Ari Phanie 23/07/2022"Se quiser ser negra, informo: o racismo faz parte do combo."
O livro é um apanhado de textos rápidos e objetivos publicados pela Djamila em um jornal onde ela exemplifica, recorda, destrincha e ensina sobre racismo e feminismo, e conceitos tais como interseccionalidade. É facílimo de compreender e essencial como leitura, no entanto é pouco aprofundado. Eu esperei bem mais dessa leitura. Para mim, não trouxe novidade, nada que eu já não tivesse lido de outras autores e filósofas. É bastante introdutório, então para quem quer começar a ler/conhecer sobre o assunto, é perfeito.
"Somos fortes porque o Estado é omisso, porque precisamos enfrentar uma realidade violenta. Internalizar a guerreira, na verdade, pode ser mais uma forma de morrer. Reconhecer as fragilidades, dores e saber pedir ajuda são formas de restituir as humanidades negadas. Nem subalterna, nem guerreira natural: humana."
"A pessoa achar que machismo não existe não muda o fato de que a cada cinco minutos uma mulher é agredida no Brasil."
"Não existe racismo de negros contra brancos ou, como gostam de chamar, o tão famigerado racismo reverso. Primeiro, é necessário se ater aos conceitos. Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder. Negros não possuem poder institucional para ser racistas."
"Um garoto negro pobre que estuda nas péssimas escolas públicas, come mal e não tem acesso a lazer terá mais dificuldades para passar em uma universidade, porque não teve as mesmas oportunidades. Cota não diz respeito a capacidade, porque isso sabemos que temos; cota diz respeito a oportunidade. É isso que nos falta."
"Criam categorias como 'literatura feminina', assuntos 'para mulheres'. A literatura produzida por eles é tida como universal, enquanto a feita por mulheres é 'literatura feminina'. Alguém já ouviu falar em literatura masculina? Essas subcategorias são criadas para hierarquizar arte e conhecimento. Julgam que falam do universo enquanto nós falamos do específico, do ‘nosso mundo’, quando é justamente o contrário."
"Ninguém fala do racismo por ser gostoso ou por não ter mais nada para fazer na vida. Ninguém gosta de bater na mesma tecla, mas a sociedade não dá outra opção."