Luciano Otaciano 07/11/2020
Livro maravilhoso!
Olá caros leitores e caríssimas leitoras, preparados para mais uma resenha literária. Venham comigo descobrir minhas impressões à respeito da obra.
A protagonista dessa estória é Asha, filha do rei e caçadora de dragões, uma iskari. Esse título lhe foi dado, pois, antes da morte de sua mãe, a menina tinha muitos pesadelos e a mesma lhe contava estórias proibidas que, segundo a lenda, atraia dragões que envenenavam quem as tivesse proclamando. Apesar desse mal, era essa a única forma de acalmar a pequena Asha.
Em um dia que a menina recitou uma das lendas em voz alta, Asha invocou Kozu, o primeiro dragão, que invadiu a cidade e incendiou todo o reino, inclusive a própria garota, que saiu do acidente viva mas com marcas pelo corpo e pela alma. Asha acabou carregando cicatrizes pelo corpo inteiro, lembrando ao reino que as estórias jamais devem ser entoadas.
Agora, já uma jovem mulher, sua missão era encontrar Kozu, como prometeu ao seu pai, e vingar seu povo. Entretanto, durante a busca pelo inimigo, algumas descobertas em cima de dúvidas que não se encaixam tomam o lugar do primeiro objetivo, e é assim que seus interesses sofrem uma reviravolta incrível!
O universo do romance é escravocrata, onde skralls não podem olhar, tampouco tocar nos draksors, que são seus donos. Mas nem sempre foi assim, já que tudo começou a desandar após as mudanças políticas e religiosas do reino, onde todos pararam de crer no Antigo e as estórias foram proibidas. Além desses dois povos existem os nativos. Eles discordam dos novos costumes mas tentam reatar os laços com o rei. Partindo dessa premissa Ciccarelli cria uma obra fantástica sensacional.
Aparentemente o livro não revela a atmosfera sombrio que possui. A capa infanto-juvenil e a fantasia com criaturas mágicas escondem o quão bruto pode ser os conflitos da jornada da protagonista. As batalhas sanguinárias, tortura, machismo de um sistema opressor são lidos durante todo o livro. Temas políticos encaixados em um mundo fantástico são entregues sem corte pela autora.
Durante a leitura, estórias do Antigo e as lendas proibidas são intercaladas com as aventuras dos personagens, explicando assim os acontecimentos do presente e relacionando-os com os problemas de rivalidade do passado. É mágica a forma como Kristen consegue fazer isso sem que canse seus leitores, ao estender demais o número de páginas, ou sem que tudo vire uma grande confusão. A grande criação da autora conta com mitologia, formação social e uma religião própria…tudo isso sem furo e de maneira atraente e reflexiva. É uma leitura divertida ao mesmo tempo que é angustiante, o que se espera de uma trilogia excepcional. Isso se dá pela escrita fluida e ágil da autora, o que confere a obra ares sombrios tão atrativos.
O ponto mais forte do livro é, com certeza, a construção da personagem principal. Asha é uma princesa guerreira temida por todos de seu reino, mas, ainda que sagaz e destemida, o lado sensível é exposto em muitos momentos, como o drama de suas cicatrizes em frente ao espelho. A presença feminina forte, mas humana, traz proximidade com os leitores. Certamente esse livro agradará em cheio as mulheres, que se inspiram enquanto também se reconhecem na protagonista sua identidade feminina.
Apesar do romance, já contextualizado desde o primeiro capítulo do livro, A Caçadora de Dragões tem muito mais a oferecer. É uma estória focada no poder feminino, com batalhas épicas, criaturas místicas e lendas emocionantes… Não tem como não se apaixonar e implorar pelo próximo livro. Se recomendo a obra? Claro que sim! Leiam e sejam felizes com um dos melhores livros de fantasia que eu já li. Em resumo, A Caçadora de Dragões é uma leitura instigante, inteligente e muito bem construída. Finalizo por aqui, espero que tenham gostado da resenha e até a próxima!