Lucas1429 09/02/2024
Oswald livre
Reminiscente do movimento modernista que eclodira no Brasil no início dos anos 20, o Caderno, datado de I927, feito à mão e dedicado à Tarsila do Amaral, esposa do autor à época, resume o consenso do verso livre, tão comumente ao período, longe de restrições artísticas. Oswald de Andrade ao lançar mão do manifesto antropofágico no ano seguinte, versaria ao identitarismo nacional, num patriotismo em formato de arte reflexiva.
Com um olhar pueril, o Caderno é como que pautado por um infante. Ele vai se ater ao folclore, ao academicismo, ao governo do Brasil; de suas mãos imaturas e irônicas vocaliza uma grafia leve, de voz e personalidade próprias.
A complexidade da obra, de poucas páginas, tem pretexto: uma vanguarda que redefiniria nossa historiografia enquanto cultura ante o estrangeirismo, vide as tantas estrofes de ritmo particular para datar a inserção das diversas etnias brasileiras e moldar-nos como este "carnaval". Os desenhos, "auto ilustrações" de Oswald, graciosos, o projeto gráfico de Tarsila e a métrica teimosa, é felicidade atemporal.
A edição é um fac-similar do exemplar tecido para Tarsila em 27, tipografado em moderadas edições, e hoje mantido sob o Itaú Cultural em São Paulo.