realidade, ainda achas que um governo não pode ter uma "sequência de trapalhadas" ou que a a atuação da sociedade civil possa não ser "harmônica em sua rebeldia"? Lendo o teu texto só consegui visualizar o atual governo do Brasil e o quanto Saramago é urgente...




Talassa 15/04/2012

Impossível não se acometer da desesperança ao término do livro.
Uma desesperança fina, como garoa paulista.
Nada de muitas impossibilidades no mundo, apenas a descrença de que as coisas podem dar certo.
Tristemente lindo, Saramago.
Lindo.
Peabiru 15/08/2012minha estante
Desesperança? A mulher do médico é assassinada, mas nas ruas "metade da população" protesta "e a outra metade não tardará". É justamente o contrário o que se propõe na experiência de Saramago neste livro. Ao invés de cegas, como no outro título, às pessoas ACORDAM para a situação política que as cerca. O livro trata logo o instante que se segue a esse despertar, que ficticiamente se sucedeu de uma só vez em quase todo o eleitorado, é apenas do susto que toma o cidadão ao perceber que não há candidato que seja digno de sua escolha. Mesmo com todo o bombardeio midiático quase unânime a distorcer a verdade, o cidadão não se deixa enganar, lembre-se do comentário do taxista sobre a manchete. Ele começou sim por questionar a democracia como se está, e faz isso muito em aberto sem recorrer a ironias, e frustrou muita gente que ansiava por uma outra história, principalmente quando o foco passou a ser o núcleo de personagens do outro livro, mas ele finalizou com o tiro que devia e que pretendia, complementando o súbito despertar da população: com o protesto, o meio pelo qual toda revolução passa. É um lembrete, um conselho que ele sutilmente lança ao leitor, ladremos.




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