Camilla Cardoso 29/04/2020
Não se poupe da leitura!
A obra, fruto do amplo conhecimento sobre educação financeira da escritora Nathalia Arcuri, carrega dicas valiosas para o bom uso do dinheiro a curto e médio prazo.
É inegável o valor pratico de cada dica preciosa apresentada pela escritora, no entanto, já na leitura do terceiro capítulo observei que ela se detém à ideia de que “todas as pessoas são levadas por desejos impulsivos de compra” mas no fundo, não precisam ser assim.
Usa-se a todo momento como parâmetro de espelho para esclarecer melhor seus argumentos. Apresenta a linguagem mais didática que existe para falar sobre termos financeiros e questões de mercado que costumam ser encaradas como bicho-papão na sociedade.
Ao tempo que essa tática facilita a leitura e aproxima certos tipos de leitores, de imediato ela afasta um leitor um pouco mais crítico, a medida que um elemento chave parece faltar em alguns momentos da obra: SUBJETIVIDADE dos sujeitos envolvidos.
Ela parte sempre do pressuposto que todos compram para responder alguma expectativa social, para se sentirem incluídos, seguir a manada. No entanto, o ato de comprar para agradar a si mesmo, é descartado de sua obra. E neste comprar eu me refiro a comprar um belo vestido, por exemplo. A ideia de estar lindamente vestida, e de ser algo para agradar a si mesmo e não aos outros foge um pouco da mente da escritora. Muita gente já usa o F do foda-se para quase tudo na vida e ainda assim tem desejos de comprar não impulsionados pelo contexto forçado da sociedade.
Não que eu esteja defendendo o descontrole financeiro. Jamais!
Contudo, é válido mencionar que nem todo mundo vai se sentir bem usando roupas usadas, velhas, largas, feitas por si mesmo, não é verdade? E o sentimento interno dessa pessoa deve ser esmagado em nome do “isso é fútil!” quando na verdade, para aquela pessoa, não se trata de futilidade.
Outras questões que foram minimizadas pela escritora é o fato de ser filha de engenheiro civil e mãe psicologa. Ela tenta transparecer que isso não significa muito, mas no pais em que vivemos, uma família com os dois pais formados significa muita coisa. A frente ainda mostra que ganhou o primeiro carro de uma tia, oras, é um belo passo inicial, não?
Diante disso, nem todo mundo vai alcançar o primeiro milhão aos 35 anos, simplesmente porque começou a poupar aos 7 anos. Muitas sacadas de sorte também estiveram ao lado dela, a começar, pela família que nasceu, que embora não fosse rica, lhe garantia muito mais conforto que a realidade dos brasileiros.
Apesar dessa questão específica, a obra tem enorme valor para a vida de qualquer pessoa que sinta a necessidade de tomar um solavanco e acordar para a vida.
A leitura é bastante fluida, o livro não é extenso, é muito objetivo e parece mais um bate-papo com uma amiga de longa data com vasta experiência, aberta a compartilhar cada uma delas com você, em prol de melhorar a sua vida e a dela também.
Se é uma leitura a ser recomendada? COM CERTEZA vale muito a pena ler a obra de Arcuri. Principalmente para quem é iniciante no universo da educação financeira. Boa leitura!!!