Nath @biscoito.esperto 06/12/2018 Eu não sabia nada sobre A Princesa Prometida, exceto por aquela famosa frase: “Olá. Meu nome é Inigo Montoya. Você matou meu pai. Prepare-se para morrer”.
O livro começa quando o próprio autor, William Goldman, nos conta sobre quando ficou muito doente na infância e seu pai leu para ele o livro A Princesa Prometida, que conta a história do seu país de origem, Florin. O livro era uma história muito louca cheia de esgrima, lutas, tortura, amor verdadeiro, vingança, gigantes, caçadores, belas mulheres, homens bons e maus, animais bestiais terríveis, segredos, conspirações, magia, milagres e mais (o autor faz uma lista no início do livro).
William ficou melhor, cresceu, se casou, teve um filho e, quando seu menino tinha mais ou menos a mesma idade que ele tinha quando ouviu A Princesa Prometida do pai, ele decidiu dar o livro de presente pro garoto. O problema é que o livro é um tomo histórico gigantesco e raro, e ele teve que se lascar muito para conseguir um exemplar. Pior: quando o livro chegou, ele descobriu que seu pai havia lido apenas as partes boas do livro, e que o original era um livro de história enfadonho e nada interessante.
Ultrajado, o autor decide pegar o livro original e transformá-lo no exemplar de A Princesa Prometida que temos hoje, que é um resumo da história, contendo só as partes boas (com todas as coisas que eu listei ali em cima, e mais).
A Princesa Prometida é Buttercup, uma plebeia que era a mulher mais linda do mundo em sua época. Ela se apaixona perdidamente por Westley, um ajudante que trabalhava na humilde fazenda dos pais de Buttercup. Eis que ele decide sair de Florin e viajar para a América, recém descoberta, e promete voltar para buscar Buttercup.
O problema é que Westley morre na viajem. Buttercup cai numa terrível depressão, mas o príncipe de Florin, Humperdink, conhecido como o melhor caçador do mndo, decide que Buttercup é bela demais e que ela deve ser sua futura rainha. Buttercup aceita se casar com o príncipe, já que pensa que sua vida não faz mais sentido.
Tudo parece correr bem. Buttercup não está feliz, mas sabe que a vida de rainha será confortável, e Humperdink é gentil. Eis que, no dia em que ela vai ser apresentada ao reino como noiva prometida de Humperdink, três homens misteriosos a sequestram. Esses homens são Vizzini, um siciliano genial e cruel; Inigo, o mais habilidoso espadachim do mundo, e Fezzik, um gigante que é o homem mais forte que existe.
Enquanto Humperdink caça os três sequestradores, uma outra pessoa entra na jogada. Tão inteligente quanto Vizzini, espadachim habilidoso páreo a Inigo e forte e obstinado como Fezzik, o Homem de Preto também quer sequestrar Buttercup.
Esse é só o início desse livro. Ele tem mais de 400 páginas de reviravoltas, mortes, traições e revelações. Mas o livro não é uma história épica de aventura. Na verdade, é quase como uma esquete cômica do Monty Python.
Primeiro de tudo, quero que o leitor dessa resenha fique tranquilo. A Princesa Prometida não é uma história real, pois Florin nem existe, a família toda do Goldman é dos Estados Unidos e ele sequer teve um filho, mas sim duas meninas. Tudo é invenção. A questão é que A Princesa Prometida ser um livro de história dentro do mundo do livro é muito importante, mesmo que eu não tenha percebido isso a princípio.
O livro é muito divertido. O ritmo é alucinante, a todo momento o cenário muda e novos perigos e aventuras aparecem para os nossos personagens.
O mais interessante é que, mesmo que o autor tenha propositalmente escrito suas personagens para que elas fossem clichês, elas passam longe disso.
Buttercup é a mulher mais linda do mundo, mas ela também é uma moça cheia de força de vontade que não tem medo de brigar por seus direitos e por sua vida, mesmo ela sendo bem caipira (ela é da roça). Inigo é o melhor espadachim do mundo, mas também é um rapaz ferido pelo assassinato do pai, e que busca vingança a todo custo enquanto se abriga na bebida. Fezzik é um gigante e o homem mais forte do mundo, mas ele adora rimas e é bom com crianças. E assim por diante. Todas as personagens desse livro, até as mais secundárias, eram interessantes e cheias de nuances.
É raro que um livro tenha uma boa história ao mesmo tempo em que suas personagens são bem desenvolvidas. Alguns livros se apoiam em um roteiro alucinante e deixam as personagens de lado, ou desenvolvem bem as personagens e seus relacionamentos, criando uma trama mais simples, mas A Princesa Prometida consegue unir um roteiro intrincado com personagens redondas, e entrega uma história completa.
O problema para mim, e que foi algo que pesou muito, é que o livro é mais longo do que deveria ser. Depois do fim da história nós temo 50 páginas de posfácio e conteúdo extra, que não acrescenta quase nada à história e deixa a leitura enfadonha. Eu estava adorando o livro, mas a história de A Princesa Prometida acabou e eu ainda precisei ler mais de 50 páginas do autor falando dele, dos contratos que ele teve que assinar para resumir o livro (todos falsos, já que o livro é criação dele) e da família fictícia que ele criou. Devo admitir, ao menos, que o momento mais chocante do livro todo estava num dos posfácios, e tem a ver com Stephen King.
Eu gostei do livro, apesar de ter demorado um pouco para lê-lo. Demorei dois meses inteiros (se bem que eu lia ele bem de vez em quando), mas foi um tempo muito bem gasto. Mal posso esperar para ver o filme, que até Oscar de melhor roteiro adaptado ganhou (nenhuma surpresa, o próprio autor escreveu o roteiro do filme pois, adivinha, ele era roteirista. E essa parte nem é invenção).
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